• traveling to my dreams

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Junho, 22.2017

Kendall teve uma vida difícil, seu pai era severo, sua mãe não era muito diferente, e supunha ter sido essa razão de tantos anos de casamento. Ela era originalmente da Romênia; seu pai a conhecido quando ficou baseado na Alemanha. Ela falava muito pouco inglês quando a lhe conheci mas nunca questionei a sua cultura em que havia sido criada. Cozinhava, limpava e lavava as roupas; de tarde trabalhava como garçonete. No final da vida, havia aprendido um inglês aceitável o suficiente para se tornar uma das modelos mais bem pagas da indústria da moda, mas seu sotaque ainda era forte o bastante, para as vezes fazer as pessoas terem dificuldades em entende-lá.

Quando conheci Kendall, é claro que já tinha namorado, mas nunca se apaixonado, e, às vezes duvidava de que algum dia fosse acontecer.

Seus antigos relacionamentos foram frustrantes; Ben Simmons com certeza era maluco. Bem, talvez não tecnicamente - ele era inteligente, porém, pelo que eu pôde perceber, não tinha empatia alguma, era o tipo de pessoa que só pensava em si mesmo e seus próprios interesses. Na época, Kendall teve que ler um romance de um autor contemporâneo para interpretar um personagem para um ensaio fotográfico, portanto escolheram 𝘖 𝘴𝘪𝘭ê𝘯𝘤𝘪𝘰 𝘥𝘰𝘴 𝘐𝘯𝘰𝘤𝘦𝘯𝘵𝘦𝘴. No livro, descobriu que o protagonista, Hannibal Lecter, não era psicopata; era sociopata; foi a primeira vez que percebeu haver uma diferença entre as duas palavras. Apesar de Simmons não ser um canibal assassino, tinha a sensação de que ele e Hannibal possuíam mais semelhanças do que diferenças, pelo menos em relação à visão de mundo e de seu papel nele.

Kendall sempre deixa se dominar pela emoção. Ela é frustada e ciumenta. Mas no início do nosso namoro, nunca tive a sensação de que ela tivesse algum problema, além de questões emocionais, uma alavanche hormonal e imaturidade que deixam seu rastro de destruição por aonde passava.

×

À tarde encontro Kendall sentada em uma cadeira de praia com um livro no colo, lendo à luz do sol

Ela ergueu o olhar ao me ver se aproximando, mas voltou a se concentrar no livro, sem dar um sinal de surpresa ou de alegria por eu ter passado para as audições da X- Factor.

-Só passei para ter certeza que estava bem. À tarde está linda não é mesmo? - Digo

- Escuta, por que tanta insistência? - Ela diz enquanto virava uma página do livro.

- Na verdade, eu vim aqui porque fiquei chateado em questão do que está acontecendo com a gente e não queria que você tivesse que ficar aqui, e achei que fosse precisar de companhia - Lhe respondo com a voz frágil.

- Estou bem sozinha. Pode ir embora - Dizia fazendo apenas um sinal de despedida.

Ficamos em silêncio, enquanto ela estava lendo, apenas fiquei em pé olhando a paisagem e sentindo o calor de Santa Monica.

-Posso lhe fazer uma pergunta? - Digo.

- E posso impedi-lo? - Kendall me encarou seriamente - Fala, o que você quer?

-Você ainda me ama? - Nesse momento, me abaixo e encontro com meus olhos fixados com o de Kendall - O que foi agora? Não quer falar comigo? Me trata mal todos os dias e nem sequecer pode responder  minha pergunta?

Sinto o pânico invadir seu interior, levantando se dá cadeira, recuando com passos longos. Mesmo assim, ela não saiu do lugar. Consigo sentir sua angústia, ela não sabia bem o que iria fazer se eu me aproximasse de repente, mas à medida que o tempo passava, percebo que ela não tem coragem em dizer a verdade. Cansado de esperar uma resposta, saiu de perto, e entro em casa.

