- Garkh, 4 humanos estão se aproximando pelo portão principal da nossa aldeia, o que a gente faz? - disse um dos guardas responsáveis pela patrulha noturna.
- 4 humanos? O que esses filhos da puta podem querer aqui nessa hora? - respondeu o orc, e logo continuou - Eu vou lá ver
Garkh era extremamente alto e forte. Seus olhos eram pretos e seu corpo carregava mais machucados e cicatrizes do que alguém poderia contar, até mesmo os outros orcs o achavam assustador.
Chegando em cima daquele portão feito de madeira, o orc pôde ver algumas figuras se aproximando lentamente, de longe pareciam ser 4 humanos magros, mas conforme a distância foi diminuindo, Garkh teve a certeza que aqueles eram na verdade crianças orcs.
- Merda, abram o portão!
Logo as 4 crianças entraram na aldeia e Garkh, carregando uma expressão feia no rosto, caminhou na sua direção - Vocês tem merda dentro da cabeça? o sol daqui a pouco vai se pôr, mais uma hora andando por ai e vocês teriam morrido!
Encarando aquele monstro de frente as crianças ficaram assustadas, a ideia de voltar pra floresta e lutar contra animais famintos já não parecia tão ruim assim. Contudo, Liluk deu um passo a frente e contou tudo o que havia acontecido.
Ao final da história, a garota já estava em lágrimas outra vez. Mesmo Garkh, um orc experiente, ficou sem palavras. Ele encarou as crianças por algum tempo antes de dizer somente - Venham.
Os garotos caminharam por algum tempo atrás de Garkh e isso já foi suficiente pra conhecerem um pouco daquela aldeia.
Era tudo muito parecido com o lugar que eles vieram, as estradas eram de terra e as casas de madeira, talvez a única diferença seja de que aqui a quantidade de moradores é maior.
Logo eles chegaram perto de um velho orc, seus dois olhos estavam fechados e por cima de suas pálpebras haviam um mesmo símbolo, gravado com ferro e fogo.
Seus cabelos eram longos e brancos, seu corpo também não parecia ser tão forte quanto outros adultos da mesma raça, esse era o orc mais estranho que Bordok já tinha visto.
- Sorvh, cuida desses moleques, daqui a pouco eu passo aqui buscar eles - disse o orc Garkh.
O velho orc acenou a cabeça, como se estivesse aceitando a tarefa.
A mesma dúvida pairava sobre a cabeça das quatro crianças - Como alguém cego dos dois olhos vai cuidar da gente?
Mas logo isso ficou claro, depois que Garkh saiu, o orc que não tinha olhos levantou suas duas mãos e uma luz branca cobriu as quatro crianças, seus ferimentos mais leves haviam sumidos, apenas Bordok precisou ter um dos seus braços enfaixados.
- U..uau, como isso é possível? O senhor tem mais poderes?! Parece a mágica que os humanos usam! - disse Liluk, espantada.
Sorvh permaneceu em silêncio.
- Isso.. isso.. quando um orc fica cego... ele ganha poderes assim? - perguntou Bordok, já avaliando se valia a pena ficar cego pra ter habilidades tão legais.
Mesmo sem enxergar, Sorvh se virou e encarou o jovem Bordok como se estivesse na frente do orc mais estúpido do planeta, mas continuou em silêncio.
Pela próxima meia hora as quatro crianças bombardearam o velho orc de perguntas sobre seus poderes, principalmente Bordok, o garoto ficou maravilhado. Quando Sorvh estava prestes a sair correndo dali, Garkh apareceu outra vez e logo eles voltaram caminhar.
Chegando na frente da maior casa que os meninos já viram até hoje, Garkh parou outra vez e disse - Chefe!
De repente eles escutaram uma voz grave que vinha de dentro dessa casa
- Entrem!
Só então Garkh continuou a caminhar, e obviamente, as crianças também.
A mobília da casa era extravagante, o que fazia grande contraste com a pobre cidade do lado de fora, haviam detalhes de cobre por toda a parte e móveis que Bordok nem sabia que existiam também.
Mas a primeira coisa que chamava atenção depois de se abrir a porta era a figura assustador que estava sentado numa espécie de trono. Suas unhas eram longas e seus dentes tinham pelo menos o dobro do tamanho dos dentes de outros orcs, ele mais parecia uma fera selvagem.
Aquele era o orc Okarri.
Duas orcs femininas o acompanhavam, de pé, as duas olhavam para baixo e seus longos cabelos cobriam seu rosto, uma delas parecia machucada enquanto a outra estava bem.
Garkh parou de repente, olhou por alguns segundos pra uma das orcs, deu um grande suspiro e continuou. O orc musculoso logo resumiu o que Liluk havia o contado mais cedo.
- Entendo... - disse o chefe, sem parecer estar feliz nem triste com a noticia - Vocês dois, vocês vão limpar as ruas e também vão ajudar a fazer a comida dos moradores - Okarri continuou, apontando pros dois menores.
- Você, você vai carregar os equipamentos militares e treinar com os guardas - dessa vez o chefe apontava para Bordok, ainda com uma expressão de indiferença no rosto.
O único momento que o orc mostrou algum interesse na conversa foi quando ele apontou para Liluk, a única orc feminina do grupo. - Já você... você vai ser minha empregada pessoal.
- Mas chefe, não seria melhor colocar a menina no... - antes de Garkh terminar de falar, o outro orc o interrompeu - Não! Essas são as ordens, agora saiam!
A única coisa que Garkh pôde fazer foi lançar um olhar depressivo e carregado de pena em direção a Liluk e caminhar pra fora, acompanhado pelas crianças.
- Eu disse que vir aqui era o certo! - disse a menina, que pela primeira vez no dia, tinha um sorriso no rosto.
- Liluk! Você tava certa! Vir pra cá foi a nossa salvação - respondeu Bordok. Até os dois orcs menores que eram extremamente tímidos na frente de estranhos estavam comemorando em voz alta.
O único que ficou em silêncio foi o orc Garkh, ele tinha um olhar profundo e triste, muitas vezes o orc quis falar algumas coisas, mas acabou ficando quieto.
DU LIEST GERADE
The Legendary Orc Chief
Aktuelle LiteraturA história segue a vida de um simples garoto orc que descobre da pior forma possível que nesse mundo existem pessoas capazes de fazer tudo por coisas como "XP", "Loots" e "Níveis".