O homem sem morte

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Seu pai sempre falava sobre a vez em que sua mãe o levara para conhecer uma vila de wicings no leste, onde ele conhecera um local em que bruxos e trouxas conviviam em harmonia, onde os homens eram enormes e fortes e as mulheres, tão fortes quanto estes. Mas o que sempre a mais fascinara foram os dragões. Seu pai amava os dragões e não economizava palavras para falar deles: como eles eram belos, como era fácil ter medo deles, mas como também era fácil ficar fascinado.

Não era a primeira vez que via um dragão, é claro, mas era a primeira vez que via tantos dragões sendo tratados como animais de estimação. Havia vários deles, de diversas cores e formas, mas todos obedeciam os bruxos e trouxas que viviam naquela vila nas margens do Mar do Norte. Era um lugar bonito e frio, mas não podia arriscar muito tempo por ali. Ainda era muito perto de Alba.

"É muita gentileza, senhor, mas eu realmente não posso ficar," disse Helena, sorrindo da maneira mais educada que conseguia enquanto observava o chefe da aldeia, que parecia não querer se convencer que ela tinha que partir logo. "Peço apenas a gentileza de poder ter um prato de comida e uma cama onde possa dormir por essa noite, pois preciso partir assim que o sol nascer."

"Ora, minha cara." O homem riu fraco, apoiando a cabeça na mão enquanto se ajeitava melhor em sua cadeira naquela sala que parecia quase como um salão comunal, onde todos os outros homens e mulheres se amontoavam para ouvi-la. "Não sei se seria bem uma gentileza. Mais como uma troca... Você vem da Bretanha e é uma das feiticeiras deles. Nós temos nossos feiticeiros aqui, mas poderíamos usar um pouco de seu conhecimento."

"Isso com certeza não seria problema algum, senhor, mas eu realmente não posso ficar mais de um dia."

"Não, não, não..." Ele sacudiu a cabeça, finalmente levantando-se e descendo os degraus de seu púlpito até estar parado na frente da garota. Helena se perguntava como ele conseguia andar com aquela capa de pele que parecia ser bem mais pesada do que qualquer capa ou vestido que ela já havia usado na vida. "Você veio até aqui e precisa trocar algo, minha cara. Uma noite apenas não é o suficiente."

Ótimo. Aquilo significava que eles a estavam fazendo de prisioneira? Primeira parada depois de sair de Hogwarts e já estava sendo ameaçada.

"Senhor... Eu realmente gostaria de poder ficar mais, mas isso não é possível." A moça endireitou a postura, tentando ficar um pouco mais alta. Sua mãe fazia isso. "Mas posso deixar livros ou... pergaminhos com algumas informações."

"Você entende, minha cara, que nós temos colônias na sua ilha?"

"Sim. Já ouvi falar delas."

"Naturalmente nós queremos expandir esse território, mas para isso é preciso ir contra algumas pessoas. Com as pessoas normais nós conseguimos lidar, o problema são alguns bruxos," o homem falou, antes de suspirar pesadamente.

"Posso lhe garantir, senhor, que o seu interesse deve ser maior em locais trouxas do que bruxos," disse Ravenclaw. "Lá nós ainda somos caçados e mortos por praticar magia, vivemos escondidos." Ouviu-se um burburinho baixo surgir ao fundo entre as pessoas que os observavam. "Não há nada que possa lhe trazer... Riquezas entre os bruxos."

"Até mesmo dentro do Conselho de vocês?"

Helena ficou um bom tempo encarando o chefe, antes de não conseguir se conter e soltar uma risada baixa.

"Você quer atacar o Conselho?" perguntou, antes de sacudir a cabeça. "Seria o equivalente bruxo a atacar o rei."

"Nosso povo já fez isso."

"Sim, quando a Bretanha tinha reis fracos e povos desorganizados," disse Ravenclaw. "Nem eu mesma sei que tipo de magia de proteção o Conselho utiliza. Como disse, fico a disposição para lhe entregar todo e qualquer tipo de informação que eu possua até ir dormir essa noite. Depois disso, quando amanhecer, tenho que partir."

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