CAPÍTULO XIII ✓

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MINHA MELHOR AMIGA VAMPIRA

MIKE

Quando pedi ao Chris um tempo para pensar melhor no que aconteceu, eu realmente fiz isso.

Havia se passado uma semana desde a morte de Izabella. Ainda era surreal pensar que só naqueles 7 dias anteriores aos eventos que me rondaram, tanta coisa na minha vida mudou. Eu me descobri filho de dois caçadores mortos. Meu avô havia me deixado um amuleto para proteger. Minha avó era uma lobisomem renegada e eu tinha dado uns amassos com um vampiro.

Ah, outra coisa. Marian me contou sobre tudo. De como ela foi burra em trepar com a puta de vermelho, de como ela não viu quando Izabella a fez beber de seu sangue, pois minha amiga estava chapada. E agora, ela tinha virado uma vampira sem nem pedir por isso. Talvez fosse uma lição. Uma consequência para ela aprender a não confiar tanto nos bonitões que aparecem por aí.

Eu mesmo confiei em um, e ele me destruiu de muitas formas. Só que agora, aquela tristeza que me encobria por causa do Devon tinha diminuído. Ele não fazia mais suas aparições, nem me dava ordens de como agir. Isso era bom, porque no fundo eu mesmo tinha mudado após vivenciar tudo aquilo.

Algo crescia dentro de mim desde que não consegui lutar com a mulher que quase me matou. Me sentia fraco. Chris sempre precisava me proteger, de alguma maneira. Com Mattew, com Izabella, com tudo... Mas eu não podia mais depender dele.

Então, na medida em que a voz do meu avô na minha cabeça pedia para proteger o Serpentário, outra parte de mim desejava ir para a Academia. Eu era um Caçador, afinal. O sangue deles corria dentro de mim. Havia vindo dos meus pais, mesmo que eu não conhecesse eles. Sabia que ficariam orgulhosos de mim caso me tornasse um guerreiro.

Acontece que Madeline disse que eu não poderia entrar na Academia porque iriam questionar de como despertei meus poderes, e o que ela menos queria é que descobrissem que eu estava com o amuleto. Aliás, havia criado coragem para perguntar do porquê do Ulisses ter protegido ele, podia parecer ser algo simples de se perguntar. Mas não...se eu soubesse mais sobre o passado, mais coisas ruins iriam acontecer ao meu redor, e com os meus amigos. Eu tinha que ajudar a Marian, além disso.

Comecei a usar um suéter preto para poder esconder melhor a marca rúnica em meu braço. As pessoas na escola não estranharam muito essa escolha. Elas já estavam acostumadas com o garoto triste e sem graça que escrevia poemas, e andava com duas pessoas mais estranhas que ele.

Caralho... o choque maior foi quando descobri que Izabella era irmã da detetive Foster. Mas nada me surpreenderia mais caso viesse a aparecer outra tragédia.

Estava deitado, acordei antes do despertador me avisar que era hora de levantar e ir se arrumar para ter mais um dia mundano, como se nada de diferente estivesse acontecendo ao meu redor. Como se todos se enfiassem numa máscara de humanos simples, esperando que os segredos não viessem à tona.

Olhei para a foto emoldurada que estava perto do meu computador. Era o Devon e eu abraçados sorrindo para a câmera. Marian que havia tirado. Ah..., o seu fantasma havia sumido, mas as lembranças ficavam guardadas em mim. Não pude deixar de sentir. Ainda me lembrava da pele cor de terra dele. E de como ele sonhava. O fogo que ardia dentro de si, querendo que eu e ele desbravássemos o mundo juntos.

Comecei a lembrar do dia em que nos conhecemos na locadora de DVDs que Madeline e eu fomos. Ela dizia que locadoras não podiam morrer mesmo a gente estando na era digital. Era um costume nostálgico, entende? Então ela me levava toda semana para eu escolher um filme, ou melhor, vários deles. Uma das poucas coisas que me davam alegria no meio daquela merda de onda de infelicidade sem fim.

Príncipes Da Noite (LIVRO 1): Legado das Sombras (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora