4. Sofia Vai A Nárnia

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Edmundo e Pedro afastaram o guarda-roupas da parede. Susana abriu as portas e afastou os casacos, batendo no fundo do móvel por dentro, enquanto Edmundo batia por fora para atestar sua solidez.

Sofia olhava bem a parede, no fundo torcendo para achar algum tipo de passagem secreta. Conhecia Clarissa bem demais para achar que a irmãzinha algum dia mentiria. Sendo criadas por Polly Plummer, ambas as Redfield desenvolveram ódio por mentiras.

— Meninas, a única madeira aqui é a do guarda-roupa. – falou Susana, preocupada que as crianças estivessem loucas.

O coração de Sofia afundou pelo simples fato de que sabia que sua irmãzinha jamais contaria uma história absurda daquelas. Clarissa era muito criativa, mas até a criatividade dela tinha limites.

— Um jogo de cada vez, garotas. – Pedro disse tentando soar compreensivo. – Não temos tanta imaginação.

Os três Pevensies mais velhos começaram a se afastar e sair, enquanto Sofia ficou para segurar Clarissa, que seria bem capaz de surtar naquele momento.

— NÃO FOI MINHA IMAGINAÇÃO! – Lúcia gritou de repente quando os irmãos já estavam na porta.

— Já chega, Lúcia! – ralhou Susana virando-se para a pequena.

— EU NÃO MENTIRIA SOBRE ISSO! – Lúcia tornou a gritar.

— Eu acredito. – Edmundo deu um passo para perto da irmã caçula.

Naquela hora Sofia teve absoluta certeza de que Edmundo era um belo de um pirralho impertinente e que estava aprontando alguma para chatear as meninas ainda mais. Sofia também resolveu consigo mesma que se Clarissa resolvesse meter um belo murro na fuça do menino, não a seguraria.

— Acredita? – Lúcia perguntou desconfiada.

— É claro! – exclamou Edmundo e assumiu uma expressão da mais pura maldade infantil. – Não contei do campo de futebol nos armários do banheiro?

E foi quando Sofia ficou realmente preocupada, pelo simples fato de que em vez de atacar Edmundo com a força da sua raiva, Clarissa simplesmente abraçou a irmã, escondeu o rosto em sua barriga e soltou o que soou como um soluço estrangulado. A Redfield mais velha lançou um olhar mortal a Edmundo. Ninguém fazia Clarissa chorar. Nunca.

— Ah, você quer parar com isso? – pediu Pedro, já de saco cheio do comportamento mesquinho do irmão. – Adora piorar as coisas, não é?

— Foi só uma piada! – o menino se defendeu.

— Quando você vai amadurecer? – perguntou Pedro com um certo ar de superioridade que, Sofia tinha certeza, não ajudaria em nada.

— CALA A BOCA! – gritou Edmundo peitando Pedro como se fosse uma grande ameaça. – VOCÊ ACHA QUE É O PAPAI, MAS NÃO É!

O menino saiu a passos duros e Susana, que se sentia o controle de danos, lançou um olhar decepcionado a Pedro.

— Ajudou muito sua atitude. – ela declarou antes de ir atrás de Edmundo.

Foi um daqueles momentos, e Sofia já passara por mais deles do que gostaria de pensar a respeito, em que tudo parecia a um fio de desmoronar.

— Mas... – Lúcia começou visivelmente magoada, e se sentindo um pouco culpada por toda aquela confusão. – Nós... Estivemos mesmo lá.

— Susana tem razão, Lúcia. Agora já chega. – Pedro falou com um olhar muito cansado e muito decepcionado antes de sair também.

E Lúcia se afundou tanto em sua tristeza que até esqueceu que Sofia e Clarissa ainda estavam ali. A Pevensie mais nova fechou o guarda-roupas como se tivesse sido traída pelo mesmo. Como se fosse o fim de um sonho.

𝒜𝓈 ℛℯ𝒹𝒻𝒾ℯ𝓁𝒹: O Leão, A Feiticeira e O Guarda-RoupaWhere stories live. Discover now