Levanto a cabeça quando Kendall entrou no quarto. Embora ela tivesse sorrindo forçado e se esforçando ao máximo para garantir que estava bem, mas consigo perceber sua expressão ao pegar seu livro e  deitar na cama.

Não consigo dizer se ela estava triste, brava ou assustada, e, enquanto eu pensava se deveria ir falar com ela ou não, sabia que o que ela queria mesmo era lidar com aquilo sozinha.

No silêncio do quarto, percebo que a respiração de Kendall está calma. Ela já estava dormindo; o sol e o ar puro o deixavam cansado de uma maneira que Los Angeles não era capaz. Me sinto aliviado por me permitir render à tensão dos últimos dias. Fico no quarto contemplando a paz absoluta do momento, desejando mais uma vez por um sinal de presença divina. A luz do luar penetrava pela janela, e dava para ouvir o som regular do vento batendo nas cortinas. As estrelas brilhavam ao longe como se algo anunciasse uma presença em algum lugar. De repente, me sinto cansado.  Então me aproximo um pouco de Kendall, e lhe dou um beijo na delicada face dela, sentindo mais uma vez o amor que eu não conseguia ter por ela, uma angústia tão intensa quanto a dor.

Fico me perguntando quando eu vou poder largar toda essa dor. Sabia que eu tava passando tudo aquilo por medo de deixá-la destruída mais do que já estava. Eu me sentia totalmente inútil de está fazendo isso.

×

Quando o sol estava nas dunas, eu reflito sobre o que havia pensado na noite anterior e decido caminhar na varanda. Acima de tudo, eu queria voltar pra casa com a mesma expressão de paz que eu observava entre as pessoas que atravessavam as ruas de los angeles, porém, conforme eu olhava aquilo, não conseguia de parar de sentir um desequilibrado, sabendo que isso seria impossível.

Logo depois vejo Kendall acordando e olhando para o relógio, aliviada por ter conseguido dormir até tarde pela primeira vez desde que havia chegando nesse hotel. Apesar de não ser muito tarde quando se levantou, sinto que suas energias estão renovadas para mais um dia. A televisão da sala estava ligada e ela me vê assistindo a ela quando saiu do quarto. Eu estava deitado de costas no sofá, com a cabeça enfiada no travesseiro e olhos fixos na tela. Meu pescoço, que parecia estar pronto para ser arrancado por uma guilhotina, estava cheio de pedaços de bolinhos. Dou mais uma bocada no bolinho e espalho mais migalhas em mim mesmo e no tapete.

Ela estava me perfurando apenas com os olhos, parecia querer perguntar algo, mas sabia que a reposta não faria sentido algum, mas ela nunca se controla.

- O que você está fazendo? - perguntou ela

- Estou vendo televisão de cabeça para baixo - digo. Eu assistia a um daqueles desenhos japoneses irritantes, com criaturas de olhos esbugalhados, que nunca conseguir entender.

- Por quê? - insiste ela

- Por que eu gosto? - Digo olhando para ela do mesmo jeito como ela havia me olhado.

- Meu Deus, ao invés de procurar investir na sua vida por mim, fica sentado comendo esse bolinhos sem graça - Dizia revirando o os olhos.

- O que você acha de parar de dar
palpite sobre cada coisa que eu faço  ou digo, quando ninguém mais diz nada? - Digo. - Você vai continuar me insultando? Só quero saber para ver se aumento ou não o volume da TV, assim eu não te escuto.

- Não precisa, pode aproveitar seus últimos minutos antes de um longo dia - Responde ela.

×

No mesmo dia, à tarde, fomos ao aeroporto para viajarmos para New York, aonde se localizava os estúdios da X-Factor. Foi uma viagem boa. Kendall ficou o maior tempo calada enquanto ouvia música, sua expressão ficava bastante concentrada. Era como se, na maior parte do tempo, ela não tivesse totalmente presente, como se uma parte dela lutasse com dores, lembranças ou pensamentos sombrios. Ela também estava cansada de tudo o que estava acontecendo, mas sua ignorância falava mais alto...

Heart On FireWhere stories live. Discover now