13. Magia Ainda Mais Profunda de Antes Da Aurora do Tempo

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Não foi preciso procurar muito para que vissem para onde Aslam ia. Primeiro viram o brilho de tochas na distância e pensaram que talvez houvessem dado a volta e retornado ao acampamento, mas perceberam que não era nada daquilo quando ouviram os sons, como se montes de animais selvagens fizessem alguma festa.

As quatro se abaixaram atrás de uma moita e viram uma miscelânia de criaturas fiéis à Feiticeira reunidas ao redor de um grande bloco de pedra lapidada que ficava diante de um pórtico que dava para lugar nenhum exceto a noite escura.

Aslam subia os degraus até a Mesa de Pedra e a multidão de criaturas se dividia para que ele passasse. Ele parecia tão fora de lugar ali que as meninas simplesmente não conseguiam desviar os olhos. Era como se Aslam fosse uma fonte de luz num mar de escuridão.

E enquanto o Grande Leão não apresentava qualquer sinal de agressividade – parecia quase completamente manso –, ainda assim as criaturas pareciam temê-lo.

Por um momento, a atenção das meninas foi para a Feiticeira, vestida de preto e em pé sobre a Mesa de Pedra, segurando uma faca de pedra negra em suas mãos.

– Observem. – disse ela antes de soltar com desdém: – O Grande Leão.

Aslam permaneceu parado enquanto o anão Ginabrik e o general Otmin, o minotauro, se aproximavam armados e ameaçadores. Tinham medo de Aslam, sim, mas também tinham medo de sua mestra.

Otmin cutucou o lado de Aslam com a ponta de seu machado. O leão rosnou baixo em desconforto, mas permaneceu pacífico e mudo. O general olhou brevemente para sua mestra antes de, com uma violência desnecessária, acertar Aslam com o cabo do machado, o derrubando de lado.

As meninas alcançaram as mãos umas das outras enquanto os seguidores da Feiticeira comemoravam. No fundo, elas todas aguardavam o momento em que Aslam iria se levantar rugindo e acabar com todos eles.

Esse momento nunca veio. O Grande Leão continuou ali deitado, compassivo.

– Por que ele não reage?! – murmurou Lúcia indignada.

– Talvez ele queira que o subestimem, assim quando ele reagir vão todos se assustar. – disse Clarissa, e nunca esteve tão errada.

– Amarrem o animal! – mandou a Feiticeira.

Com uma coragem que não existia alguns segundos atrás, as criaturas surgiram com cordas negras e amarraram Aslam com uma brutalidade de rasgar o coração.

– Oh, eu não posso olhar! Simplesmente não posso! – soluçou Sofia com os olhos marejados e fazendo seu melhor para não chorar, cobrindo o rosto com as mãos.

Qualquer capacidade que a Redfield mais velha tivesse de impedir a si mesma de olhar se foi quando a Feiticeira falou novamente:

– ESPEREM! Tirem todo o pelo dele.

Ginabrik se aproximou em passos rápidos desembainhando sua adaga, e sem o menor cuidado arrancou um chumaço da resplandecente juba dourada de Aslam. A multidão comemorou e o anão jogou os fios dourados para o alto.

Punhais, adagas e tesouras apareceram, fazendo um zip-zip insistente, e a cada mecha dourada que caia no chão, mais as meninas choravam. Susana desviou o rosto.

– Podem trazê-lo a mim! – ordenou a Feiticeira ao ver que a maior parte da juba de Aslam se fora.

Brutamente, violentamente, o Grande Leão foi arrastado por suas amarras para cima da Mesa de Pedra enquanto as criaturas o xingavam, zombavam, riam e cuspiam nele. Pequenos rastros de sangue ficaram no chão de pedra, vindos dos machucados causados pelas criaturas ao cortar a juba do leão.

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⏰ Última atualização: Aug 04, 2021 ⏰

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𝒜𝓈 ℛℯ𝒹𝒻𝒾ℯ𝓁𝒹: O Leão, A Feiticeira e O Guarda-RoupaOnde histórias criam vida. Descubra agora