11. As Verdadeiras Baladas Narnianas

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Quanto mais caminhavam, mais e mais a primavera se mostrava presente. Havia flores por todos os lados e as dríades vinham fazer festa para os humanos com lufadas de cheiros florais e pétalas esvoaçantes.

Em algum ponto, as tranças de glicínias de Clarissa e Lúcia se soltaram com a brisa.

O colorido ensolarado era um descanso para as almas de todos, que foram recebidos no acampamento de Aslam pelo soar solene e alegre de uma trombeta.

Um mar de tendas vermelhas, verdes e douradas se estendia até onde a vista alcançava com diversos estandartes dançando ao vento. Estandartes vermelhos e dourados, com o Grande Leão rugindo como no escudo de Pedro.

Junto do clangor de armas, também podia ser ouvido o trinar de flautas e a melodia de harpas e junto com o cheiro de grama e metal fundido, vinha um cheiro delicioso de ensopado que fez os estômagos de todos roncarem.

Uma última dríade de pétalas cor de rosa passou brincando com os cabelos de Clarissa e Lúcia, que gargalharam antes de acenar.

Os mais velhos se entreolharam quase não acreditando na paisagem gloriosa diante deles. Haviam visto muita coisa em seu curto tempo em Nárnia, e ainda assim ficavam maravilhados com cada nova amostra da magia indescritível do lugar.

As menores estavam encantadas de um jeito diferente. Era como se Nárnia fosse a concretização de tudo aquilo que sua imaginação já criara e mais. Como se as duas tivessem nascido para aquele momento.

Conforme avançavam acampamento adentro, recebiam olhares boquiabertos e solenes. Olhares de pessoas que só tinham esperança da boca para fora. Olhares de quem havia reencontrado a própria fé.

Ora, e não é isso o que acontece com todos nós quando passamos por um período muito difícil? Nossa fé passa a ser da boca pra fora, porque no fundo do coração não acreditamos de verdade que as coisas vão melhorar até que acontece um milagre.

Pois os narnianos conheciam muito bem esse sentimento, e bem diante deles estava seu milagre. E porque havia-lhes sido devolvida a fé, seguiam os humanos como os seguiriam para batalha e para vitória ou derrota. Seguiam seus milagres.

- Por que estão olhando pra nós? – perguntou Susana com um sorriso sem graça.

- Talvez achem você engraçada. – Lúcia respondeu com um sorrisinho de moleca arrancando risos de todos.

- Talvez achem a Sofia bonita. – brincou Pedro logo antes de ficar da cor de um tomate.

- Claro que acham a Sof bonita. Ela se parece comigo afinal de contas. – disse Clarissa espertinha.

- Eu concordo com a Lúcia. Eles acham a Susana engraçada. – falou Sofia sabendo que todos podiam ver o rubor em suas bochechas.

- Uma de nós tem que ser, porque você com certeza não é. – Susana disse em defesa própria esbarrando de leve no ombro da amiga, que riu junto com ela.

Continuaram avançando acampamento adentro, Sra. Castor tentando pentear o próprio pelo desesperadamente diante de tantos olhares.

- Ei! Deixe de bobagem. – repreendeu o Sr. Castor. – Você está linda!

Quando finalmente chegaram diante da tenda principal, foram recebidos pelo olhar de escrutínio de um majestoso e imponente centauro.

Pedro tomou a frente e desembainhou a própria espada a levantando à frente, talvez em uma tentativa de se sentir mais confiante e parecer tão imponente quanto o centauro.

- Nós viemos para ver Aslam. – declarou o Pevensie aliviado que sua voz não tremera.

Após um segundo de silêncio, a resposta do centauro foi olhar para a entrada da grande tenda vermelha e amarela com lindos bordados dourados.

𝒜𝓈 ℛℯ𝒹𝒻𝒾ℯ𝓁𝒹: O Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن