Terça, 15 de julho - Cannes

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Último dia de aula no A0+, minha turma e do Gonzalo. Primeira vez que nós não nos falamos em sala. Acho válido, então, falar sobre os alemães da minha sala. Nunca conheci pessoas que fizessem tanta bagunça na minha vida. Eles conseguiam transformar pequenas coisas em malucas. Naquele dia, por exemplo, tivemos uma atividade na aula que sairíamos de sala. Eles conseguiram desaparecer. Literalmente. Foram 2 horas de procura por eles. E eu? Só rindo da coitada da professora. Eu adoraaava aqueles alemães. Quando eles voltaram pra sala, me contaram que planejavam uma guerra de comida. Ninguém topou, ela não aconteceu. Felizmente.

A tarde fomos para a cidade de Cannes. Eu não me cansava daquele lugar. A cidade das premiações era um verdadeiro filme. As praias, as ruas, as lojas, as pessoas, era completamente aquele clichê de Riviera Francesa. Ou seja, bares, iates, lojas de marca, sorvete, homens bonitos, ruas estreitas, calçada da fama etc. Aproveitamos tudo isso no nosso dia. Até tomamos champanhe em um bar por ai. De repente, passamos por uma loja de móveis completamente diferente. Lá dentro era lindo, meu sonho é que fosse no Brasil, completamente contemporâneo e colorido. Rostos de artistas em móveis, formatos abstratos, frases engraçadas, tudo isso, mas o qhe me chamou a atenção foi um duende. Um duende de 40 centímetros do filme Projeto X. Sim, com o dedo do meio e tudo mais. Foram 70 euros (quase) bem gastos. Comprei um rosa e a Bela um prata. A Bárbara? Digamos que ela colocou na bolsa alguns dadinhos atraentes. Influenciada por mim, ela concordou em pegar dadinhos com posições de sexo e lugares. Ele não foi usado, já adianto, mas eu queria muito ele.

Depois disso, compramos uma garrafa com 700ml de vodka e nossas cervejas de sempre. Já no campus, no nosso quarto, resolvi brincar com a Bárbara. A ideia era beber toda a vodka enquanto ela ia ao banheiro. Sim, toda. E eu fiz isso. Claro que ela ficou brava, mas ela tinha outra na mala (que eu e a Bela tomamos, também). Bem "felizes", acabamos nos separando pelo campus (terça não era dia de sair à noite). Depois de falar com todos do campus e até chamar o monitor pra dormir com ela (Bárbara), paramos nós duas no quarto do Gonzalo. Vale ressaltar que não chegamos lá juntas. Havíamos nos separado quando passamos pelo quarto do Antônio (o espanhol de 15 anos), que até jogou desodorante em mim - só Deus sabe porquê. Só sei que eu sai de lá, achei o quarto do Gonzalo e deitei -sozinha- na cama do meio. O quarto completamente vazio com uma garota na cama do meio. Quando a Bárbara aparece, já se passaram uns 10 minutinhos de soneca. Ainda bem que ela me acordou.

Até então, nada de espanhóis no campus. Estavam todos atrasados. Fomos jantar e um amigo do Gonzalo aparece: Martin, um gordinho muito engraçado. Eu peço pra ele me levar até o amigo e me vejo no mesmo quarto que estava dormindo antes. Gonzalo e mais uns 8 espanhóis estavam lá. Que vergonha, nunca faria isso sóbria. Depois de algum papo furado de bêbada, eles entenderam o recado e começaram a sair. Quem chegou foi Bárbara e Kike. Ficamos só nós 4 no quarto. Kike, que sabe o que significa cabaço, fala alguma coisa pro Gonzalo em espanhol. Não entendi, mas no meu estado não entenderia nem se fosse em português. Duas meninas "super felizes" no quarto com seus respectivos sei-lá-o-que não poderia dar em nada bom. O outro casal foi pro banheiro e nós ficamos no quarto. Gonzalo fechou as janelas, que traziam luz pro quarto, para que nenhum monitor nos visse. Começamos a nos beijar. Na cama, na porta do armário, na mesa. Éramos bastante criativos pra um lugar tão pequeno. Seus beijos já eram tão brasileiros quanto os meus. Tontíssima eu acho até que falei algo sobre isso. Só sei que nossos beijos estavam perfeitos. Em cima dele, ele tira o meu short, mas não me lembro do que aconteceu ai. Acho que nada aconteceu mesmo. Só sei que desse ponto pro próximo eu realmente não lembro. Quando eu estou consciente me deparo com uma cena nunca vista antes. Eu estava fazendo o que eles chamam em espanhol de "mamada" - sim, o mesmo que português, mas não muito usual. E mais, não foi só uma vez. Foram duas no mesmo dia. "Completas". Sinceramente, acho que tive sorte de principiante, porque ele me disse "seus beijos são incríveis, mas isso mais ainda".

Não sei por quanto tempo Bárbara e Kike ainda ficaram naquele banheiro, mas eu fui pro soirée. O daquele dia era um show de uma banda realmente boa, ainda mais no estado que eu estava. Dancei e cantei com todo mundo e ainda fiquei de casal com o Gonzalo. A única coisa que me incomodou foi que ele contou rapidamente tudo o que tinha acontecido pros amigos. Quer saber? Foda-se. Vale ressaltar que a Bela estava com o Baby Álvaro todo esse tempo. Ela estava brava com o casal-que-não-se-separa. Eu só queria curtir. E consegui. Que noite divertida no campus. No final dela, Gonzalo saiu pra fumar e eu fui andar - ele até mandou um amigo dele me observar, eu ainda estava bêbada. Andando pelo campus, encontrei uns 6 italianos (que so Deus sabe os nomes), eles eram novos no campus. Todos me cercaram e curiosos começaram a conversar comigo. Me perguntaram, dentre outras coisas, se eu gostava de maconha. Eu disse a eles que nunca tinha experimentado, mas que tinha vontade. Me lembro vagamente dessa conversa, mas o que me marcou foram dois caras bem altos, um deles usava um boné escrito OBEY.

Abricot 7112Where stories live. Discover now