Dream

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Talvez meu cérebro não tenha processado muito bem a informação de que Donghyuck não estava mais conosco. Ou tenha sido a saudade que eu sinto do coreano.

Independente do motivo, acabei sonhando com ele naquela noite. Ok, estavam mais para lembranças. Lembranças de momentos memoráveis de minha vida junto do outro.

Desde quando nos conhecemos.

-Olá!- Fui abordado por um garoto enquanto estava sentado num balanço no meio do parque.- Meu nome é Donghyuck, posso ficar no balanço do seu lado?

Somente concordei com a cabeça e ele fez um bico fofo.- Ora, me diga seu nome! Não é justo você saber o meu e eu não saber o seu!

-Mark.- Disse baixo, tímido, e ele sorriu. Aquele sorriso que alegrava o dia de qualquer um.

Foi ali que tudo começou. Nos tornamos inseparáveis. Chegou ao ponto em que minha mãe me chamava de Donghyuck, algumas vezes.

Passamos por tantas coisas juntos, que daria um filme.

Por exemplo: Nosso primeiro dia de aula.

Ele estava tão animado. Enquanto eu, só conseguia pensar em maneiras de me esconder dentro da geladeira.

Mas sempre ouvia o mesmo: "Deixa de ser exagerado, Mark! A escola não vai ser tão ruim assim."

Sinto lhe dizer, pequeno Hyuck, mas ela é sim!

Lá conhecemos Jeno e os irmãos chineses, Renjun e Yangyang. Donghyuck fez amizade com eles rapidamente.

Rápido o suficiente para convencer os pobres garotos a jogar papel higiênico molhado no teto do banheiro feminino. De onde ele tirou essa ideia?

Nunca desconfiaram da cara de anjo do menino, então ele sempre saia impune. Ou pelo menos, nunca levou uma bronca da parte da escola.

Mas de mim ele ouvia e muitas!

Felizmente, ele passou a maneirar nas brincadeiras dele. Ainda bem!

Teve também o dia em que ele decidiu descer uma rua de bicicleta. Rendeu um braço quebrado, um quase atropelamento, uma bronca minha e de sua mãe e muitas risadas. Sim, as risadas vieram dele!

O momento que mais me doeu foi a última vez que nos vimos. Cerca de cinco anos atrás.

Tínhamos acabado de voltar de uma sorveteria e estávamos conversando sobre alguns trabalhos que teríamos de entregar no dia seguinte.

-Se não fosse pelo Renjun, certeza que tiraríamos zero! Viva ao nerd!

-Você deixou tudo nas costas dele, Donghyuck?- Questiono indignado.

-Não é bem assim, ok?- Se defendeu.- Eu fiz a pesquisa e ele escreveu tudo. Sabe que minha letra é terrível.

-Sei...- Vou até minha porta.- Até amanhã.

-Até!- Ele então se virou e foi embora.

Esse amanhã nunca veio.

Nos distanciamos quase que totalmente. Ele parou de vir em minha casa e eu de ir na dele. Não ficávamos juntos nos intervalos e nem fazíamos duplas em sala.

Aquela amizade pareceu desaparecer por completo.

Mas foi quando eu recebi aquela ligação da mãe dele, que eu percebi o quanto foi errado ter me afastado.

Havia me arrependido de não ter tentado me aproximar novamente.

Mas agora era tarde, não?

"Não!"

"Me ajude!"

"Estou confiando minha vida em suas mãos."

Senti braços me rodeando em um abraço forte. Retribuí sem demora.

"Você tem trinta dias. Seja rápido!"

Então eu acordo. Chorando.

Me senti vazio por um momento.

Me levantei, me vesti, tomei café. A sensação não passou.

Fui para a escola mais cedo, sabendo que andaria mais devagar do que o costume. Tudo naquele caminho me lembrava Donghyuck.

Ao chegar no portão e olhar em volta, decidi dar meia volta.

Mas acabei esbarrando em alguém. Alguém de moletom azul e cabelo preto. Meus olhos se inundaram com lágrimas no mesmo momento.

-Donghyuck?- Não consegui processar a informação. Era muita coisa para um jovem em luto. Mas eu sabia que não estava louco, eu conhecia aquele garoto melhor que ninguém.

-Olá Mar...- Ele parou de falar ao notar minhas lágrimas.- Está chorando? Eu te machuquei? Onde dói? Me desculpe!- Disse rápido.

-Tá tudo bem, Hyuck! Apenas não é um bom dia. Vou ficar bem, prometo!- Sequei as lágrimas com pressa.

-Ainda são sete horas, Mark. Seu dia vai melhorar, não chore!- Ele me abraçou. Agora sim acho que fiquei louco.- Tenho que ir agora, até!

E ele foi.

Enquanto eu só queria gritar para que ele não saísse de perto de mim nunca mais. Que me abraçasse um pouco mais. Que fosse tomar sorvete depois de uma discussão boba.

Mas ele apenas foi embora. E com ele, levava toda a minha certeza de que eu estava maluco.

Era ele ali!

Isso seria um sinal?

Agora eu tinha a chance de salvá-lo?

Era ele quem pedia por ajuda em meu sonho?

Não se preocupe, Hyuck! Irei o ajudar.

Second Chance (Markhyuck)Where stories live. Discover now