VI

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Estava distraído, pensando...

Como tinha a capacidade de recriar de forma perfeita todos os traços do Segundo irmão em seu sonho?

Mas, diferente da revolta juvenil que era acostumado a lidar. Em seu sonho, não importava o quanto provocasse Lan Zhan, esse permaneceria indiferente a suas provocações, parecia mais maduro também, embora o rosto jovem, toda sua energia era diferente. Sua frieza era suave e calma.

Se sentiu tentando.

Parecia que tinha uma oportunidade boa nas mãos. Essa pessoa era facilmente provocada nessa realidade. Analisou as possibilidades e sorriu arteiro. Sabia que com poucas palavras que dizia ou ações que tinha, eram capazes de levar Lan Zhan no limite de sua paciência.

E, por algum motivo esquisito, gostava de causar esse desequilíbrio.

Na noite de hoje, decidiu fazer algo diferente. Ao invés de adentrar o quarto, subiu no telhado, já dentro da seita e também não muito longe do próprio quarto. Se permitiu olhar para o céu, o encarando como se fosse a primeira vez. Fazia muito tempo desde a última vez que parou e de fato o admirou. Era sempre tão agitado, acostumado a correr e causar confusão em todo lugar, que poucas vezes permitia o silêncio. Para si, o silêncio era algo que poderia ser bem perigoso.

Mas, nesse momento, a única coisa que sentiu foi uma paz que não lhe pertencia, a pegou emprestada durante alguns minutos, apenas para sentir a brisa gelada agitando os cabelos. Fechou os olhos, e se permitiu relaxar. No processo, levou a mão para a fita que prendia as suas mechas mais rebeldes e a retirou também.

Sorriu suavemente, para o nada.

Estava acostumado com esse ato de puxar os lábios para cima. Seus olhos se abriram e olhou para o céu estrelado, que brilhava intensamente, alheio a tudo e a todos.

O cumprimentou, com a jarra, o chamando para acompanha-lo enquanto sozinho derramava o líquido quente e doce na boca.

Estava saudando a vida, à noite, o lugar que pertencia. A escuridão mais profunda.

Era estranho dizer isso, mas sentia como se tivesse renascido com uma segunda chance em mãos.

No entanto, aquela cena, quando observada através de outros olhos, não denotava a mesma silenciosa paz. Era mais para a mais silenciosa agonia. Calhou de deitar justamente encima dos aposentos destinados a Lan WangJi. Que ao se deparar com a cena daquele homem despojado no telhado, com seus cabelos sem nada que os prendessem, adornando um sorriso tão suave em seu rosto. Sentiu algo subir dentro de si, como se não quisesse que nunca ninguém tivesse a chance e a possibilidade de ver essa pessoa assim.

Sedutor e fragilizado.

Assistia aquele líquido cair dentro da boca avermelhada, que passava a língua entre os lábios na busca de limpar o que restou. Era impossível, aquilo tinha caído em seu queixo, deslizado por seu pescoço e molhado as vestes do seu peito. Apenas se ele fosse até Wei Ying e com a própria língua ajudasse com esse pequeno problema, lambendo o resíduo de seu peito levemente molhado, á seu pescoço esbelto e seu queixo afiado, lhe devolvendo o líquido através do entrelaçar de línguas. Apenas assim, ele teria o líquido de volta.

A imagem o deixou complicado.

Se arrependeu de não ter repreendido aquele primeiro pensamento. Porque com o estimulo visual, a cena que aparecia em sua mente, era ainda mais perturbadora.

Como podia pegar um acontecimento tão puro e transformar em cenas tão ultrajantes?

A culpa é toda de Wei WuXian.... Se ao menos não lhe provocasse tanto.

[MDZS] Sweet Dream...Where stories live. Discover now