Quarta, 16 de julho - Antibes + Juan Les Pins

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Esse dia começou bem cedo, umas 3h da manhã eu diria. Kike e Álvaro apareceram querendo dormir no nosso quarto. Kike com a Barbara, mas e o Baby com quem? Ele queria dividir a cama com a Isabela e isso sobrou pra mim. Ela resolveu vir pra minha cama. Às 5h da manhã toca o alarme e eles somem. Quem entende? Não sei o que Kike e Bárbara fizeram enquanto nós estavamos dormindo, mas espero que tenha valido a pena. 7h da manhã eu acordo de novo com a Bela dando uma bronca na nossa filhote. Com 15 anos, pais separados e 2 irmãos mais velhos, a nossa amiga princesinha mimada recebeu a maior bronca da vida dela naquele dia. Logo de uma baixinha, peituda, bunduda, com voz e olhos de esquilo. Eu só rindo desse dia que mal havia começado.
Com o espírito do foda-se (uma expressão que eu repetia toda hora) e de tranquilidade eu comecei essa quarta-feira. Nada podia tirar essa infinita tranquilidade. Peço que você pare de ler nesse ponto e ouça The Beast - Angus and Julia Stone pra entrar nesse clima também.
Então, no café da manhã, eu e a Bela fomos com nossos pijamas iguais. Rosas de bolinha branca e bem curtinhos. Aquele dia eu queria saber qual a palavra em inglês pra bajuladoras, porque desde esse até o último dia, várias garotas começaram a usar seus pijamas no café. Depois disso, fomos pra aula, descobri que tinham me pulado de nível. Agora eu sou da sala do Martin e da Bárbara. Sou recepcionada por uma professora muito chata e que não fala inglês. Tudo bem, melhor praticar meu francês. Antes mesmo do primeiro exercício o Martin começa a gritar pela sala "mamada". Bem, tudo bem que essa não é a expressão mais usada em português pra dizer boquete, mas é em espanhol, francês e italiano, ou seja, quase toda a sala, incluindo a professora, conseguiu entender. O que eu poderia dizer? Fui eu que resolvi fazer essas coisas com um projeto de homem. Agora ele contou pra todo mundo. Ah, foda-se. Como sempre, foda-se. No intervalo, já super irritada com os deveres difíceis desse nível e com essa professora, resolvemos pegar um presentinho no quarto pra ela. Arrombamos a porta (como todo dia), tomamos um shot de vodka e pegamos meu gnomo rosa do Projeto X. Quando voltamos pra aula, descobrimos que ela falava, sim, inglês....
- O que é isso? Ela diz com o sotaque carregado
- É o nosso amigo. Diz Bárbara
- O nome dele é shisha. Eu completo
Então, depois de um discurso moralista ela coloca o Shisha em cima da mesa. E eu digo:
- Ótimo, era um presente pra você!
Mais brava ainda, ela coloca ele deitado na mesa e eu protesto:
- Professora, não deixa o Shisha dormir durante a aula!
E ela só responde:
- A Bárbara dorme o tempo todo
Nada mais interessante aconteceu nessa aula. Só os alemães gatos acabando comigo no francês. Porque me pularam de nível?
