CAPÍTULO XXII ✓

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PASSADOS OBSCUROS PARTE 1

CHRIS

Um dos fatores primordiais que estavam na minha lista de prevenções contra um futuro ataque de ghouls era contatar Kethlenn Foster o quanto antes; ela ficaria destronada com a notícia. Uma reação evidente e passageira frente ao perigo que nos esperava. No entanto, a detetive que tratasse de se ajustar para defender a cidade. Eu daria o aviso, mas era ela que daria as ordens e as justificativas falsificadas para os companheiros de equipe.

E que belo clima estava naquela manhã. O inverno era sempre a minha estação favorita. Me enchiam de prazer os flocos de neve. As crianças brincavam tão serenas pelas ruas, vestidas com suas roupinhas bonitas para esconder-se do frio. O toque de um vampiro durante o inverno era capaz de congelar a espinha de alguém. Sorte a nossa de não sentir tão piamente os efeitos dos dias gélidos.  

O prédio da delegacia não era nada impressionante, embora preservasse a arquitetura clássica dos tempos em que vivi aqui. Era semelhante à escola, com todas aquelas janelas, quinas e acabamentos. O que havia de novo era o estacionamento atrás do prédio. Onde coloquei o Impala 62 e saí. Os policiais da porta de entrada ficaram me olhando. Era um comportamento típico, já que a minha beleza realmente não era de se desprezar. 

Quando entrei, o interior era bem diferente daquele que havia aqui há dois séculos. Se por fora, havia vestígios vitorianos, por dentro, a modernidade havia se infiltrado em todos os cantos. Tudo era minimalista. As mesas, sem muitos objetos em cima. Cada policial, se ocupava com seu próprio cargo, mesa ou segmento. As cores de tudo eram lisas e sem muitos detalhes. Vi um quadro de assassinatos numa das paredes, seguido por outro com papéis diversos. 

Todos ali me olhavam bem curiosos. Um deles até se levantou, ficando encostado num canto enquanto me olhava ir até a recepcionista. 

 — Posso ajudá-lo, senhor? — perguntou ela, usava uns óculos em formato de salto alto com cordões segurando-os pelas extremidades. O rosto era redondo, de feições asiáticas. Mas a expressão com um pé atrás que ela fazia me deixava aborrecido. Por trás do ray ban preto, desejei controlar seus pensamentos, no entanto, a turma de olhos enxeridos ao redor parecia perigosa e ágil.  

— Quero falar com a detetive Foster. 

— Já agendou a sua consulta, senhor? — Ela futricou no computador. 

— Por acaso estou em um hospital? Não estou vendo nenhum paciente esperando pela própria morte sentado em alguma cadeira de rodas. 

— Não, senhor, mas... 

— Então não agendei nada. Ela não é nenhuma médica com a vida de alguém nas mãos. Apenas quero conversar. 

— Senhor, peço que atenda ao protocolo... 

Uma outra voz permeoou a sala multifuncional, era densa e charmosa ao mesmo tempo. Como a de alguém que conhecia. Como a de alguém que havia ficado ao meu lado durante um resgate. 

— Nathalia, pode deixar ele entrar — Kethlenn falou encostada no batente da porta de sua sala. 

— Está bem, senhora. — Ela digitou algo rápido, seus dedos batiam nas teclas como uma metralhadora. 

— Adeus, Nathalia. — Sorri para a menina de coque atrás do balcão de mármore branco. Depois enviei mentalmente para ela: Passe na minha casa hoje, 19:30. Nós vamos sair. Seria imperdível. 

E segui pela sala com olhares apreensivos nas minhas costas. 

Ao chegar na porta, Kethlenn deixou que eu a fechasse. 

Príncipes Da Noite (LIVRO 1): Legado das Sombras (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora