Especial 5k - Cliché

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POV Yuri
  Esses com certeza foram os melhores dez anos da minha vida. Ser adotado por Lance e Keith foi a melhor coisa do mundo, eles são de longe os melhores pais que já pisaram no planeta ( mesmo que a gente brigue às vezes ) e mais importante eles me amam e amam a Yukina.
  Eu lembro de como o casamento deles foi uma bagunça, tanto Lance quanto Keith se atrasaram, Yukina esqueceu de jogar as pétalas em metade do caminho e eu tropecei na pata de Cosmos quando estávamos levando as alianças. Sem contar a festa, sou traumatizado até hoje com as imagens de Tio Coran dançando Toxic da Britney, depois de muitos, muitos drinks. Esse dia, apesar da loucura, foi incrível, dava para ver como meus pais estavam felizes e só isso importava.
  - Yuuri? Ainda tá acordado? - Keith perguntou encostado no batente da porta do meu quarto.
  - É... eu não to conseguindo dormir. Acho que eu to ansioso demais para amanhã.
  Suspirei alto. Amanhã seria o primeiro dia de aula do último ano, eu estava ansioso.
  Sem mais nem menos Keith entra no quarto e se deita comigo na pequena cama de solteiro fazendo cafuné em meus cabelos. Me aconcheguei no abraço de meu pai, deitando a minha cabeça sobre seu peito escutando seu coração bater em um ritmo agradável. E com certeza meus pais tem algum super poder de me acalmar sempre porque eu dormi como uma pedra depois disso.
  Na manhã seguinte eu acordo mais cedo do que o normal e também me arrumo mais rápido do que o normal talvez ansiedade esteja me consumindo mas eu estou louco para ver meus amigos. Último ano na escola é aquele que é prometido pra ser o mais memorável e eu realmente espero que seja mais memorável por coisas boas mas eu estou com um sentimento estranho desde de ontem.
  Me sento na mesa da cozinha e vejo meus pais cozinhando juntos, okay Lance cozinhando e Keith tentando ajudar. O meu pai Lance sempre cozinhou melhor do que Keith, o que não quer dizer que ele não cozinha bem ( até porque a comida dele é muito boa) mas Lance aprendeu com Hunk e nada supera a comida do tio Hunk.
  - Bom dia! Quem está preparado pro primeiro dia de aula!
  Yukina resmunga um "não" bem baixinho  e sonolento, Lance apenas fala para nos animar-mos, principalmente eu estar no último ano e segundo eles o último ano foi o melhor ano da escola é por que foi o ano em que eles começaram a namorar.
  Eu sempre gostei de ouvir histórias sobre a vida dos meus pais. Eles viveram coisas tão incríveis, eles são incríveis e a história de amor deles sempre me encanta. Eles são basicamente um clichê de livros de romance daqueles que você nunca enjoa, é que ele romance entre dois melhores amigos que criaram sentimentos a mais e se amo mais que tudo. Eu sempre quis viver o meu clichê.
Como as minhas panquecas rapidamente depois de sair dos meus pensamentos enquanto conversamos sobre tudo e nada, isso dura até o horário de sairmos pra ir pra escola.
  Para a minha surpresa Katie, a irmã mais velha mais legal do mundo, estava lá na frente encostada em sua moto, com seus cabelos na altura dos ombros bagunçados por conta do capacete que estava debaixo do braço dela.
- Pidge!
  Gritar ao mesmo tempo que Yukina é sempre meio assustador, do tipo como é possível duas pessoas serem tão sincronizadas, mas neste caso uma competição para ver quem chegava primeiro em Pidge.
  - Pirralhos! - ela disse enquanto nos abraçava.
  Sinceramente eu estava com tanta saudade que nem liguei para o apelido dado pela garota.
  - Achei que esse ano você não ia vir. - Yukina fala depois que monopolizou o abraço de Katie.
  - Você acha que eu ia quebrar a nossa tradição? Além disso é o último ano do Yuu, então dessa vez sem pedra papel é tesoura, foi mal Yuki mas você ainda vai ter muitos anos de carona de primeiro dia de aula.
  Todo ano Katie leva um de nós dois para a escola no primeiro dia de aula de moto. Isso começou quando ela ganhou a moto e meu pai Keith tinha pegado o carro para ir para algum evento da Voltron e sobrou para meu outro pai Lance e Katie nos levarem para a escola e como eu e Yukina queríamos ir com a Pidge, tiramos na pedra papel e tesoura e isso se seguiu por vários anos.
  - Quer pilotar hoje? - ela perguntou enquanto jogava para mim o capacete.
  Logicamente eu falei que sim, não tinha nada melhor do que do que pilotar uma moto, ok talvez surfar, mas andar de moto é como voar mesmo estando em terra firme.
  - Chegamos. Obrigada por não nos matar.
  Reviro meus olhos sem tirar o sorriso do rosto.
- Fala isso como se você fosse a melhor pilota do mundo, olha sua altura, você nem alcança o chão!
  E depois dessa eu levei um tapa fraco na cabeça. Katie me olha por um tempinho antes de me abraçar e deixar um beijinho um pouco acima do meu maxilar porque ela realmente não alcança a minha bochecha.
  Quem olha de fora sempre acaba achando que eu e ela namoramos porque sempre somos extremamente carinhosos um com o outro e acho principalmente os beijinhos no rosto, mas no fim seremos sempre irmãos ( mesmo que não de sangue ou nos papéis ). Mesmo a gente agindo como um casal, ela vai sempre ser minha melhor amiga.
  Olho para baixo e vejo os olhos dela cheios de lágrimas.
  - Ah não, Katie você não tá chorando. - aperto ela mais no abraço enquanto dou risada- Para de chorar! Eu não acredito, nem o Lance chorou! Quer saber eu vou para a aula, e você está sendo intimada a ir tomar milkshake depois que a minha aula acabar.
  Deixo um último selo na testa da garota e me viro para ir para a aula, não esquecendo de gritar para ela ir buscar a pirralha ( no caso Yuki ).
  Quando estava quase chegando no prédio da escola, vejo um garoto muito familiar descendo do ônibus, ele olha em minha direção e por um segundo eu tenho certeza que o mundo está girando mais devagar.
  - Yuzuru...
A única coisa que sai da minha boca antes dele arregalar os olhos e sair correndo. Quando eu digo correndo, eu quero dizer que parecia que ele estava fugindo de um assasinado e esse assassino sou eu.
  Quando eu ia começar a correr atrás dele, um peso se joga em mim.
  - Mari! Você está me impedindo de viver meu possivelmente momento clichê de reencontro!
  Dramático? Sim, culpem meu pai, eu aprendi com ele.
  - Oi pra você também, Yuu. Eu to bem, que bom que você perguntou. Agora para de pensar em macho e diz "oi" direito!
  Tudo bem ela tem razão.
  - Oi, Mari. Desculpa é que realmente foi um pequeno choque ver ele aqui.
   Pronto chamei a atenção da fofoqueira.
  - "Ele"? Ele quem? Desembucha a história inteira! De preferência com detalhes.
  Suspirei e no caminho para os nossos armários contei a minha história com o Yuzuru. Era meio doloroso lembrar disso, mas eu não culpava ele, eu culpava os pais dele por serem homofóbicos. Eu só espero que ele não tenha crescido com essa ideia na cabeça.
  - Mas você sabe o que ele está fazendo aqui?
  - Eu não faço ideia. Mas eu quero descobrir.
  Depois disso fomos cada um para sua classe. Na escola eu não posso dizer que eu sou popular, mas minha posição de capitão do time de natação me proporcionava uma certa "fama". Eu não tenho muitos amigos mas eu sou respeitado pela maioria das pessoas então andando pelo corredor era comum eu receber alguns acenos ou uns cumprimentos.
  A minha primeira aula do dia tinha que ser da personificação do diabo, também conhecida como Tia Acxa, dentro da escola minha professora de matemática, fora a irmã do meu pai ( Keith ). A mulher é um monstro, não da forma ruim, ela consegue resolver todo e qualquer desafio matemático que a gente traz para ela, e a aula dela é uma das melhores mas quando chega a prova dela, você se sente no próprio inferno de tão difícil.
  Entrando na sala, sentei no meu lugar usual, na terceira mesa da parede. Não demorou muito para a sala encher e então   Acxa entrar com um aluno novo.
  - Bom dia, último ano. Como foram de férias? Alguém finalmente achou algum desafio realmente difícil para eu tentar?
  Os alunos apenas responderam o "bom dia" e deixaram ela continuar a falar.
  - Como podemos ver aqui, temos um aluno novo. Deem as boas vindas ao Yuzuru. Se apresente e pode ir sentar em qualquer lugar.
  Observei mais atentamente o garoto que a cada segundo parecia mais nervoso.
  - Oi, meu nome é Yuzuru. Prazer em conhece los.
  Vejo seus olhos passando pela sala a procura de uma mesa livre, havia uma na minha frente mas diferente do que eu pensava ele foi para o outro lado da sala.
  Passei a aula toda desviando a minha atenção para Yuzuru, a vontade de falar com ele era gigante. E para a minha sorte quando a aula acabou, a professora me chamou para eu apresentar a escola para Yuzuru.
  - Hey Yuzuru! Faz tempo desde a última vez que a gente se viu. Vem vou te apresentar o inferno, também conhecido como escola. - digo sorrindo.
  Conforme íamos andando pelos corredores, menor e mais encolhido em seu próprio abraço parecia o Yuzuru. O último lugar que levei o garoto foi a piscina.
  - Bom aqui, é meu lugar favorito: a piscina. O clube de natação tem treinos todas as terças e quintas, se algum dia você quiser vir assistir ou mesmo tentar, as portas vão sempre estar abertas.
  Meu sorriso desmancha um pouco quando eu vejo o garoto parecendo um filhotinho assustado. Nem penso antes de levar minha mão ao seu ombro o que fez ele dar um pulinho.
  - Tá tudo bem? Você esteve quieto e todo encolhidinho desde o começo do dia.
Ele volta a olhar para baixo e começou a sussurrar frases soltas que no final fez sentindo para mim. Ele se sentia culpado pelo que aconteceu muitos anos atrás.
  - Me desculpa. Você devia me odiar, me tratar mau, gritar comigo, mas você está sorrindo e sendo legal. Eu só não entendo.
  Eu dou um sorriso compreensivo para ele  antes de puxa lo para um abraço. Aprendi com os meus pais que abraços são a cura para tudo, e quando não cura, pode ser o conforto que marca o início dela.
  No início eu pude sentir o corpo do garoto tenso, e mas em poucos minutos eu consegui sentir as lágrimas dele em meu ombro, molhando a minha camiseta mas tudo que eu pude pensar foi em acolher ele ainda mais em meus braços.
  - Ei, Yuzuru, está tudo bem, você está bem. Tudo vai ficar bem. Pode confiar em mim.
Faço carinho em seu cabelo um tanto quanto cumprido e aos poucos vejo ele se acalmar, depois de tantos anos a gente pode finalmente conversar, dessa vez conversar só eu e ele sem influências.
- Sabe o que eu acho? Eu acho que nós deveríamos deixar essa conversa pra depois e simplesmente aproveitar o fato de que estamos aqui juntos de novo. E dessa vez eu espero que não tenha ninguém para impedir a nossa amizade.
   Vejo ele dar um sorriso mínimo, talvez isso seja o máximo que eu vou conseguir agora, mas se esse for o máximo que eu consegui agora eu tenho certeza que gradualmente eu vou conseguir aumentar esse sorriso essa é minha meta, fazer Yuzuru sorrir. Engraçado como pode ter se passado anos e ainda assim eu me importo com ele, mesmo que tenhamos perdido contato e basicamente ter tido um final ruim eu ainda me importo com ele, me importo muito. Ele foi uma parte importante da minha vida, eu aprendi a não esquecer do do passado e sim aprender com ele.
