Capítulo 2

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O ensaio havia terminado e Gabriela foi direto para sua casa estava cansada e com dor de cabeça. Tomou um banho e foi para sala, não estava com cabeça para adiantar trabalho resolveu ligar a tv, queria olhar a tal novela que Vitória fazia.

Era uma novela de época e pelo pouco que Gabriela tinha entendido a personagem de Vitória estava apaixonada por um homem, mas teria que casar com o outro.

- Mais clichê impossível. - disse Gabriela olhando a tv.

A personagem de Vitória deu um beijo em um rapaz e saiu correndo na cena. Olhando aquela novela Gabriela se dava conta porque ela tinha parado de ver novela, eram nuances de clichês por todos os lados. Mocinha apaixonada que não pode ficar com seu amor e blá blá. Pegou o controle da tv e desligou, não tinha estômago para ver aquilo.

Gabriela sabia que precisava dormir embora relutasse, pois sabia o que estava por vir. Deitou-se na cama e logo adormeceu acordou suando como acontecia todas as noites e chamando o nome de Marina.

Ela nunca lembrava bem o que sonhava, mas a sensação era sempre a mesma que Marina corria perigo e ela era a única que podia ajudá-la. Imediatamente ela tinha vontade de pegar o celular e ligar para a ex-namorada, mas logo a sua sanidade voltava ao normal e ela desistia.

Depois daquele sonho que Gabriela tinha todas as noites, ela tinha sérios problemas para pegar no sono, virando-se e revirando-se sobre a cama, dormindo e acordando.

Fazia seis meses que Gabriela e Marina haviam terminado e desde então os pesadelos tiveram início. Gabriela estava fazendo terapia para tentar acabar com aqueles sonhos, mas nas últimas semanas ela tinha faltado as sessões. Doía demais ter que falar sobre Marina com a terapeuta principalmente porque aquilo envolvia mexer em muitas feridas.

A terapeuta a incentivava a deixar Marina ir, para que só assim conseguisse se libertar dos pesadelos. Mas não era tão simples Marina foi parte da vida de Gabriela por seis anos e não era fácil esquecer tudo aquilo em apenas seis meses.

Gabriela era estudante de jornalismo, mais por influência dos seus pais do que por escolha própria. Como era jovem e não sabia muito bem o que queria da sua vida acabou cursando jornalismo. Na faculdade ela conheceu Marina, uma jovem que despertou em Gabriela coisas que ela não sabia que eram possíveis existir.

Logo Marina e Gabriela se tornaram melhores amigas, Marina, uma mulher bissexual, era um verdadeiro furacão que deixava marcas em todos que passavam por sua vida e com Gabriela não foi diferente, ela ficou completamente apaixonada pela amiga, mas não sabia como lidar com aquele sentimento.

Marina namorava Roger estudante de direito. Os dois viviam um romance conturbado já que a família de Roger tinha um grande poder aquisitivo e não aceitava o namoro dos dois. As brigas entre os dois foram ficando cada vez mais frequentes e Gabriela era o ombro amigo que Marina desabafava.

Quando Marina descobriu que estava grávida de Roger, ele surtou e disse que o filho não era dele. Eles brigaram feio e embora Gabriela tivesse incentivado Marina a procurar seus direitos, ela não quis.

Gabriela acabou se formando em jornalismo para logo depois encontrar a sua verdadeira paixão a fotografia. Com a ajuda da herança de sua vó ela conseguiu abrir o estúdio que hoje era sua fonte de renda.

Marina sumiu por um tempo da vida de Gabriela e quando reapareceu tinha largado a faculdade e arrumado um emprego modesto, embora estivesse morando em um apartamento próprio e bem localizado que de acordo com ela tinha sido deixado por uma tia.

Gabriela acompanhou os últimos meses da gestação e ajudou Marina com os primeiros meses de vida de Arthur o filho de Marina fruto de sua relação com Roger.

