Capítulo 4 - Atualizado

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Na manhã seguinte acordei sobressaltada de um pesadelo. Mas antes que pudesse anotar em meu diário, a terrível experiência se dissipou em meus pensamentos e não consegui escrever nenhuma linha sobre. Esse fato era bastante estranho, levando em consideração que sempre me lembrava de meus sonhos, por dias a fio muitas vezes. Pensei que pudesse ser apenas cansaço e aproveitei o tempo extra antes da aula para desenhar o nascer do sol, que despontava no horizonte.


- E aí, já pensou em como falaremos com elas? - me perguntou Ada, quase em um sussurro, como se fora uma espécie de segredo.

- Como assim? Com quem? - perguntei, extremamente confusa com qual seria o motivo daquela reação dela.

- Hemera e Nyx, as novatas esquisitonas, é claro.

- Ah! Mas elas são pessoas, não? Vamos só conversar com elas e perguntar se aceitam fazer o projeto conosco. Você pensou em outra abordagem para isso? - perguntei, ainda confusa com o receio que minha melhor amiga demonstrava.

- O que elas são eu não sei, mas ouvi de fontes confiáveis que elas podem estar envolvidas com bruxaria, ou coisa do tipo.

- Isso deve ser boato, Ada. Você acredita em tudo que as pessoas dessa cidade lhe dizem? E por sinal quem são essas pessoas confiáveis? Não me diga que é Miranda.

- Talvez..., mas sério A, parece que elas estão morando em uma casa bem esquisita, no meio da floresta ou algo parecido. Ouvi que há muito tempo as mulheres que moravam lá foram embora, porém nunca mais houveram moradores por lá, pelo menos... até então.

- Porquê? Tinham medo de espíritos na floresta? - perguntei, brincando.

- Parece que a casa nunca foi colocada para venda, mas mesmo assim os poucos curiosos que ousaram aparecer por lá disseram que ouviram vozes e passos dentro da residência mesmo depois delas se mudarem.

- Isso é história, A.

- Então tá, quando elas quiserem te usar para um ritual, ou sei lá, não diga que não avisei.

- Não temos tempo para essas besteiras agora, Ada. Temos um trabalho para fazer, e elas são, provavelmente, as únicas ainda sem grupo. Então, a não ser que queira ficar em um grupo separado de mim, não tem nada que possamos fazer.


Pensei que o melhor horário para conversarmos com as meninas seria o intervalo do almoço. Isso seria verdade, se eu conseguisse achá-las no refeitório. Já tinha desistido de encontrá-las e seguido para a biblioteca, para suprir o meu vício de leitura, quando as encontrei sentadas em uma mesa, cada uma com um livro grosso em mãos. Achei, então, que livros seriam um ótimo tópico para iniciar a conversa com elas e, ainda por cima, descobrir um pouco mais sobre as infames novatas. Mas quando cheguei perto e tentei ler, por cima de seus ombros, me deparei com palavras de uma língua que não conseguia entender marcadas nas páginas. Legal, elas gostam de aprender línguas diferentes, como eu! Mais um assunto em comum para conversar.


- Vocês gostam de aprender línguas diferentes? Que legal, eu também! Qual é essa? Eu não conheço...

Acho que as assustei com meu entusiasmo, pois elas fecharam os livros rapidamente e me olharam boquiabertas. Como não sabia bem o que fazer para melhorar a situação que havia causado, continuei encarando-as com um sorriso tímido.

- Você consegue ler esses livros? - me perguntou Nyx, curiosa.

- É claro, só não entendo o que está escrito. - respondi ainda confusa com a reação das meninas - Basta ter visão conservada para ler, não? - falei e comecei a rir nervosamente.

Elas se entreolharam surpresas.

- Acho que encontramos uma das nossas, Nyx. - disse Hemera e sorriu furtivamente.

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