Doce Encontro

Capítulo 8

- O que foi? - perguntou Ana vendo a cara de Gabriela.

Gabriela mostrou o celular para Ana que revirou os olhos.

- Você respondeu? - perguntou Ana.

- Sim, o que eu podia fazer? - disse Gabriela.

- Você não acha estranho ela sumir por meses, não deixar você ver o garoto e agora simplesmente reaparece do nada? - disse Ana.

- É estranho, mas é que sei la. - disse Gabriela pensativa.

- Essa garota sabe como mexer na sua cabeça, mas não esquece, ela tá noiva do pai do Arthur. - disse Ana.

- Eu sei. Preciso de mais vinho - disse Gabriela indo encher as taças. O restante da noite foi para Gabriela um borrão, ela estava área e não conseguia prestar atenção ao que estava acontecendo ao seu redor.

- Melhor deixar o carro aqui e vocês voltam de uber, as duas beberam. - disse Ana.

- Você tem razão amanhã eu venho buscar. - disse Gabriela

Enquanto esperavam o uber, Vitória notou que alguma coisa estava acontecendo.

- Você esta bem? - perguntou Vitória.

- Sim. - mentiu Gabriela.

- Deve ser difícil depois de seis anos passar longe o Natal. - arriscou Vitória.

- É, mas não é só isso, a data no geral me deixa meio pra baixo e ficar sozinha piora as coisas. - disse Gabriela.

- Eu entendo. - disse Vitória e as duas subiram no carro.

- Quer esticar a noite lá em casa? Eu tenho vinho. - disse Vitória.

- Parece uma boa ideia, não estava afim de ficar sozinha. - disse Gabriela.

As duas desceram no prédio de Vitória e foram para o apartamento.

- Aqui está o vinho. - disse Vitória trazendo o vinho e colocando sob a mesa da sala.

- Sua casa é muito bonita. - elogiou Gabriela.

- Obrigada. Agora já posso abrir meu presente né? Você disse para abrir no meu apartamento. - disse Vitória sorridente pegando o presente.

- A ideia era você sozinha, mas tudo bem, já que eu estou aqui, fazer o que.

Vitória abriu o embrulho e se deparou com um livro estilo um book com todas as fotos suas durante a viagem. Cada foto tinha uma frase que Gabriela colocou para explicar o momento de cada foto. Vitória ficou folheando o livro admirada com as fotos.

- O que achou? - perguntou Gabriela.

- Lindo, nunca ninguém tinha tirado fotos minhas tão significativas. - disse Vitória com os olhos lacrimejados.

- Que bom que gostou. - disse Gabriela.

Vitória sentou ao lado de Gabriela na sala e encheu a taça das duas.

- Você e a sua ex, você acha que ainda tem volta? - perguntou Vitória.

- Ela esta noiva, então com certeza não. - disse Gabriela bebendo um gole de vinho da taça.

- Você ainda gosta dela? - perguntou Vitória.

- Não quero ser grossa, mas porque você esta perguntando essas coisas? - quis saber Gabriela.

- Curiosidade, mas se não quiser responder tudo bem. - disse Vitória.

- Eu prefiro não responder, não quero trazer atona lembranças justamente na noite de natal. - disse Gabriela.

- Tudo bem, desculpa. - disse Vitória.

- Não se preocupe. - disse Gabriela.

Vitória pegou novamente o presente de Gabriela e ficou observando as fotos.

- Fico até sem graça com o presente que eu te dei, comparado com esse. - disse Vitória.

- Para com isso o seu presente foi lindo, você é linda, então tá tudo lindo. - disse Gabriela sem graça pegando o pingente.

Os sentimentos de Gabriela estavam confusos, a sua relação com Vitória era tão leve, e às vezes ela tinha quase certeza que Vitória flertava com ela, mas ao mesmo tempo as lembranças de sua vida com Marina não saiam de sua cabeça e se intensificavam quando ela ficava sozinha.

- Não sei lidar com essas suas covinhas. - disse Vitória e Gabriela sorriu.

- Acho melhor eu ir indo. - disse Gabriela.

- Tem certeza? É madrugada pode ser perigoso. - disse Vitória.

- São só dois quarteirões daqui. - disse Gabriela.

- Porque você não dorme aqui? Amanhã é Natal, tem algum compromisso? - perguntou Vitória.

- Mas nem tenho roupa pra dormir aqui. - disse Gabriela reticente.

- Não quero parecer insistente, mas eu posso te emprestar um pijama se quiser claro. - disse Vitória.

- Então vou aceitar a sua oferta. - disse Gabriela.

Vitória foi até o quarto e trouxe uma toalha e um pijama para Gabriela vestir. Gabriela foi até o quarto de Vitória e tomou seu banho, não pode deixar de notar o perfume que tinha sobre a bancada o mesmo cheiro que estava no casaco que Vitória tinha lhe emprestado em Gramado.

Terminou de tomar banho e viu que Vitória já tinha tomado seu banho e estava deitada na cama.

- Ficou um pouco pequeno mas serviu. - disse Gabriela mostrando o pijama para Vitória.

- Ficou ótimo. Vem deitar. - disse Vitória.

Gabriela observou a cama de casal, não estava em seus planos dividir a mesma cama que Vitória, mas que mal teria não é mesmo?

Gabriela deitou ao lado de Vitória e ambas conversaram o restante da madrugada sobre as suas vidas. Vitória fazia questão de deixar de lado o assunto da ex de Gabriela que ela sabia que não era um assunto que Gabriela ficava a vontade.

Adormeceram ao amanhecer juntas na cama e Vitória acordou com o despertador do seu celular que marcava meio dia. Acordou e viu Gabriela com um braço e uma perna em cima dela quase em uma conchinha. Delicadamente desligou o celular e continuou naquela posição.

Quantas vezes ela já tinha dormido com suas amigas na mesma cama? Não era nada demais e acabou adormecendo novamente.

Vitória acordou com um cheiro vindo da cozinha, olhou ao seu lado e Gabriela não estava mais ali. Fez a sua higiene matinal e foi até a cozinha.

- Bom dia, ou melhor boa tarde. - disse Gabriela.

- Bom dia. - disse Vitória.

- Resolvi me meter aqui na sua cozinha e preparar algo pra gente, não tem problema né? - disse Gabriela.

- Quero ver seus dotes culinários. - riu Vitória.

- Você tinha na despensa várias opções de comida tá se preparando pro Apocalipse? - brincou Gabriela.

- Preciso alimentar o meu monstrinho interior. - disse Vitória.

Gabriela preparou o almoço e ambas comeram enquanto conversavam amenidades. No fim da tarde Gabriela pegou suas coisas e resolveu voltar pra casa. As duas trocaram um abraço na porta de Vitória que demorou mais que o habitual e as duas se despediram.

Gabriela chegou em casa com um sentimento diferente no peito, a noite passada tinha sido ótima com Vitória, mas ela não queria identificar os sinais de forma errada. Ligou seu celular que ela tinha desligado na casa de Vitória e logo recebeu várias mensagens de Marina.

- Preciso te ver. - dizia a primeira mensagem.

- Estive na sua casa e você não estava. - era outra mensagem.

- O que Marina quer? - perguntou-se Gabriela até escutar uma batida na porta. Assim que abriu deu de cara com Marina.