Capítulo I: A Cidade Escravizada

56 3 0
                                    

O sol estava escaldante, esquentando meu chapéu e sobretudo, o vento tão seco que fazia o nariz das pessoas sangrarem, ou seja, mais um dia normal no estado do Texas.
Eu me chamo Jack Benjamin Togerty, sou um caçador de recompensas e estou a caminho da pequena cidade de Golden Woods, cuja população vem crescendo desde que acharam as jazidas de ouro em 1848, sem contar que mais recentemente, cerca de três anos atrás, o presidente Abraham Lincoln está estimulando a vinda de imigrantes para este estado.
Enfim, estou a caminho do que eu pretendo que seja meu último trabalho como caçador de recompensas, embora eu ainda tenha 27 anos. Carlos "Coyote" Hernández, esse é o nome do sujeito que eu tenho que trazer para a polícia local, ele é procurado por assassinato, formação de quadrilha, roubo, estupro e vários outros crimes horríveis, o que as autoridades oferecem por ele morto é cerca de 2000 dólares, com esse dinheiro todo eu seria capaz de pagar os medicamentos da minha mãe para o resto da vida dela e eu poderia arranjar um emprego decente como barman talvez.
Chegando perto da cidade, passei pelo o que parecia ser um bando de abutres comendo a carcaça de um homem, então eu desci do meu cavalo Barney e me aproximei do cadáver já deteriorado com a bandana no rosto para não sentir o cheiro fétido de carne podre.

—Santo Cristo, alguém devia ter te enterrado camarada.—

Olhei mais cautelosamente ao sujeito morto e vi que ele tinha um buraco de bala na testa. Procurei por algum documento nos bolsos dele e encontrei um documento que dizia seu nome: John Calvin Peterson.

—John Peterson, não é? Deixe me ver o que mais você tem.—

Procurei um pouco mais em seus bolsos e acabou que sua boca esquelética acabou abrindo.
Um distintivo de Xerife.
Ele teve sua língua cortada e o seu distintivo posto na boca. Algo bem macabro, eu diria, mas já estava acostumado com situações desse tipo e até piores que essa.

—Não se preocupe John, farei que sua morte não tenha sido em vão.—

Peguei seu distintivo, coloquei na minha bolsa que estava no cavalo e arrumei o corpo dele com umas pedras por cima e uma cruz improvisada, após isso, parti para a cidade Golden Woods.
Era cerca de meio-dia quando eu cheguei na cidade, tinha alguns comerciantes e trabalhadores na rua.
A cidade era pequena, tinha uma praça onde tinha uma forca, um salão grande, onde as pessoas bebiam e comiam, várias casas e pontos comerciais e, por fim, um posto policial abandonado.
"Do jeito que as coisas andam aqui, eu tenho que ter cuidado com as coisas que falo" pensei.
Amarrei meu cavalo e entrei no salão.

—Como posso te ajudar garotão?— perguntou uma bela moça de cabelos ruivos que trabalhava no balcão.

—Me dê um copo com vinho e me responda uma pequena pergunta.— respondi

—Depende do que você perguntar, então tome cuidado.—

Ela trouxe meu copo com vinho cheio até  boca e ela tomou um gole.

—Isso é para você ver que não está envenenado. Afinal, confiança é tudo por aqui.— falou a moça.

—Obrigado.— falei.

—Então, o que queria me perguntar?—

—Quem era John Peterson?— falei colocando seu distintivo manchado de sangue em cima do balcão.

Ela pegou o distintivo, olhou para ele, deu uma risada e olhou para mim sarcasticamente.

—Vi que você é novo por aqui, como se chama forasteiro?— perguntou ela.

—Jack Togerty, sou caçador de recompensas e procuro um trabalho em específico por aqui, não espalhe por aí.—

—Pode confiar, meu nome é Theresa Fawkes. Agora preciso que me siga, pois não posso responder essa pergunta aqui.—

Então eu me levantei do banco e ela me fez segui para o andar de cima do salão, e vi a parte de baixo onde tinham muitos homens mal encarados e até alguns chicanos por lá,  então ela fez a escolha certa.

—John Peterson era o xerife daqui de Golden Woods, foi morto semana passada por Carlos Hernández e seus homens.— disse ela falando baixo enquanto sabíamos as escadas.