  -Obrigado! Você não sabe o que isso significa para mim!
  - Vem a gente ainda tem aula.
   Pego em sua mão e o guio para sala de aula. Chegamos na sala atrasados e com certeza o professor gostaria de matar a gente sendo que é só o primeiro dia de aula. Não sabia eu que esse primeiro dia de aula mudaria minha vida.
  No almoço eu simplesmente puxei Yuzuru comigo para sentar na mesa do refeitório junto comigo e com a Mari. Ela como sempre continuou fazendo suas 1001 perguntas não que nenhum dos dois ligasse para isso, eles se deram bem .     Pouco tempo depois os garotos do time de basquete vieram me cumprimentar, mas como os idiotas não tem papas na língua e um cérebro na cabeça, acabaram por deixar o Yuzuru desconfortável e isso acabou me irritando um pouco mais do que deveria.
  - O Yuuri, yuuri, quem é esse seu novo namoradinho, poxa Yuri achei que você namorava aquela garota da moto. Qual é, vai me dizer que você não tem uma queda pela gata da moto.
  Olho para o lado e vejo que todo o progresso que eu tinha feito para construir um ambiente confortável para o garoto ao meu lado conseguir se soltar tinha ido para o espaço. Inconscientemente, eu peguei na mão do garoto ao meu lado por baixo da mesa, numa última tentativa de manter a calma.
  - Por que você se importa tanto com quem eu namoro ou deixa de namorar? Porque até onde eu saiba você só se importaria com quem eu beijo se você quiser me beijar também. Mas eu acredito que você seja bem hetero ou estou enganado?
  Ouço risadas ao redor da mesa, vejo algumas pessoas espalhadas pelo refeitório rindo, e vejo também meu time se aproximando. Eu tenho a segurança de que o idiota não vai querer pra partir para agressão física, ele pode ser mais alto mas ainda assim eu sou mais forte. Além disso se ele quiser se manter na escola e ele tem que se manter longe de confusão, e digamos que boa parte dos professores e funcionários são ligados a Voltron o que traz mais segurança ainda por motivos de família digamos assim.
  - Eu não sou um viadinho nojento como vocês! Tá louco?! Coloca sua mãe aqui na frente pra ver se eu não como ela!
  Ok minha paciência foi pro ralo. Quando eu ia levantar, Yuzuru aperta minha mão mais forte, respiro fundo e apenas respondo:
  - Por que você está gritando? Além disso, quem reafirma varias vezes, esconde algo.
  Quase pude ver a fumaça subindo pela sua cabeça. Mas antes que ele falasse mais alguma coisa, Olliver ( um amigo meu do time de natação ) chega.
   - Tudo bem aqui?
  Vejo Nate, também conhecido como babaca sem cérebro, sorrir de lado. Como imaginava, ele abriu a boca para falar merda.
  - Olha, Yuuri, sua putinha de estimação veio te proteger. Não sei o que é pior, Ollivia uma garota que se finge de garoto ou Yuuri que precisa proteção da garotinha.
  Eu estava me segurando por respeito ao Yuzuru, mas ele desrespeitou quem eu me importo com. Suspiro antes de levantar virando um soco no maxilar do mais alto, agradeço a todos os treinamentos que eu participo da Voltron que me permitiu socar da maneira correta e com força.
  - Viado filho da puta, eu vou te matar.
Ele veio para cima de mim, sem técnica alguma, foi fácil desviar. Sinceramente qualquer criança do acampamento de verão da Voltron seria capaz de derrubar esse boneco de posto. Mas me distrair foi o erro, percebi isso ao receber um soco de raspão na bochecha esquerda.
  Antes que eu pudesse fazer mais nada, o diretor chegou nos levando para a sala dele. Sentamos nas cadeiras da frente de sua mesa, esperando a permissão/ordem para falarmos.
  - Podem me explicar o que estava acontecendo lá? Um de cada vez por favor.
  Nate começa a gritar antes mesmo de eu abrir a boca para falar algo.
  - Esse imbecil me bateu primeiro. Eu não tenho culpa de nada.
