Dreamer - Sonho 4

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DREAMER

O que será de mim? É com essa frase que começo minha história. Oi, sou o Matt e eu sou um dreamer. As palavras do Mestre ecoam em minha cabeça, se eu fosse humano, poderia dizer que estava me deixando sem dormir. Mas era quase isso. Minha mente estava se apagando, meus sonhos estavam sumindo e eu não fazia ideia de porque isso estava ocorrendo. Seria culpa do Mestre? Ou fui eu mesmo quem acabei fazendo com que isto acontecesse? Eu não tinha ideia do que estava acontecendo comigo. Eu teria que descobrir.

Não esperei um dia sequer após meu último sonho, logo na noite seguinte eu iria descobrir a causa do problema, e encontraria a solução. Mas eu precisava de que o Mestre estivesse ali também. Não posso fazer ele aparecer, e aliás, de onde ele surgiu? Eu teria que descobrir tudo isso o mais rápido possível.

Coloquei um traje apropriado e meu relógio “novo”, era um infantil, com desenho do batman. Deitei em minha cama e esperei o sono vir naturalmente, tentei me concentrar ao máximo no mestre e no que eu queria que acontecesse. Não demorou muito e eu dormi, estava na hora de agir.

Os dias de paz terminaram

Tudo balançava, não conseguia manter o equilíbrio, procurava algo para me segurar até que minha visão desembaraçasse. Dei dos passos para o lado e encontrei uma madeira, me agarrei com toda força para não cair. O chão balançou mais uma vez e parou. Junto, minha visão endireitou-se, me fazendo assim ver onde eu estava. Era um barco a vela, muito antigo, parecia ser espanhol pelas palavras escritas no timão, que estava a minha frente. Segurando-o havia um homem alto, usava roupas muito antigas e um chapeu azul com uma enorme pena que o enfeitava. Parecia ser um navio mercante que estava indo vender suas higuarias em algum outro continente. O deque estava vazio, apenas eu e o capitão, que ainda não havia me visto. Eu precisava saber onde estava o quanto antes, minha única opção era falar com o homem que comandava o navio.

Andei na direção da pequena escada que levava ao timão, eu via ao capitão e ao timão apenas de baixo, não conseguia ver nada a nossa frente. Subi o primeiro degrau e chamei pelo homem, sem resposta, dei mais um passo e chamei-o novamente, e mas uma vez não me respondeu. Subi o último degrau, cheguei ao seu lado, coloquei a mão em seu ombro e falei que eu estava ali como amigo, e que precisava de ajuda. Assim que terminei de falar, senti que o pescoço do capitão se virava em minha direção, lentamente, pensei estar tudo bem, até ver uma face conhecida. Sua aparência de velho era inconfundível, suas palavras voltaram a ecoar na minha mente, bombardeando meu subconsiente. Dei um passo para trás, eu estava muito assustado. O capitão falou com um tom irônico que eu precisava realmente de ajuda. Sua voz era inconfundível, não tinha como ser coincidência, seria possível que o Mestre pudesse invadir meus sonhos? Eu desci da escada, aquele homem que tanto me assusta tirou suas roupas antigas, ficando apenas com sua roupa de cientista. Virou-se para mim e disse para não ter medo. “Como não ter medo do homem que invade minha mente?”, Pensei. Subi junto a ele, queria ver o que ele estava tramando. Não conseguia dizer uma só palavra, minha voz travara. Esperei tanto por este momento e tudo o que consegui dizer foi “Como?”. O Mestre manteve muita calma e começou a me explicar que eu estava sofrendo perigo. Colocou a mão sobre meu ombro e apontou algo que eu ainda não havia visto, minha mancha mental. Ela estava praticamente igual a da útima vez. O Mestre me explicou que aquilo estava piorando, e que não era culpa minha, mas sim dos remédios que eu tomava para não sonhar. Ele me explicou que a cada dia que eu ingeria aquelas pilulas, uma parte de meu subconsiente se apagava, eu era uma “máquina de sonhar”, explicou ele. Minha espécie foi criada para viver nos sonhos, e não para evitá-los, se eu não sonhar, eu morro.

Algumas perguntas foram exclarecidas, mas ainda havia muitas que eu queria fazer ao Mestre, e pelo meu relógio, eu não tinha muito tempo, parece que o tempo estava passando rápido, até demais.

Perguntei novamente como ele conseguia invadir meus sonhos, ele hesitou um pouco para falar, mas após uma certa insistência minha, abriu o jogo.

O Mestre explicou que nós, dreamers, ao sermos enviados a Terra para aprender a controlar nossos poderes, ganhamos uma espécie de proteção, vinda direta de nossa terra natal. Disse também que estamos conectados, e que cada protetor era responsável por dois inicantes. Ao mesmo tempo em que percebeu que minha mente estava se apagando, deveria intervir e tentar me ajudar. Pensei se tudo isso era possível, mas não quis discordar dele, tudo fazia muito sentido para mim.

Eu tinha apenas alguns minutos, eu deveria saber tudo o que restava, mas não ia dar, e fui logo direto ao ponto. O Mestre não queria me falar sobre aquilo. Eu insisti. Não, de jeito nenhum, era apenas isso que eu ouvia. O Mestre dizia não poder falar, era proibido, segundo ele, cada dreamer deveria ser informado sobre a batalha final apenas uma vez, e se fosse descoberto que ele me ajudou, seria o fim para nós, antes mesmo da batalha. Perguntei se não havia outro meio de saber, ele disse que sim, mas era arriscado demais. Dane-se.

O Mestre contou que sua outra protegida, Anne, da minha idade, ainda não havia sido comunicada da batalha final. Na mesma hora eu entendi o plano. Ele tentaria trazer Anne para perto de mim, contaria a ela tudo sobre a batalha e a encarregaria de me informar os detalhes. Acabei descobrindo que dreamers conectados podem ter o mesmo sonho, mas sem perceberem, por isso Anne podia estar em algum lugar perto dali e eu nem sabia.

Olhei meu relógio e vi que o tempo estava se esgotando, eu tinha cerca de três minutos antes de acordar. Tudo estava esclarecido, era questão de dias para que a garota viesse a meu encontro. Eu não podia mas usar os remédios, e sabia, que se parasse, meu subconsiente voltaria ao normal e aquela mancha sumiria.

Trinta segundos apenas. Hora de acordar. Foi um sonho realmente tranquilo. Não tive nenhum problema. Mas tudo indica que da próxima vez seria diferente.

Dez segundos. Perguntei ao Mestre como era seu nome de verdade. Ele olhou bem para mim, deu um sorriso discreto e se virou.

Três segundos. Eu gritei para ele. Ele virou para mim e disse: Randy.

Um flash de minha infância passou na minha frente. Meu irmão estava vivo, de novo.

Eu acordei.

Dreamer-Mundo dos SonhosWhere stories live. Discover now