—Eu vim atrás dele, do Coyote.— falei

—HAHAHA, você só pode estar louco!— falou ela enquanto ria.

Chegamos no final de um corredor onde tinha um quarto com a porta semi-aberta. Tinha um homem meio gordo de meia-idade sentado numa mesa contando dinheiro, ele parecia ser o dono do salão.

—Theresa querida, o que faz aqui?— perguntou ele.

—Butch, esse aqui é o Jack Togerty, ele é caçador de recompensas e está em busca daquele trabalho em específico.—

—Caçador de recompensas não é? Ótimo.— falou Butch parecendo contente comigo.

—O que você tem pra mim?— perguntei

—Bem, como nosso xerife foi morto semana passada, basicamente essa é uma cidade sem lei governada pelo Hernández, então eu te ofereço a recompensa que era cobrada pelo Carlos antes.—

—Você está disposto a me pagar 2000 dólares?— perguntei.

—Com certeza, esses arruaceiros capangas do Coyote arruinam o negócio aqui da cidade.—

—Então fechamos negócio.— falei.

—Tem a minha palavra.— falou Butch estendendo a mão para eu apertar.

Apertei a mão de Butch e ele se virou para Theresa e falou:

—Se ele pretende acabar mesmo com a gangue do Coyote, arrume um quarto para ele aqui no salão.—

—Sim senhor, venha comigo Jack, te mostrarei seu quarto.— disse Theresa enquanto me pedia para seguir ela com um aceno.

Eu agradeci a hospitalidade ao Butch e segui Theresa até um quarto pequeno no início do corredor.

—O quarto é pequeno, mas é o que temos para oferecer.— falou Theresa para mim.

—Sem problemas, para mim está ótimo.— respondi.

—Certo, meu quarto é esse aqui do lado, se precisar de alguma coisa, basta bater na parede.—

—Tudo bem.—

Me despedi dela e fui buscar minhas coisas no meu cavalo, após descarregar tudo no quarto, coloquei minhas roupas em um guarda roupa, coloquei minhas armas no outro, eu estava preparado para o que iria acontecer, eu tinha munição e as armas necessárias: dois revólveres Scotchfield, um rifle Springfield e uma espingarda de cano duplo.
Deitei na minha cama e descansei até o início da noite, mas de repente eu escuto:
BANG!  BANG!  BANG!  BANG!
"Mas que porra está acontecendo aqui?"
Saí do quarto e desci as escadas rapidamente, pois os tiros vinham de dentro do salão, eu vi um homem caído morto no chão e vários outros em volta dele e rindo com o que parecia ser o manda-chuva do grupo. Quando desci acabei dando de cara com Theresa assustada e chorando atrás do balcão. Me abaixei e andei com cautela para não ser notado e fiquei atrás do balcão para saber o que estava havendo.

—Que merda está acontecendo aqui Theresa?— perguntei.

—E-ele está aqui, o Coyote está aqui e m-matou o Butch. — falou ela desabando em lágrimas e cobrindo a boca para abafar o choro.

—Chicano filho da puta.— xinguei sem poder fazer nada, pois haviam muitos capangas na área do bar do Salão junto com o Hernández.

— Por favor Jack, faça alguma coisa. Eu não aguento mais viver na mesma cidade desse maldito—

—Não se preocupe, assuma a administração do salão, pois assim que possível eu darei um jeito nesse miserável. Eu prometo.— falei para ela, a consolando.

—Obrigado J-Jack.— disse Theresa me abraçando forte enquanto chorava muito pela morte de Butch enquanto as risadas ecoavam pelo salão.

"Esse pedaço de merda vai pagar pelo o que fez, nem que seja a última coisa que eu faço"
Pensei enquanto consolava Theresa.
Após a situação amenizar e todos sairem do salão, eu voltei para o meu quarto, comi um pouco de arroz com bife e fui dormir com as palavras de Theresa ressoando na minha mente: "obrigado j-jack"
Eu necessito de descanso, pois o dia seguinte vai ser tenso e eu precisava de muito foco para a tarefa de matar o merda do Coyote.
Era matar ou morrer.

Na Estrada Para o OesteDär berättelser lever. Upptäck nu