— O que deseja de mim? — Miles Steele estreitou os olhos dentro do gabinete pouco iluminado que o diretor do colégio interno liberara a pedido de Christian. — E quem é o senhor? Não fora apenas na véspera que ele tinha sido questionado pela irmã do garoto com o mesmo tipo de pergunta em Netherstowe? Suas emoções, sempre tão contidas, haviam sido empurradas e puxadas em tantas direções que Christian tinha a impressão de que já se passara uma quinzena.
— Lorde Grey de Helmhurst — Christian apresentou-se. — Um vizinho de seu tio.
O rapaz arregalou os olhos. Era um garoto bonito, alto para a idade e com os mesmos cabelos loiros da irmã.
— O que o traz ao meu colégio, milorde? Aconteceu alguma coisa com Anastasia?
Talvez não o tipo de calamidade que Miles temia.
— Sua irmã se encontra perfeitamente bem, se é o que está querendo saber. Entretanto aconteceu algo que pode beneficiar a ambos. Pelo menos, assim espero. — Como de hábito, Christian escolheu as palavras com cuidado. Não pretendia falar de casamento. — A srta. Anastasia e eu ficamos noivos ontem.
— Milorde só pode estar brincando.
Christian desconfiou de que a falta de cortesia era motivada pelo choque da novidade.
O jovem Steele deveria aprender a controlar melhor a língua, se pretendia ser bem-sucedido no Exército.
— O que o faz pensar que estou brincando, meu jovem?
— Bem... é que... — O rapazinho esforçou-se para remediar a falta. — Eu não sabia que milorde e Anastasia se conheciam... tão bem.
— Nos últimos anos, sua irmã tem visitado meu avô em Helmhurst com regularidade.
O garoto encolheu os ombros.
— Ela nunca mencionou tê-lo conhecido durante aquelas visitas.
As dúvidas implícitas sobre uma ligação entre ele e Anastasia suscitaram uma irritação na mente de Christian.
— Sua irmã sempre faz comentários a respeito de quem ela conhece?
O jovem pensou por um bom tempo, antes de responder.
— Claro que não.
— Bem, então chega — Christian atalhou em tom ríspido. — Eu lhe asseguro que estamos noivos. Pode confirmar o fato com sua irmã, quando melhor lhe aprouver.
Lorde Grey virou-se para dar a impressão de que alguma coisa lhe chamara a atenção na sala do diretor abarrotada de livros espalhados. Na verdade, Christian sentiu-se perturbado com o olhar direto de Miles Steele para a máscara. Gostaria de esconder-se da mesma forma como escondia a vista ferida da luz do sol inclemente.
— Seu período letivo neste colégio está terminando — Christian continuou. — Eu fiquei sabendo da sua vontade de fazer parte do velho regimento de seu pai, quando houvesse concluído o curso.
— O ° Regimento de Cavalaria Ligeira. — Em sua
impaciência, o garoto parecia ter esquecido sua surpresa respeito do compromisso súbito da irmã e de suas reservas quanto a lorde Grey. — Mas se eu conseguisse convencer tio Bulwick a comprar-me uma patente. Contudo ele prefere que eu continue na cidade.
Miles Steele torceu o nariz bem-feito, como se pudesse sentir o cheiro das fossas de drenagem do leste de Londres.
Christian gostaria de que o rapaz não o recordasse tanto de si próprio quando mais jovem.
— Entretanto a sua preferência recai sobre uma viagem até a índia, cavalgar, jogar pólo ou caçar javalis.
— Milorde, sei que há muito mais do que isso. — A fisionomia do rapaz irradiava entusiasmo pela vida militar. — Meu pai morreu em Laswaree, quando eu tinha quatro anos. Ainda me lembro de como ele parecia magnífico em seu uniforme e como costumava levantar-me na sela para darmos um passeio.
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Lord Christian Grey
FanfictionPODERIA ELA DERROTAR A ESCURIDÃO E TRAZÊ-LO DE VOLTA À VIDA? Lorde Christian Grey voltara da guerra com o rosto desfigurado por causa de um tiro e decidira viver em reclusão. Mas ao saber que seu avô estava à beira da morte, propõe um noivado fictíc...