  O diretor suspira e sinaliza para mim contar a minha versão da história.
  - Ele estava ofendendo o Olliver. Além de ser homofóbico e transfóbico, ele deixou Yuzuru desconfortável com sua presença indesejada.
  - Como eu estava ofendendo? "O" Olliver é uma garota, ela tem uma vagina, eu só esclareci os fatos, ela é uma garota.
  Além de babaca é burro.
  - Senhor Holt, Olliver é um garoto. Por favor eu peço respeito.
   Pera... Holt? Não brinca, não pode ser ele, pode? Cara por que eu nunca parei para pensar no sobrenome dele! Meus pais vão surtar se esse foi o babaca Júnior filho do homem que maltratou a minha irmã mais velha.
  Uma batida suave na porta interrompe meus pensamentos, por ela passa meu pai e uma mulher que eu nunca vi na vida.
  -  Seus filhos entraram em uma briga hoje, aparentemente porque o senhor Nate estava desrespeitando os colegas e o senhor Yuuri foi defender, da forma errada devo acrescentar, mas ainda assim foi na intenção de defender. Senhora Holt seu filho apresentou ações transfóbicas  direcionadas um colega e mais algumas alegações homofóbicas em direção a Yuuri e outros colega, nesta instituição esse tipo de comportamento é inadmissível, esta escola é um ambiente seguro para os alunos e professores, independente de classe social, cor de pele, sexualidade ou gênero, prezamos pelo respeito mútuo. Por conta de ações contra os ideais dessa escola seu filho estará suspenso pelos próximos dois dias e não poderá participar do primeiro mês de atividade dos clubes que participa.
  A Senhora Holt, que até então estava em silêncio analisando o rosto do filho, virou se indignada para o diretor:
   - O que? Meu filho apanha e ele recebe a punição?
  Meu pai ( Keith ) faz um carinho discreto no meu ombro antes de sussurrar que Lance também está vindo. Eu sei que meu pai não está bravo comigo, as mãos dele nos meus ombros me provam isso, mas isso não garante que eu vou me livrar do castigo e dessa vez eu admito que mereço, principalmente porque eu prometi da última vez que eu iria falar com o diretor ou qualquer funcionário antes de agir com as minhas próprias mãos.
  - Então eu quero saber quem se ofendeu! E o que ele disse para a pessoa ficar tão ofendida!
  - Mãe eu não ofendi ninguém! Não tem como ofender se é a verdade! A Olívia é uma menina que finge ser menino!
  Reviro os olhos e me seguro para não gritar que Olliver é mais homem que ele, mas eu não me seguro para  sussurrar isso o que me levou a um tapinha de leve na cabeça que eu interpretei como um "cala a boca" .
  Keith suspirou antes de se manifestar pela primeira vez:
  - Se eu entendi bem, este garoto chamou Olliver de garota? Olliver é um menino, ele passou por muita coisa já e o mínimo que podemos fazer é tratá-lo com devido respeito. Ao meu ver, seu filho estava errado, senhora...
  -Emilly Holt.
Sinto meu pai apertar um pouco as mãos nos meus ombros em um sinal de tensão, mesmo assim ele não deixou de falar firme:
  - Como eu disse, senhora Holt, eu acredito que ele esteja errado. O mínimo que deve fazer é pedir perdão ao Olliver.
  O olhar de raiva dela podia atravessar a alma de qualquer um, menos meu pai, ele não se rebaixa ou intimida por nada nesse mundo. É incrível...
  - Eu... Eu vou processar essa escola!
  Assim gritando, ela saiu da sala arrastando o filho pelo braço.
  -Wow... O que acabou de acontecer?
  Ouço meu pai (Lance ) falando ao mesmo tempo que entrava na sala e se sentava ao meu lado. Percebo que nessa confusão toda eu continuo sentado na cadeira então ofereço o assento ao meu pai que aceitou depois de agradecer.
  - Como eu disse antes, Nate agrediu verbalmente Olliver, então levou uma punição. Como Yuuri agiu em defesa do amigo, a única punição que eu poderia dar seria ele dar aula de reposição de matéria, mas ele já faz isso. Então dessa vez, Yuuri, você escapou do castigo. Podem ir. Lance, vamos iniciar a reunião?
  Depois de agradecer e sair, eu recebi um tapa na parte de trás da cabeça e Keith reclamando que era só o primeiro dia de aula ( e devo acrescentar um muito indignado "eu não acredito que eu parei meu anime para você não levar nem um castigo" ).
  Fomos andando de novo para o refeitório e eu fui esmagado por dois pares de braços que mais tarde eu reconheci como Olliver e surpreendentemente Yuzuru.
  -Meu Deus você tá bem? Tá de castigo?
  - Você entrou numa briga com o Nate! Você é louco?
  - Cara eu sei me defender! Por que você comprou briga com aquele idiota?
  Fui atacado com perguntas que continuariam se Keith não limpasse a garganta na intenção de chamar nossa atenção. A reação dos três foi muito diferente uma das outras, Mari simplesmente gritou "Tio Keith" e foi abraçar ele ( intimidade é uma coisa estranha quando se cresce junto, o mais estranho é a certeza que eu tenho que eu faria a mesma coisa ), Olli se vira e começa seu discurso de "desculpa, a culpa foi minha, não briga com o Yuuri..." e Yuzuru estava genuinamente confuso, ainda abraçando meu braço ( não que eu esteja reclamando ).
  - Olliver pelo amor, para de pedir desculpas, tá tudo bem. Oi Mari, tudo bem, criança atentada? - antes mesmo de receber as respostas ele se vira para mim - então Yuuri não vai me apresentar ao garoto pendurado no seu braço?
  Juro que nunca vi alguém empalidecer ( e soltar meu braço ) tão rápido na minha vida, por um momento achei que ele fosse desmaiar. Reviro meus olhos sabendo que Keith assustou o garoto de propósito.
  - Pai! Para de assustar ele! - suspiro antes de continuar - Yu, esse é Keith, meu pai. Pai, Yuzuru.
  Keith estende a mão para ele, como o ser civilizado que as vezes eu duvido que ele é.
  - É um prazer, Yuzuru... Pera, Yuzuru? Aquele Yuzuru de quando você era pequeno?
  Eu acho que o Yuzu vai realmente desmaiar agora. Keith apenas sorri para ele ( e o sorriso cresceu quando ele viu Lance caminhando em nossa direção ).
  - Eu fico feliz por você ter sido amigo do Yuu quando pequenos, mesmo que tenha sido uma pena a forma que essa amizade acabou. Espero que vocês possam ser amigos de novo. Mas se magoar o meu filho de novo, não vai ter...
  - Ou ou ou, calma aí, Samurai! Acho que você já assustou o garoto o suficiente. Aliás, prazer, sou Lance, o pai mais legal do Yuu.
  Lance estendeu a mão para Yuzuru que a apertou ainda um pouco envergonhado, mas pelo menos a cor dele tinha voltado parcialmente. Depois de conversarmos um pouco meus pais se despediram, nós fomos para o auditório onde os clubes seriam introduzidos, ou seja, cada clube subia no palco e fazia breve uma apresentação.
  Todo ano era quase a mesma coisa, o time de basquete fazia a coreografia de High school musical, o clube de teatro chegava cantando o quanto eles odiavam Shakespeare, o glee club cantava alguma música da moda, o clube de cinema passava o curta produzido no ano anterior, e assim ia de clube em clube.
   O clube de natação, do qual hoje sou capitão, por muitos anos fez vídeos e apresentações de slide mas Free! aconteceu e bem, ideias surgem quando dois otakus são o capitão e o vice capitão do time. Sim, aquela mesma apresentação do clube de natação que fizeram no anime nós reproduzimos ( além de entrarmos ao som de Free splash! ).
  - Brincadeiras à parte, eu realmente espero que vocês tenham se divertido com a apresentação e tenham o interessante de se juntar ao time. O treinador Rogers e a Anne vão estar disponíveis para as inscrições e tirar qualquer dúvida, vocês também podem vir até mim sempre que quiserem ou precisarem. Espero ver vários rostos novos esse ano. Obrigada pela atenção.
   Sorri ao descer do palco, voltando para o lado dos meus amigos, tendo apenas colocado uma calça descente e fechado a jaqueta do time. Ficamos conversando até as apresentações acabarem para então sermos liberados para ir embora.
    - Ei, vamos na Moon? A Katie vai me encontrar lá com a Yuki, vocês querem ir?
  - Moon? 
  Por um momento eu esqueci que o Yuzuru não fazia parte do meu grupinho de amigos até ontem.
  - Moonlight é uma lanchonete que a gente sempre vai, e nada nesse mundo supera o milkshake daquele lugar. Se a gente vivesse um clichê, aquela seria a nossa lanchonete.
  Depois da breve explicação, todo mundo concordou em ir. Fomos todos de carona com Mari, no caso a única que estava de carro. Chegando na Moon, assim que saio do carro, a primeira coisa que sinto é um corpo se jogando nas minhas costas. Posso dizer que quase morri.
  - Soube que saiu no soco com um idiota hoje. Ganhou pelo menos?
  - Anão de jardim, como você já sabe disso?
   Eu perguntei ajustando ela em minhas costas. Ela planta um beijo em minha bochecha enquanto entrávamos na Moon. Não ouvi muito bem, mas a Mari e o Yuzu estavam falando sobre alguma coisa eu só ouvi a Mari respondendo um "relaxa. A Katie vai monopolizar a atenção do Yuuri por uns 5 minutos e depois interagir com todo mundo. Ela é legal." Não entendi nada mas ok.
  Poder almoçar na Moon com certeza era muito bom mas com amigos? Nossa, a diversão triplicava e até a comida parecia melhor. Posso dizer que foi tranquilo, o complicado mesmo foi na hora de ir embora. Aparentemente Yuzuru morava para a direção oposta das nossas casas e mesmo assim a gente queria dar uma carona para ele ( já que praticamente arrastamos ele para cá e ele perdeu o ônibus da escola ) mas o garoto teimoso insistia que podia pegar o ônibus comum e voltar sozinho. Depois de muita discussão, ficou decidido que eu levaria ele na moto de Katie enquanto o resto ia para cada um para suas respectivas casas.
  Durante o caminho, novamente, sinto o garoto tenso e hesitante, acho que o fato de estarmos em cima de uma moto foi o único fator que fez ele se agarrar com força em minha jaqueta.
  Ao chegar na casa dele, ele me entrega o capacete e diz:
  - Obrigado. Eu digo, por hoje e por tudo que você fez comigo mesmo depois de... daquilo... E também me incluir no seu grupo, seus amigos e sua namorada são muito legais.
  - Namorada..? A Katie?! Não, não você entendeu errado. Ela é minha irmã.
  - Oh...
   Como ele é fofo socorro! Aí deuses ele tá vermelhinho!
   - É.... Humm... obrigado por me trazer em casa. Te vejo amanhã na aula...?
  Ele diz todo fofo me entregando o capacete.
  - Claro! Até amanhã!
  Selo sua bochecha e viro para ir embora mas não perco ele cobrindo o rosto com as mãos. É esse vai ser um bom ano...

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N/a
Um cap especial para quem ainda lê isso, aliás como é que chegamos à 5k???? Isso é uma loucura!! Eu nunca, NUNCA, pensei que eu poderia ter mais de 10 vizualizações e 2 curtidas mas 5000? É muita coisa eu nem sei por em palavras o quanto eu estou feliz por isso!! Só tenho que agradecer cada um que ousou olhar o primeiro cap, sério obrigada do fundo do meu coração...
Espero que vcs tenham gostado do cap narrado pelo nosso querido Yuuri e sua paixão de infância! Obrigada por tudo!
( e se não for pedir demais de uma olhada nas minhas outras histórias, não são de voltron mas juro que são legais! E fiquem atentos que tem história quase prontas para começar a serem lançadas!)

Without you I'm just a sad song [concluida]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