Capítulo 16 - Revelações (Parte 1)

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ㅤ ㅤ"Por sorte, antes que eu tivesse que procurar alguém, minha mãe me ligou. Então marcamos de nos ver, escondidos do meu pai. Minha mãe perguntou o que havia acontecido, parecendo achar que eu havia feito algo de errado, porém eu não sabia explicar e contei a situação para ela. Ela disse que era melhor esperarmos algum tempo antes de tentarmos resolver, pois meu pai parecia implacável e ela tinha medo que sobrasse pra ela também. Então, decidimos que ela ainda continuaria me mantendo. E ficamos assim por um tempo. Inclusive, consegui me formar graças a ela. E as coisas pareciam que iriam funcionar assim para sempre, porque meu pai não dava brecha para ela falar com ele e, por consequência, eu não podia voltar pra casa. Quando terminei a faculdade, estava acreditando que conseguiria me tornar um grande biólogo, com uma pesquisa que revolucionaria o mundo e que poderia ajudar diversos problemas. Achei que seria conhecido, seria alguém e que não precisaria nunca mais do meu pai. Foram diversos achismos de um pobre recém formado..."

ㅤ ㅤParou de falar. Samantha o encarou e percebeu que seus lábios estavam levemente trêmulos, como se fosse começar a chorar. Percebia que a coisa não ficava boa a partir dali, mas não era surpresa. Afinal, ele havia virado garoto de programa. Pensou se era melhor esperar e não perguntar nada, mas percebeu que aquela era a primeira vez que William contava sua história para alguém. O garoto não parecia ter se preparado para aquilo, além de ter dito uma vez que não tinha amigos. Então ele havia finalmente revelado sua verdade para ela, além de ter assumido sua história na frente de diversas pessoas. Por ela. Entendia agora porque Will escondera por tanto tempo sobre quem ele era: porque Will nunca havia se aberto para alguém sobre aquilo, de modo que ele não se sentia totalmente confortável em falar sobre o que havia ocorrido. Mas finalmente ele estava ali, contanto tudo para Samantha. A morena colocou sua mão sobre a dele, segurando-a levemente.

ㅤ ㅤ— O que aconteceu? — Incentivou ela, com uma voz calma, tentando tranquilizá-lo.

ㅤ ㅤ— Ajudar os pobres não dá dinheiro, Sammy — respondeu, apertando com força o volante. — Eu desenvolvia uma pesquisa para regiões pobres, onde a renda é extremamente baixa e, por consequência, comprar remédios não era prioridade, não sendo uma área considerada lucrativa para implementação. Por consequência, ninguém queria me financiar.

ㅤ ㅤ— Eu sinto muito — murmurou, sendo sincera em suas palavras. Realmente lamentava pelo garoto ter perdido parte de seus sonhos e esperanças naquela situação.

ㅤ ㅤ— Eu também sinto por mim, porque eu era bem tolo naquela época e realmente foi um grande choque para mim não conseguir colocar minhas ideias a frente. Cheguei a conversar com minha mãe sobre isso, mas ela não só declarou que não podia me ajudar, como ainda tentou me incentivar a abandonar totalmente a ideia e isso pra mim foi o fim. Fiquei puto quando ela me disse aquilo na época. Hoje entendo as razões dela e sabia que ela estava preocupada comigo e meu sofrimento, mas na primeira vez, eu simplesmente não queria aceitar. Eu sou herdeiro de uma enorme empresa, Sam, sempre fui acostumado a ter tudo. Estar perdendo cada vez mais as coisas para mim soava como uma fraqueza, ainda mais porque eu queria provar pro meu pai que ele estava errado, que eu faria ele se arrepender por me abandonar. Meu pai, em compensação, parecia ter realmente perdido o interesse em mim, não duvido que ele tenha até cogitado me tirar do testamento. Mas eu era bobo naquela época. — Riu fraco com as palavras. — Quando falo isso parece que foi eras atrás, mas faz tão pouco tempo, se for pensar... Depois que terminei a faculdade, praticamente perdi o contato dos meus amigos, já que muitos pararam de falar comigo quando viram que eu não era tão próximo do meu pai. Mantive poucos amigos, quase não saindo já que minha mãe estava cada vez mais tendo dificuldade de esconder a mesada que ainda me mandava. Eu precisava arranjar alguma coisa, precisava de dinheiro...

ㅤ ㅤ— Foi quando teve a ideia de ser garoto de programa? — questionou a morena.

ㅤ ㅤ— Não. Naquela época eu ainda pensava que poderia conseguir algo na área de biologia. Afinal, eu era o melhor da classe, as maiores notas, as maiores recomendações. Mas, infelizmente, no mundo dos negócios, o que importa é indicação, não nota. E o fato de eu não ter mais contato com meu pai era algo que ele não escondia, de modo que eu não era interessante para as empresas. Porque, além de ser ninguém naquelas circunstâncias, eu também era alguém que poderia gerar a fúria de alguém. E meu pai definitivamente era e é alguém, diferente de mim. Sem contar o fato de que eu era alguém que já havia tentando financiamento de diversas empresas e chegado a ficar enfurecido com algumas diante da recusa de querer ajudar os mais pobres, então isso me queimou totalmente no meio das coisas.

Namorado de AluguelWhere stories live. Discover now