Capitulo seis

1K 115 72
                                    

Não crie ilusões de que entre criminosos há compaixão. Para homens cruéis como eles, esta palavra não significa nada.
Ninguém intercederá em teu favor, mesmo que implore por ajuda.
É como está no meio de predadores, onde o fracos é subjugado, vencido e engolido.
E nessa comparação eu sou a presa fácil de um predador impiedoso.
Rock me arrasta no meio das pessoas até a saída do cemitério. A cena não passa despercebida. No entanto, há um certa cumplicidade no comportamento de todos ali. Ninguém se incomoda. Fazem vista grossa ao fato de que uma mulher está sendo agredida, forçada de maneira bruta por um homem insandecido.
Completamente vergonha, mas também indignada, luto para livrar- me dele. Assim que acontece. estão acostumadas com esse tipo de tratamento. Outras mulheres penalizadas, evitam olhar a cena.
Quanto ao homens, esses são omissos, pois apreciam e consideram a agressão contra mulher aceitável e correta.

Não tenho dúvida de que esse fato será um prato cheio para fofocas e especulações. Meus olhos lagrimejam, enquanto Rock me arrasta com violência até a saída do cemitério.
Lutar é inútil, contra mãos tão ferrenhas.

-- Me solta! Você está me machucando. -suplico.

Prontamente, um soldado se apressa em correr e abrir a porta da limusine, onde sou jogada no banco detrás com brutalidade. Meu corpo tomba pesadamente entre os bancos. No mesmo instante me levanto, ao barulho da porta sendo fechada e travada.

-- Você não pode fazer isso comigo! - contesto, batendo os punhos contra o vidro.
-- Abre essa a porta! Abre! - Grito com voz estrangulada. Meu coração pulsa tão rápido e com tanta força que o ar parece faltar nos pulmões. Percebendo que não serei atendida, em torpor, desmorono sobre o banco, deitando a cabeça no encosto e fechando os olhos, soluço descontroladamente. Penso em Felipo e lamento sua morte. E a culpa de que alguma forma colaborei para seu trágico destino, me corrói implacável. Sou envolvida por uma terrível sensação de perda e abandono.

E com desgosto, me pergunto : "Como meu pai um homem tão poderoso e temido não tem poder para me ajudar ?"

"Qual a finalidade de tudo isso?"

Minha mente divaga com perguntas sem respostas. Quanto mais analiso a situação, menos compreendo. E mais aterrorizada fico.
Não conseguindo me controlar, soluço novamente. De repente, as lembranças da minha infância, surgem de modo cruel. Suspiro ao lembrar do internato, onde passei quase toda vida longe dos meus pais. Algumasrecordações ainda me fazem sofrer, mesmo depois de anos.
A verdade é que nunca fui amada de verdade, nem por meus pais, nem por ninguém.
Talvez a morte fosse um refugio melhor. Quem sabe, eu encontraria a paz que nunca tive. Assim como Lorenzo, Rafael e por último Felipo...

Meus pensamentos e lamúrias são interrompidos, quase meia hora depois, quando a porta da limusine é aberta abruptamente, fazendo com que sobressalte-me sobre o assento.
Alto e ameaçador Rock adentra, ocupando o espaço, que subitamente tornou-se um cubículo. Ele se joga no banco, assustadoramente perturbador e recosta-se no encosto. Seus olhos negros impenetráveis fixos no meu rosto. De imediato enrijeço, com tamanha hostilidade. Noto um músculo pulsando na mandíbula dele, ao dar ordem para que o motorista dê a partida. Afastou o olhar, tentando me livrar do magnetismo que ele exerce sobre mim.

Logo a seguir, partimos escoltados por mais três veículos com soldados armados.

Durante todo o trajeto mantenho-me ocupada em observar a paisagem deixada para trás.
O silêncio constante, seria bem-vindo se não fosse tão opressor e carregado de tensão.
Em alguns minutos a limusine se mistura com outros veículos no intenso tráfego no Centro de Nápoles. Atenta a viagem, percebo quando o Mercedes desvia-se da rota e segue em direção oposta ao ao bairro onde fica a cobertura. Experimento uma terrível onda de pânico, por desconhecer o que isso significa.

Com Você No Coração (O PRAZER DA VINGANÇA)disponível Na AmazonWhere stories live. Discover now