Soneto 100

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Quando de minhas mágoas a comprida
maginação os olhos me adormece,
em sonhos aquela alma me aparece
que para mim foi sonho nesta vida.

Lá nüa soïdade, onde estendida
a vista pelo campo desfalece,
corro par'ela; e ela então parece
que mais de mim se alonga, compelida.

Brado: Não me fujais, sombra benina!
Ela (os olhos em mim cum brando pejo,
como quem diz que já não pode ser),

torna a fugir-me; e eu, gritando: Dina... a
ntes que diga mene, alardo, e vejo
que nem um breve engano posso ter.

ANÁLISE

O sonho é a possibilidade de materialização e contato com o mundo ideal/freudiano. A amada aparece em formato de alma e não fisicamente, no entanto o sonho se transforma em trauma: quanto mais ele se aproxima dela, mais ela se afasta. O homem, desesperado, grita, clama para que ela fique, mas a resposta é categórica: “já não pode ser”. E foge novamente...

O espírito, num átimo, some. Trata-se de Dinamene, a amante/noiva referida no soneto 080. Parece que o poeta é, de fato, atormentado pela ausência dela e seu sofrimento é real, dentro do sonho (Vide Descartes).

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