4 • aquele do abraço

457 37 1
                                    

Julieta e Thomas, 16 anos

"— Vocês realmente acham que se formos correndo não vamos nos molhar tanto? — A garota perguntava aos amigos.

O trio estava se apertando sob o toldo de uma pequena lojinha que tinha na rua de trás das casas de Tom e Julieta. Já havia passado uma hora e meia desde os seus horários de voltar para casa, mas eles não tinham culpa de amavam a lanchonete do senhor Williams e amavam mais ainda estarem juntos. Eles sabiam que estariam encrencados caso atrasassem mais algum segundo, e a forte chuva que balançada os galhos das árvores e que mesmo em baixo do toldo, fazia com que leves pingos caírem em seus rostos, não estava sendo sua maior aliada naquele instante.

— Claro que vamos nos molhar, mas pelo menos vai ser mais divertido. — Harrison riu.

-— Olha, toma aqui. — Tom tirou sua blusa de frio e deu para a garota. — Segura na cabeça, como um guarda chuva — ato fez o coração da morena aquecer e Harrison fazer uma nota mental de zombar Tom por aquilo ainda naquela noite.

— Tudo bem. — Ju respirou fundo fazendo o que Tom mandou. — Vamos no três. — Olhou para os garotos que assentiram. — Um... dois... três!

Os jovens foram o caminho inteiro correndo e gargalhando, era sempre assim, eles riam de absolutamente qualquer coisa quando estavam juntos, eles se sentiam livres na presença um do outro, era como se pudessem ser a melhor versão deles mesmos, sem se preocupar com quem estava observando, porque eles sabiam que entre eles não haviam julgamentos. E nada, nem mesmo a bronca que levariam quando chegarem em casa, poderia tirar o sorriso do rosto dos três jovens naquele momento.

— Tchau idiotas. — Julieta gritou da porta de casa antes de Tom e Haz entrarem na casa do moreno.

— Até amanhã, querida. — Tom lhe gritou de volta enviando um beijo no ar, ela fingiu pegar e guardar no bolso de dentro de sua jaqueta.

Ao abrir a porta de casa e ver sua mãe com uma expressão claramente brava, o sorriso da pequena falhou por segundos, ela estaria encrencada, mas estaria encrencada por um bom motivo e no fundo, sabia que se encrencaria mais mil vezes se isso significasse estar mais algum tempo perto de seus melhores amigos"

·•·•·•·

•TERCEIRA PESSOA•

Já era manhã na pequena cidade do interior da Inglaterra. Fazendo uma única xícara de chá, Julieta sentou na pequena varanda que tinha em frente a sua casa, essa era uma das coisas em que ela tanto queria fazer, apreciar a bela vista de onde cresceu, sem se preocupar por alguns momentos se sua editora estava a enlouquecendo por um livro novo, ou se seus pais não aprovavam sua decisão de voltar para aquela cidade... não, ela não iria pensar em nada daquilo, ela só queria sentar com a cerâmica esquentando as palmas de suas mãos e observar os carros passarem pela rua que correu inúmeras vezes.

No último gole de sua xícara, a morena estava encostada na pequena cerca da varanda quando ouviu a porta da casa ao lado bater. Era Harrison, ela ficou feliz em o ver, mesmo que de primeira ele não tenha notado sua presença - o garoto sempre foi muito aéreo sobre as coisas que aconteciam ao seu redor -. Seguindo ele com os olhos, ele só veio perceber os olhares da garota sobre si quando passou em frente da casa. Ele de primeira não teve uma reação, claro que ele já sabia que ela estava de volta, Thomas havia sido fofoqueiro mais uma vez. Mas era diferente você saber porque alguém lhe contou e realmente ver com os próprios olhos.

Harrison suspirou aliviado por ver a garota. Preocupação foi o sentimento que mais pairou sobre ele nesses últimos seis anos em que não teve notícias dela. Preocupação sobre se ela estava se metendo em encrencas maiores que chegar tarde em casa. Preocupação sobre se ela estava se alimentando direito, ela sempre esquecia de comer quando estava muito preocupada ou ansiosa, seja com provas ou com alguma outra coisa. Preocupação sobre se ela ainda estava viva. Preocupação sobre se ela já havia arrumado amigos para substituir ele e Tom, se eles provam suas receitas horríveis com um sorriso no rosto, se eles a acompanhavam em todos os lugares para que ela se sentisse segura, se eles ficavam com ela quando ela só queria ficar em silêncio e chorar sem realmente explicar o que aconteceu, se eles eram amigos melhores que eles dois já foram...

Dispersando seus pensamentos, ele foi até a mulher com os braços abertos, feliz por ver que ela estava tão bem e mesmo que continuasse com seus traços marcantes, ela ainda estava diferente. Julieta não conseguia expressar sua felicidade ao abraçar Harrison, talvez ele não estivesse tão bravo com ela quanto Thomas estava. Ela se apegou a isso enquanto sentia o cheiro do perfume levemente amadeirado do homem misturado com o amaciante de suas roupas, esse era um dos cheiros marcantes de sua infância, e de certa forma o fazia parecer mais real. Julieta era uma garota que amava contato, então ela sempre estava abraçando e beijando as pessoas que ela amava, mas nenhum abraço era como os de Haz e Tom, e mesmo depois de anos, ela se sentia extremamente segura estando nos braços dos - talvez agora ex - amigos.

— Estou feliz que esteja de volta. — Ele disse baixo.

— E eu feliz por vocês ainda estarem aqui. — Sorriu enfim soltando o amigo. — E fico feliz por saber que você não me odeia tanto quanto o Tom. — Suspirou.

— Ele não te odeia, só dê um tempo para ele assimilar o que aconteceu. Nós dois éramos melhores amigos, mas você e o Tom, além de melhores amigos eram namorados. Ele ficou sem chão quando você foi embora.

— E eu por ter que ir embora, Haz.

— Eu imagino, pequena. — Ele sorriu, Julieta sempre foi baixa, mas agora ela estava mais, os meninos haviam crescido desde os seus dezessete, já ela... Ele achou melhor não comentar.

Harrison não ficou por muito tempo, ele disse que ainda tinha algumas coisas para resolver antes do meio dia, mas ele ficou tempo o suficiente para fazer Julieta se arrepender de não ter voltado para a cidade antes, ela teve outras oportunidades, mas nunca achou que iria voltar. Ela achava que era uma garota da cidade grande e que o interior da Inglaterra não era mais sua cara, mas estava completamente errada, até porque, lar é onde o nosso coração está, e ela sabia que mesmo depois de anos o dela sempre esteve no mesmo lugar.

Years Ago • Tom HollandWhere stories live. Discover now