- Pensei que a tivesse perdido na multidão.


- Isso quase aconteceu - disse ela, a voz soando bem próxima. - O menino com o balde quase me derrubou, já que o balançava para todos os lados.


A medida que a voz dela se aproximava, Rockhurst sentia o corpo tenso, esperando pelo momento em que ela o tocaria de novo.


E então ela o fez, os dedos deslizando pelo peito dele, aninhando-se a ele como se fosse um gato.


- Creio que me deve uma prenda, milorde.


- Quanto daquele maldito Podmore você leu?


- Não tanto quanto eu gostaria de ter lido - ela confes¬sou, as mãos segurando a lapela do paletó e puxando-o pelos ombros. - Mas infelizmente eu estava cansada demais está manhã, depois de uma noite tão longa, por isso não li mais do que umas poucas páginas.


- Intelectual!


- Você fala como a minha mãe - ela retrucou.


- E ela seria... Hermione riu gostosamente.


- Alguém que você geralmente evita. Foi a vez de o conde rir.


- Oh, sim, isso estreita a minha busca a cada mãe em Londres com uma filha em idade de se casar.


Hermione pegou a mão do conde e o levou até uma cadeira perto da mesa. Então mergulhou um pano em uma vasilha com água. Ternamente, começou a limpar o rosto dele.


- Isso dói? - ela perguntou, os dedos traçando com cuida¬do o queixo dele.


- Não dói nada. Não agora.


- Mas como? Parecia quebrado antes.


- E estava.


- Mas não podia estar. Como poderia...


- Isso sempre acontece - ele disse, pegando o pano da mão de Hermione e limpando ele próprio o rosto. - Coisas sim¬ples como ossos quebrados e ferimentos simples podem sarar quase imediatamente.


- Eu não chamaria isto de ferimentos simples.


- Suponho que não, mas é como um Paratus sobrevive.


O que ele não disse, o que não podia dizer, era que sobre¬viveria até que alguma coisa mais grave, algo tão irrepará¬vel acontecesse que nem mesmo a mágica o ajudaria a salvar sua alma.


Nenhum homem, nem mesmo um Paratus, gostava de pensar naquele inevitável desfecho.


- Faz parte da maldição - ele disse.


- Se isso salva a sua vida, eu diria que é um presente. Rockhurst a puxou para o seu colo e a beijou.


- Você é o meu presente.


- Minha prenda, Rockhurst - ela insistiu, tendo já tirado o casaco dele e começando a desatar a gravata.


- Eu nem mesmo sei o seu nome - ele murmurou. - Sempre quero saber o nome de uma dama antes de...


- Fazer amor com ela? - Hermione saiu do colo dele. - Já passamos bastante dessa fase, milorde - ela murmurou ao se levantar e entrar nas sombras.


Rockhurst ouviu o farfalhar de tecido quando o vestido dela deslizou para o chão.


Ele não podia ver a cor da roupa porque ela o deixara cair em um canto escuro. Não que ele procurasse localizá-lo por muito tempo, porque então a cama rangeu quando ela se deitou.

Por trás das sombras - Elizabeth BoyleWhere stories live. Discover now