Capítulo 12

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— Como o dia e a noite".

As palavras repetiam-se em uma seqüência melódica na mente de Anastasia, enquanto rodopiava na sala de estar, exibindo o extraordinário trabalho artesanal de Lizzie Shaw para Tibby, Hoskins e os outros criados.

— A senhorita parece uma princesa ou uma duquesa! — Violet, a copeira, esgoelou-se ao falar.

Era verdade. Anastasia nunca se sentira como uma princesa. Pelo menos, da maneira como imaginava que uma filha de um rei poderia sentir-se. Embora as sensações de alegria e animação que lhe borbulhavam nas veias e a faziam flutuar deviam ser bem superiores a tudo o que uma princesa de verdade poderia experimentar. Uma lady que ocupasse um nível social tão elevado tinha garantidos o privilégio e a posição. Não precisava ficar eufórica por isso.

Para Anastasia, aquela noite seria a coroação de todas as mais belas fantasias que uma jovem poderia ter.

O sr. Hoskins sorria, exultante, diante da confecção de seda e rendas que se entrelaçavam em azul e dourado.

— Uma condessa, Violet, seria melhor dizer — ele corrigiu a criada. — A nossa srta. Anastasia um dia se tornará a condessa de Welland.

Embora admitisse que o mordomo dissera aquilo para agradá-la as palavras dele inflaram as ilusões de Anastasia. O baile de máscaras daquela noite em Helmhurst seria como um conto de fadas que se tornava realidade. Mas o final não seria "felizes para sempre" com a gata borralheira nos braços do príncipe... ou melhor, do barão.

— Se querem saber — Tibby anunciou, com os braços cruzados na altura do busto achatado e os olhos estreitados como fendas. — Ela vai resfriar-se com essa imitação de corpete fino demais e ridículo. O que a sra. Shaw estava pensando quando o fez?

— Tibby? — Anastasia mal podia acreditar no que ouvia. — Estamos em uma noite de pleno verão. Se eu usasse alguma coisa mais pesada, certamente viraria um assado.

Mas a reprimenda de Tibby não seria facilmente esquecida.

O traje de Dama do Dia deixava exposta uma grande parte dos ombros e do busto. Anastasia não se incomodava de mostrar-se provocante para a maioria dos convidados do conde.

Contanto que Christian aprovasse. Desde a noite em que ele a resgatara da fúria do sr. Shaw, Anastasia começara a notar-lhe uma percepção crescente dela como mulher.

Na semana anterior, quando Christian a ajudara a vestir o manto, as mãos dele tremiam ao tocar-lhe os ombros. Com frequência, quando se posicionava atrás dela na torre e ensinava-lhe as maravilhas da abóbada celeste, Anastasia ouvia a respiração acelerada de seu noivo ou u pequeno gemido involuntário. A maneira como Christian olhava traía uma curiosa fascinação. A de um jovem Q se extasiava com a primeira mulher de sua vida.

— Minha máscara está direita? — Anastasia perguntou feliz pela proteção de suas ingénuas feições.

As atenções sutis, mas significativas, com que Christian a brindava ultimamente, faziam-na corar com intensidade

— Para mim, está maravilhoso. — Violet virou a cabeça de lado. — Nunca vi vestido mais lindo. Foi feito com ouro de verdade?

Anastasia não chegou a responder que se tratava de papier-mâché dourado. Tibby interveio, fungando.

— Um grande absurdo, se querem saber. Onde já se ouviu falar em baile ao relento? E todos os convidados usando máscaras como salteadores? Deus será testemunha da gentalha que vai se esgueirar sorrateiramente para dentro da festa!

Lord Christian GreyWhere stories live. Discover now