Capítulo 1

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Anabelle cantarolou enquanto mexia sua colher de pau em círculos. Apesar de se deixar levar pela cantoria, não descuidou dos movimentos repetitivos de suas mãos, se parasse de mover no sentido horário seria uma verdadeira tragédia grega e seu doce estaria queimado e por consequência arruinado. Por isso, ficou muitos minutos na mesma posição, só seguindo o ritmo contínuo. Para algumas pessoas cozinhar era enfadonho, mas para ela era uma dádiva. Cada doce que fazia era um ato de amor, uma energia de bondade a ser distribuída ao mundo. Poderia ser estranho seu jeito de pensar, mas acreditava naquilo.

Sua mãe entrou na cozinha e logo tratou de conferir como estava o quitute de sua filha. Pérola era a única que sabia de seu segredinho, e a apoiava, pois sabia que aquilo enchia o coração de sua filha de luz e a fazia ser alguém melhor. E tudo que uma mãe quer é ver seus filhos felizes. O dinheiro gasto com os ingredientes dos doces, não faria falta no final do mês, então não teria porque não apoiar o sonho de sua filha. E o melhor era que assim, ela poderia ir adquirindo experiência. A única condição que impôs foi que as notas não poderiam baixar por causa disso. Lazer era um privilégio para quem estava indo bem no colégio, e como todas as notas dela eram altas, Belle passava as tardes no fogão cozinhando. E claro que ela, como mãe, dava uma pequena experimentada para saber se estava tudo certo, e não porque tinha vontade comer aqueles doces maravilhosos.

– Mãe, deixa eu terminar de cozinhar o doce. Não vale apreciar antes de está pronto. - falou Belle, quando sua mãe pegou a colher e tirou uma prova do brigadeiro que estava sendo feito.

– Já experimentei e está maravilhoso! Depois que você tirar da panela e esfriar me chama, ajudarei a enrolar. - a mãe sorriu, enquanto degustava o resto do doce em sua colher.

– Você sempre sendo gentil e prestativa. Obrigada! - agradeceu sinceramente a sua mãe.

Ela continuou mexendo até o doce está no ponto certo. Assim que mexeu a colher e sentiu a textura ideal, desligou o fogão e continuou mexendo enquanto esfriava, pois nessa hora se esquecesse de mexer grudaria tudo no fundo, e nunca estava a fim de limpar panelas queimadas. Mexeu por mais alguns minutos, até que buscou um frasco de vidro enorme que coubesse todo o doce que fez e o colocou ali e o deixou esfriando em cima do balcão da cozinha. Nada de ir para geladeira, pois segundo sua mãe, colocar comida quente na geladeira, fazia com que estragasse mais rápido, e como não queria confusão, tratava de seguir as "dicas."

Enquanto o brigadeiro esfriava ela tratou de fazer sua lição de casa e estudar. Afinal, para manter as notas sempre altas, precisava estudar e manter todo o conteúdo em dia, assim baixou a cabeça e mergulhou nos cadernos.

Belle estava em seu quarto, todo cor-de-rosa com móveis eram brancos. Estava sentada na cadeira que fazia parte de sua escrivaninha. Era ali que estudava e fazia os exercícios das aulas, e também era ali que escrevia todos as mensagens que deixava em seus doces. Belle escrevia tudo a mão. Usava e abusava de suas canetas coloridas e tentava deixar cada mensagem única e divertida. Ela procurava escrever coisas que sentia, mas a maioria das vezes recorria a mensagens prontas da internet, mas sempre buscava a mensagem certa para a pessoa certa, aquilo que aquele alguém estava precisando ouvir. E quem ela não conhecia, apenas seguia a sua intuição para que a melhor mensagem chegasse a pessoa. Belle tratou de terminar seus estudos para poder seguir com sua rotina. Assim que terminou todos os deveres, foi até o quarto da mãe a chamou para lhe auxiliar a enrolar os doces. Pegou na estante em cima da pia os minienvelopes coloridos que estavam dentro de um pote transparente e colocou todos eles em cima do balcão, puxou a cadeira alta e tratou de abrir as embalagens

– Filha, hoje vamos de colorido ou tradicional? - questionou se referindo aos granulados que iriam em cima do doce.

– hoje vamos de coloridos. - respondeu Belle.

Pérola abriu o pacote com granulados coloridos e o colocou dentro de um prato de sopa fundo e o encheu até a borda colocando-o em frente a filha. Era a vez dela enrolar os doces e a filha passar o granulado em volta. Ela adorava essa rotina com a filha; assim conseguia se manter próxima dela, enquanto conversavam.

Ao deixarem todos os doces prontos, elas os colocaram num pote plástico enorme e branco com tampa e o levaram a geladeira. O pote era firme e assim Belle podia colocar na mochila, sem haver desastre. Claro que elas tinham que ajeitá-los perfeitamente, pois se não, mesmo assim, um poderia grudar no outro e virar aquela lambança.

Agora era uma de suas partes favoritas, fazer os bilhetes. Belle ia ao seu quarto e colocava papéis de tudo quanto é cor em cima da mesa e ia escrevendo bilhetinho por bilhetinho. Colocava todo seu amor e sua energia, em cada palavra. Ela levava horas fazendo aquilo, mas para ela, não era trabalho era diversão. Amava aqueles momentos que nem via o tempo passar e quando se dava conta, já estava na hora de dormir, pois no dia seguinte precisava acordar bem cedo, para chegar na escola antes de todos e colocar os doces sem que ninguém visse.

Sua mãe trabalhava pela manhã no colégio e por ela fazer uma função administrativa tinha acesso à chave para entrar no colégio, bem como a chave de todos os armários dos alunos. Na verdade ela tinha a chave mestra que abria todos os armários, assim ela conseguia colocar todos os doces dentro, sem que ninguém soubesse quem era.

No início as pessoas estranharam seus doces, agora todos iam correndo para seus armários para ver seu doce e a mensagem do dia. Alguns fingiam que não gostavam, mas ela sabia que todos gostavam dos seus doces, só se faziam de diferentes. Seus docinhos de amor eram famosos no colégio. No início todos tentaram descobrir quem os fazia, mas agora haviam desistido e apenas aceitavam de bom grado o presente.


Docinhos de AmorWhere stories live. Discover now