-O seu talento não era valorizado! -se defende. -Foi você quem acabou com a Maré, só dei algumas pistas!
-Pistas que qualquer um poderia usar para derrubar eles... -sussurra, levemente desapontada. -E de quebra ainda sabia exatamente o que acontecia na minha vida!
-Olha...-ela suspirou, com pesar.
-Eu não te odeio por isso. -murmura Lizzie, sabendo exatamente o que se passava na cabeça da outra. -Não vou sair por ai achando que a minha vida foi uma mentira, e desacreditando do meu potencial. Você e o general mentiram, e tiveram os seus motivos.
-Se não está feliz, ou me odeia, então o que exatamente posso esperar de você? -indaga, confusa.
Reyza tinha ensaiando anos de respostas paras as duas possibilidades, ser amada ou odiada, mas nenhuma delas incluia os sentimentos nulos de Elisabeth.
-Nem eu sei...-deu de ombros. -Só o tempo dirá...porque estamos claramente em times opostos, então saiba que não vou exitar antes de te caçar.
As portas de madeira da sala foram abertas com brutalidade, e a figura já conhecida de Oliver adentrou com passos apressados. A arma estava rente ao corpo, e a sua expressão era a mesma que Elisabeth recordava, tipica de alguém que estava preocupado.
-Senhora! Temos problemas! -murmura ofegante.
A russa de olhos azuis encarou o homem, e pediu pra que ele continuasse.
-Estámos sob ataque! A equipe dela achou o...
-Preparem o plano de contingência!-interrompe Reyza. -Cinco soldados enrolam eles e...-encarou Becker. -Carnegie disse que você é uma mulher esperta...só preciso de uma hora com você...e depois disso...poderá tomar a sua decisão quanto à mim.
Lizzie não respondeu, porque Carnegie tomou a frente.
-Mas não agora! Nós temos que ir!
-E eu vou ficar. -decide Elisabeth.
Oliver tentou contestar, mas a agente negou com a cabeça.
-Eles não vão desconfiar de nada! -ela caminhou até a cadeira mais próxima e sentou.
Aos poucos, ela foi retirando as roupas sobre o olhar confuso e estranho de todo mundo naquela sala. Precisava se desfazer das roupas de guarda para não ter que inventar mais desculpas que explicassem os trajes. Quando terminou, encarou o trio a sua frente:
-Vão ficar olhando? -ergueu uma sobrancelha.
-O que vai...? -Oliver estava perdido.
-Carnegie, acho que você vai poder devolver aquele soco. -cantarola.
A russa sorriu de lado, entendendo a idéia.
-Oliver, prenda as mãos dela. -comanda Reyza, compreendendo o que estava prestes a acontecer. -E por favor, arrume uma roupa pra ela! Rápido!
O homem despertou do transe momentâneo e se pôs a fazer o que sua chefe tinha mandado, não exatamente na mesma ordem, mas conseguiu roupas para que Becker vestisse e cordas para amarrar os pulsos. Os tiros lá fora tinha começado a ficar mais audíveis.
-Toma. -Reyza estendeu uma faca na direção da russa.
Elisabeth analisou o rosto da mulher que dizia ser a sua mãe, e estranhou a mudança repentina que conseguiu observar dentro dos seus olhos. Não parecia a mesma pessoa que minutos atrás falava com calma e um certo carinho.
-Socos não convencem. Facadas sim. -argumenta, quando viu as dúvidas de Carnegie.
(...)
Richard aproximou o algodão molhado do nariz de Elisabeth, como última e melhor alternativa para acorda-la e cuidar dos ferimentos. Eles tinham encontrado o corpo da mulher totalmente ferido, e amarrado à uma cadeira de madeira, e não havia alma naquele esconderijo que não temesse pela morte dela. Alguns porque se importavam, e outros porque simplesmente seria um momento realmente inadequado para lidar com um corpo. Mas Allan foi quem tranquilizou todo mundo e garantiu que a mulher já tinha passado por coisa piores, e ficaria bem. Collins não conseguia imaginar alguém passando por mais do que isso...ele esteve na guerra, viu coisas que outros não viram, mas jamais viu uma mulher ser tão agredida e muito menos resistir aos ferimentos. Elisabeth, e tudo o que envolvia ela era novo pra ele.
Em reflexo ao cheiro forte do produto, a mulher enrrugou levemente o nariz e desviou as narinas do algodão. A testa franzida dela fez Richard soltar um riso nazalado, que parou quando os olhos azuis começaram à aparecer pelas pálpebras.
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Agent Becker 2
RandomElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista...bom, essa parte todo mundo conhece, não é? Depois de pedir demissão do emprego que passou tanto tempo tentando preservar, Elisabeth se vê livre para traçar novos rumos à sua vida...
Capítulo 10
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