Era uma noite chuvosa e Gabriela tinha ficado de cuidar de Arthur que estava com seis meses, para Marina sair com um cara que tinha conhecido em um aplicativo.

Gabriela chegou toda molhada no apartamento de Marina que estava toda arrumada.

- Tô gata né? - perguntou Marina.

- Muito. - disse Gabriela.

- Excelente, espero que role hoje, tô precisando transar e acabar com o celibato. - disse Marina.

- Achei que você tivesse transado com a sua vizinha. - disse Gabriela.

- Foi quase, mas o marido dela chegou, por isso preciso transar hoje aquela mulher me deixou louca de vontade. - disse Marina.

- Boa sorte a cidade está alagada com esse temporal. - disse Gabriela.

- Sério? Não acredito que eu vou seguir em celibato. - bufou Marina.

- Talvez eu possa te ajudar. - disse Gabriela.

- Como? O que eu preciso você não pode me ajudar Bi. - disse Marina.

- Você não percebe né? Eu tô sempre aqui por você, eu faço tudo o que você me pede, será que você não percebeu que eu gosto de você? - bufou Gabriela.

- Gosta? Tipo amor, tipo casal que beija, transa?

- Sim Marina eu sou apaixonada por você já tem um tempo. - disse Gabriela.

Marina observou Gabriela e saiu da sala indo até o quarto ver Arthur que dormia tranquilamente. Assim que voltou a sala ela beijou Gabriela ferozmente e elas transaram no tapete da sala a noite toda.

A partir daquele dia elas iniciaram uma relação conturbada. Gabriela fazia todas as vontades de Marina e ajudava em tudo que ela podia. Sua terapeuta diria que ela começou a viver para Marina e não para si mesma.

A vida de Gabriela se tornou a vida de Marina e quase sempre ela dormia na casa de Marina. A relação foi marcada por altos e baixos, muitas foram as brigas entre as duas que resultavam com Marina transando com desconhecidos enquanto Gabriela ficava em casa cuidando de Arthur. Durante seis anos essa foi a tônica da relação das duas até um dia em que Marina ligou para Gabriela dizendo que precisava conversar com ela urgentemente.

Gabriela foi ao seu encontro e ela contou que tinha sido procurada por Roger depois de longos seis anos, ele estava exigindo a guarda de Arthur. Gabriela tentou argumentar que nenhum juíz tiraria a guardar de uma mãe, mas Marina parecia aterrorizada.

Roger ia se candidatar a deputado com a ajuda da família e não podia ter pontas soltas em sua vida e estava querendo a guarda de Arthur.

- Você não entende ele sabe sobre nós e pode usar isso pra tirar o Arthur de mim, além do mais a família dele é uma das mais ricas do Brasil como eu vou lidar com isso? - lamentava-se Marina

- Isso não quer dizer nada, vamos lutar contra eles ninguém vai tirar o Arthur da gente. - dizia Gabriela.

Mas não houve jeito, Marina estava determinada, naquele dia sentada na confeitaria ela terminou sua relação com Gabriela e pediu para ela nunca mais a procurasse, pelo bem de Arthur.

Gabriela ficou arrasada e seu estado começou a afetar seu rendimento no trabalho. Várias foram as vezes que Celina teve que ir até o seu apartamento atrás dela. Gabriela chegava quase sempre na agencia de calça jeans e blusa branca, tinha virado quase um uniforme. A derrocada final aconteceu um dia após terminar um ensaio Gabriela foi checar seus e-mails e se deparou com um notícia sobre o então pré candidato a deputado Roger que estava planejando se casar com sua namorada Marina.

Aquela notícia foi como um choque no peito de Gabriela que não acreditou no que estava lendo. Depois de tantos anos o verdadeiro motivo do término de Marina foi para ficar com Roger que a tinha abandonado juntamente com Arthur. A partir daquele dia Gabriela começou a frequentar a terapeuta e seus pesadelos começaram.

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