Nós almoçamos o de sempre. Crepe, peixe, ou frango, não lembro. Depois, eu fui fumar no banheiro. Quando eu chego no quarto, a Bela está ainda mais brava com a nossa amiga. Então nós largamos o casal e vamos pra Antibes só nós duas. Tiramos fotos, fomos pra praia, fizemos compras etc. Quando de repente, encontramos a Bárbara perdida na cidade. O namoradinho pirralho dela tinha ido jogar futebol. Claro, nós "acolhemos" ela. Adoro o Kike hoje em dia - vou visita-lo na Espanha daqui a um mês, inclusive -, mas ele era uma criancinha no campus. Voltamos pra praia, encontramos uns gatos do outro campus, mas sentamos um pouco afastadas. Mal estendemos nossas toalhas e 3 espanhóis sentam-se conosco. Antônio, Big Álvaro e Baby Álvaro. Sim, aquele Antônio que eu tanto fiquei admirando. Ficamos tomando sol e o Baby Álvaro (que já se acostumou com nossa presença) vai nadar. Os outros dois começam a nos devorar com os olhos, sem nenhum bom senso. Eu já estava começando a me sentir intimidada e a pensar no quanto de sorvete eu tinha comido nas últimas semanas. Tudo bem, não tem mais nada que eu possa fazer mais, parece que esses dois estão adorando. Aquele Antônio tava me deixando maluca. A voz rouca, o tanquinho dourado, aquela cara de malandro. Sem criar expectativas, nada aconteceu além disso, só algumas bebidas, de sempre. Minha cabeça estava começando a rodar. Tinha tomado remédio neurológico, remédio pra ficar acordada, remédio pra dor de cabeça e outro pra gripe, misturando tudo isso com nicotina e álcool. 18h. Melhor voltar pro campus. Pedimos pro Sheldon, nosso monitor americano e maconheiro, uma carona no ônibus que ia levar as crianças. Ele deixou, mas tinhamos que esperar na pracinha. Enquanto esperavamos, apareceram criancinhas pra conversar com a gente, até crianças gostam de brasileiras, incrível. Depois de um tempo, elas pediram pra olhar nossas sacolas, que estavam cheias de vodka. Acho que nesse momento surgiu uma miss simpatia nível máximo que puxou outro papo completamente contrário só pra fugir. Deu certo. Pegamos o ônibus e ficamos conversando com o Sheldon sobre as drogas que ele já experimentou. Acho que esqueci de falar que foi ele que levou o Kike e o Álvaro pro nosso quarto no dia anterior. Pois é.
Passamos rapidinho no campus, bebemos um pouco mais e entramos no ônibus da escola. Hoje era dia de sair. Eu estava muuuito animada. No ônibus, tocando algum hit do Martin Garrix, sentou um italiano na minha frente. Era o italiano da noite anterior. Seu nome é Tommaso. Hoje em dia eu sou, particularmente, apaixonadinha por ele, um conquistador. Cabelo castanho, olho claro, 17 anos, 2 metros de altura, uma cara de rebelde domável. Sei lá. É o charme italiano. Conversando com seu amigo (o do Bone OBEY), que estava atrás de nós, ele mostrou um papel, seda, pra fumar. Isabela, desnibida, como sempre, perguntou o que era e ele disse na cara de pau:
- Weed, marijuana, do you know?
E como se pudessemos ler a mente uma da outra, perguntamos se podiamos ir fumar com eles. A resposta foi sim, claro. Brasileiras. Descemos do ônibus, seguimos eles, e fomos esperar o Dealer no Subway. Descobri que além dos 2 italianos, iriam 3 espanhóis, Gonzalo, Bruno e Bores. Sim, Gonzalo. Quem se importa? Eu não.... Foda-se. Já estava de olho em um italiano, um alemão, e outro espanhol além dele. Ops. Sentamos do lado de fora da lanchonete e ficamos conversando sobre qualquer idiotice, quando o Tommaso diz:
- Ingrid, você tem namorado no Brasil?
Assim, na cara de pau. Eu disse que não e a Bela mandou (em potuguês) eu parar de fazer voz de puta. Ok. Desculpa, Bela. Tommaso vai, todo feliz, pra entrada encontrar um cara de bicicleta. Parecia coisa de filme. Um cara muito zuado que se diz Dealer. Enquanto isso, Isabela tava se cagando de medo porque tinha sonhado que nós tinhamos sido presas. Vou adiantar o fato de que (nessa noite) ninguém foi preso.
Quando o Tommaso voltou, fomos pra uma praia distante e sentamos num pier, com uma vista incrível pras montanhas, iates, etc, a mesma da primeira vez que eu beijei o Gonzalo. Agora pausa pra mais uma música Keep You - Wild Belle. Com aquele sentimento de leve adrenalina, mas tranquilidade. Eles começaram a fazer umas bolinhas, dobrar a seda, enrolar. O amigo do bone do OBEY, burrinho, quando foi bolar o baseado, derrubou tudo, foi fazer xixi no mar, acabou com a harmonia, a Bela quis matar ele, que nem falava inglês, mas finalmente estava tudo pronto. Eram apenas 2 baseados, mas Gonzalo e Bores so experimentaram. Dividimos entre 5 aquele haxixe. Quando eu traguei, senti um gosto maravilhoso na boca, não tem nada parecido com aquilo pra descrever. Mais pro final, eu estava numa vibe tranquilíssima, morrendo de rir de tudo, sem nenhuma preocupação. Os meninos adoraram. E eu adorava aquele lugar. Não queria voltar pra casa.
