CAPÍTULO 20

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AMARE BETTENCOURT

— Não me chame de vovó! — Exclamou, batendo no meu braço com um leque. — Eu tenho idade para ser tua irmã. — ditou, o que me fez desviar o olhar, não concordando muito com isso...

— É... veio nos visitar? — Questiono e ela suspira, olhando em volta e batendo o leque na palma da mão.

— Sim. Estava um tédio na França e decidi mudar de ares. — Falou, sorrindo levemente, e me olhando de cima abaixo. — Onde estava que chegou em casa à essa hora? — engulo em seco, pensando em uma rápida desculpa.

— Eu... fui no mercado. — Falo e ela pousa as mãos na cintura, sorrindo.

— Eu cheguei ontem às dez da noite. — Falou, o que me fez engolir em seco. — Todo arrumado... dois perfumes diferentes... Quem é o rapaz? — Questionou, me fazendo arregalar os olhos.

— Vó... não tem nenhum...

— Não insulte minha indiscutível intuição, querido neto. Sei avistar e reconhecer um olhar apaixonado de longe. Anda, diga de uma vez. — Suspiro, não vendo saída. Era impossível esconder algo dessa mulher!

— É um homem... diferente... — Insinuo, não sabendo como explicar para ela. Ai, eu estava morto!

— Diferente como? Pobre? — Questionou, arqueando uma sobrancelha. Reviro os olhos, negando.

— Não. — Ela suspirou, sorrindo.

— Oh, menos mal. Já tem um ponto positivo. O que mais? Mora no Leblon, Copacabana...? É de outro país? — Questionou, gesticulando e carregando seu indispensável sotaque francês que me fez sorri.

— Na verdade... ele é do morro. — Ela me olhou confusa.

— Como assim? Acho que não conheço esse lugar... É dos Estados Unidos, Inglaterra, Itália...? — Eu ri, negando.

— Não, vó. Ele é do Morro do alemão, também conhecida como comunidade ou favela, enfim. — Explico, vendo ela endireitar o corpo, ficando mais séria.

— Como alguém pode ser rico e morar em uma favela? — Mordo o lábio inferior, não precisando falar, pois logo ela entendeu. — Amare Bettencourt Del Avalon! Você está se envolvendo com um bandido?!

— E-eu... Bom... não é bem assim... — Tento falar, vendo ela pegar seu casaco de pele no cabideiro e o colocar em volta dos seus ombros.

— Quero conhecer este rapaz. — Falou, me deixando mais assustado ainda.

— O quê?! Não, não! Vovó, eu acabei de chegar e não temos nada sério ainda...

— Não quero saber! — Exclamou, e novamente me olhou de cima abaixo, com um olhar de reprovação. — Ah, por obséquio! Vá trocar de roupas. Que deselegância usar a mesma roupa do dia anterior.

— Mas... vovó... — Ela novamente me bate com o leque, me fazendo gemer de dor.

— Vivian! Meu nome é Vivian. E se perguntarem, sou sua irmã. — Reviro os olhos. — Anda, vá vestir-se com algo mais elegante. — Suspiro, em completa desistência e subindo para o meu quarto.

Troco de roupa, vestindo um simples short curto e uma camisa preta básica. E logo desço para a sala, vendo minha avó me avaliar da cabeça aos pés.

— Isso é roupa, por acaso? — Questionou, me deixando confuso.

— Ué... e não é?

— Não para o filho de um policial requisitado e uma estilista famosa. Mas que seja! Não vamos a nenhum evento de gala mesmo, então eu vou permitir... — Ditou, já seguindo para a saída e eu a segui. Ela entrou no carro, na qual o motorista da casa dirige para onde queremos, mas nunca pedi para ele me levar pois poderia fofocar para os meus pais.

— Oi, Hugo! — Cumprimento, sorrindo nervoso e ele retribui o sorriso.

— Bom dia, Sr. Bettencourt. — Falou, abrindo a porta do carro para mim. Entro no veículo, ficando ao lado da minha avó.

— Precisamos mesmo? — Questiono, nervoso.

— Não insista, Amare! — Suspiro em desistência, e então o motorista seguiu para o morro com as ordens da minha avó.

Assim que chegamos, desço do carro, enquanto o motorista abria a porta para a minha avó.

— Oi, meninos! — Exclamo, acenando para os quatro na entrada do morro. Eles retribuíram, olhando curiosos para a minha avó, que desceu do carro olhando em volta, ajeitando o casaco nos ombros.

— Desculpa, Amare. Gente estranha precisa ser avisada ao chefe de que vai entrar no morro. — Fernando falou, e minha avó a encarou com um olhar cortante, com seu leque posto em mãos.

Ai não, vovó...

— Tenho que ser avisada?! Isso é ultrajante! Sabe quem eu sou, meu bom rapaz? É com seu patrão mesmo que eu quero falar. Com licença! — Ela passou pelos meninos, os deixando chocados e tentando pará-la.

— Meninos... deixa que eu me responsabilizo com o Matthew. É a minha avó, ela é meio... impulsiva. — Falo, vendo eles concordarem.

— Sua avó? Boa sorte, garoto. — Fernando falou e eu suspirei, correndo atrás da minha avó.

— Onde este homem mora? — Questionou, me encarando.

— Vovó...

— Vivian! Meu nome é Vivian, Amare. Ainda mais em público. — Reviro os olhos, suspirando.

— Certo, Vivian! — Enfatizo, ironicamente. — É melhor deixar ele em paz. Já disse que não é nada sério!

— Você se beijaram? — Assenti, envergonhado. — Beijo para mim é coisa séria. Foi começando com um beijo que tive sua mãe. — Reviro os olhos. Ela já estava exagerando, mas é melhor eu ficar na minha ou meu braço vai ficar roxo.

— Olá, Amare! — Logo avisto Granada se aproximar, sorrindo e olhando para a minha avó. — Olá, senhorita... Não é sempre que recebemos uma linda mulher aqui. — Falou, o que me fez arregalar os olhos. Minha avó sorriu, vendo Granada pegar sua mão e beijar o dorso, não parando de olhá-la. Ótimo!

— Vovó, a gente não ia ver o Matthew? — Questiono, agora preferindo ir até o Matthew do que ver minha avó sendo cantada.

— Não me chame de vovó! — Resmungou, me batendo novamente com o leque. — E você... como se chama? — Vovó questionou, olhando para o Granada.

— Granada, madame. Mas... — Ele se aproximou da minha avó, falando algo ao ouvido dela, que arregalou os olhos, surpresa.

— Oh... você é bem direto.

— E casado... — Forço uma tosse, falando baixinho.

— Bom, poderia me dizer onde se encontra um tal de Matthew...? — Minha avó pediu.

— Sou eu mesmo. O que deseja? — Ela se assustou, olhando para trás e vendo Matthew, o avaliando da cabeça aos pés.

Temos muito o que conversar, meu bom rapaz...

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora