Capítulo 4: Uma nova chance para recomeçar

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Sam

Hoje fazem exatamente trinta dias.

Trinta dias desde que tudo aconteceu.

Trinta dias depois do acidente.

Trinta dias que a Emilly está em coma.

Trinta dias que não vejo seus olhos verdes ou que escuto a sua voz.

Passo a mão em seus cabelos e ela não faz nenhum movimento, ainda era mesma situação, minha irmã parecia um cadáver sem vida deitada naquela cama. Pelo menos uma coisa boa aconteceu, ela estava estável, ou seja, seus órgãos estavam funcionando e ela já não precisava mais ficar na UTI sendo monitorada vinte e quatro horas por dia. Isso não significava que ela não estava sendo monitorada, mas agora os riscos dela vier a ter a falência de um de seus órgãos eram bem menores.

A medida que os dias vão passando tudo vai ficando mais difícil, a esperança já estava morrendo, a fé aos poucos estava me abandonando, estava difícil acreditar que ela ainda poderia acordar. E o pior de tudo era a culpa estava me corroendo, pensar que poderia ter evitado tudo aquilo.

Queria poder ajudá-la, queria poder fazer alguma coisa, mas me sinto um completo inútil, um incapacitado. Mesmo que todos insistem em dizer que a culpa não é minha, não consigo acreditar nisso. Não quero acreditar. Não dá para acreditar.

Se eu não tivesse saído naquilo dia. Se tivesse impedido minha mãe de maltratar Emi por todos esses anos nada disse teria acontecido. Tudo agora gira em torno do se.

Se eu tivesse agido antes e não tivesse sido omisso.

Já cheguei a presenciar várias discussões e brigas entre elas. Mas era um mero telespectador, um ouvinte, uma sombra que não fazia nada para impedir as ofensas de dona Charlotte.

Não sei o que será de mim se Emilly morrer. Não sei como vou encarar minha genitora. Se vou culpá-la ou não pela morte de sua caçula.

Nem sei como será a reação da minha mãe se Emi vier a óbito. Será que ela vai chorar? Vai sofrer? Ou ficará indiferente?

Charlotte nunca tratou minha irmã bem até mesmo quando meu pai morava com a gente. Os dois viviam brigando por causa de Emilly. Meu pai sempre saia em defesa de sua filha e minha mãe se revoltava com aquilo.

O pastor Michael disse que Emi precisa ser forte para enfrentar o que está por vim. Mas quem precisa ser forte sou eu. Eu preciso ser forte por ela e por mim. Não posso perder a fé, não agora.

Repasso minhas palavras minuciosamente em minha mente e de repente a lembrança do pastor vem em minha mente.

- Samuel? - o pastor Michael parece na porta da igreja e se apoia na mesma. - Podemos conversar?

- Claro. - caminho até ele.

- Samuel, tenho um recado para a Emilly.

- Se for sobre o afastamento dela da igreja, nós já conversamos e em breve ela voltará.

- Não, não é isso. - ele balança a cabeça afirmando negação. - Diga a Emilly que dias sombrios estão por vim, mas como todos os dias amanhecem trazendo o sol, a tempestade se acalmará se ela preservará e no final encontrará sua luz que a guiará para o fim do arco- íris, lá encontrará sua verdadeira recompensa que a aguarda. Agora preciso ir.

A Emi vai ficar bem!

Ela vai viver!

Ela vai sair dessa!

Ficou eufórico só de lembrar das palavras do pastor. Mas algo me preocupa. O que será que ele quis dizer sobre dias sombrios virão?

Será que o pastor se refere ao acidente?

Reaprendendo a viverWhere stories live. Discover now