Quando tudo acabou, precisei de uma palavra em inglês que eu não sei até hoje. Larica. Putz, que fome! Comprei naquele Subway um sanduiche de 30 centímetros. Acho que o vendedor entendeu o que nós estavamos fazendo, talvez ele conheça o Dealer ou viu nossa lerdeza e olhos vermelhos. Quando a Bela pediu recomendação pra algum molho ele disse:
- I think you would like weed
Claro que essa intimidade instantânea foi só depois de perguntar nossa nacionalidade.
De volta ao ônibus da escola, sentei ao lado de Gonzalo. Estavam todas as luzes apagadas e uma caixa de som, com luzes, iluminava o ônibus. A música eletrônica se mescalava com o hip hop, mas o que mais me marcou foi um remix de Bound 2 do Kanye West. Uma das minhas preferidas e que me lembrou do Brasil. Onde nada disso acontece e eu sou só uma menina normalzinha e sem namorado. Queria saciar essa carência com o Gonzalo hoje. Começamos a fazer carinho um no outro, mãos inocentes, sem malícia. Pode parecer uma besteira, mas esse é um dos momentos que eu não troco por nada. A paz interior era a maior que poderia existir.
Chegando no quarto, comi meu Subway. Foi uma das melhores refeições da minha vida. Parecia que minha boca gritava de tanto sabor. Talvez fosse a larica, mas isso não importa. Bela e eu estavamos explodindo de sabor e Kike e Bárbara só nos observando. Agora, boa com a vida - ou melhor dizendo, completamente chapada e rindo -, Bela estava aceitando esse casal. Não sei se vai parecer tão engraçado quanto foi, mas a filhota pediu um cookie pra ela e acabou recebendo um disco voador no rosto e começou a chorar. Imagina a cena da Bela chapada jogando um cookie no rosto da princesinha e ela começando a chorar e falar com aquele sotaque mineiro "ai Bela, cê machucou o meu rosto". Foi muuuito engraçado. Não? Ta... Tudo bem...
Depois disso, ficamos só as 3 fumando canetinha sabor sabe-se-lá-o-que-era e ouvindo Cone Crew. De repente surgiu uma ideia besta na minha cabeça, ir no quarto do Gonzalo. Quando as meninas ouviram, eu achei que iam me mandar dormir, ou sei lá, mas todas tomamos um shot e fomos. Chegando lá, estava Gonzalo e Bruno (completamente chapado) deitados. Apesar disso, já estava decidida que não ia sair no zero. As meninas dormiram na cama que estava sobrando e eu deitei do lado do Gonzalo. Na cara de pau mesmo. Depois de alguma enrolação, aquele "cabaço" resolveu me levar pro banheiro com ele.
Meus sentidos estavam mais sensíveis do que nunca. Eu ainda estava sob os efeitos. Quando seus lábios tocaram os meus, foi como uma explosão. Mas não sei porque, aquele momento não foi natural. As coisas ficaram intensas rápido demais e ele me pediu pra fazer o mesmo que no dia anterior. Eu fiz, mas dessa vez o único que sentiu prazer foi ele. Eu não conseguia pensar no momento, só pensava no gosto na minha boca e o quanto ele era egoísta. Poxa, ele nunca fazia nada pra mim, nem tirou a minha roupa e, sim, isso faz diferença, se é pra fazer putaria, então que os dois lados participem. Eu me senti vazia. Mas isso não importava mais. Eram férias. Voltei pro quarto e dormi, foda-se.

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⏰ Ultimo aggiornamento: Dec 09, 2014 ⏰

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