- Não dá! É muito tempo! Preciso então que prepare melhor a armadura sobressalente.- diz Galileo, enquanto monitora o Mahl'aks.

- Aquela armadura é fraca! Maleável demais. E é mais lenta para alcançar voo.-diz Aristarco.

- Não tem problema! Melhore o circuito de comunicação do capacete e carregue as asas com bombas de efeito moral e penas metálicas com benzodiazepínico. Hoje eu vou relaxar vendo o pôr do sol com a minha amiga e de noite, eu volto com a próxima parte da missão. O meu atestado já foi enviado para o escritório. Eu me acidentei no colégio público incendiado de Trindade. O que não é nenhuma mentira.- justifica Galileo.

- Você tem que tomar cuidado, Galileo! Essas investigações têm se tornado mais perigosas.- diz Aristarco.

- Pode deixar, Aristarco! Você tem me ajudado. Olha só! O carro que provocou o acidente ao sheik foi alugado em nome da Martelaria. Ficaria mais difícil em saber quem dirigiu os veículos alugados. Mas em compensação, já sei que não é um crime encomendado, e sim, de caráter pessoal, que usam o nome da organização para levantar evidências superficiais. Vou ter que vigiar o sheik essa noite.- diz Galileo, observando as informações do Mahl'aks.

No Covil do Pombo, Galileo relaxa na sua banheira de hidromassagem, sorvendo sua garrafa de iogurte de morango, enquanto Aristarco verifica os circuitos na nova Armadura do Pombo, que deveria estar com Galileo, mais tarde. Gonçalo e Avaré ainda não haviam chegado.

- Como está indo aí?- pergunta Galileo, terminando a bebida e se levantando da banheira.

- Ainda faltam uns circuitos. As dezenove horas já estará pronta.- diz Aristarco.

Galileo se veste e passa mais uma camada de pomada para queimadura no queixo. O rapaz sai do condomínio e vai até o ponto de ônibus, na Rua Benjamin Constant. Em seguida, entra no ônibus e vai até a Praia de Icaraí. Galileo consulta as horas em seu relógio de bolso e desce no calçadão. Dezessete horas e o sol ainda estava imenso e dourado no fim de tarde. Um tom avermelhado dando as primeiras notas da camada de roxo no céu, já começando a ficar pontilhado pelas primeiras estrelas vespertinas. Galileo anda pelo local, admirando as primeiras manifestações do ocaso e avista a sua amiga, acompanhada da enfermeira, que parece uma palmeira, pela altura e cabelo volumoso.

- Oi, habib!- diz Mahaila, animada em sua cadeira de rodas.

- Oi, princesa!- diz Galileo.

A enfermeira retira Mahaila da cadeira e a coloca sentada na esteira na areia, ao lado de Galileo. Ela fica de longe e sozinha, junto com a cadeira de rodas vazia. O casal de amigos admiram o grande espetáculo na praia, que muitos não dão valor.

Galileo dá uma rápida conferida, olhando para trás e a enfermeira o encarava. A criatura era séria e de poucas palavras. Parecia carregar alguma amargura na vida.

- Por que a sua enfermeira é assim? Eu acho que ela nunca sorriu na vida.- critica Galileo.

- A Marielle é assim mesmo, mas não é má pessoa. Ela perdeu a mãe cedo e sofreu muito. Ela também já disse que namorou com o sócio do meu pai e ele traiu a confiança dela. Por isso que ela é ressentida.-explica Mahaila.

Galileo arregala os olhos. As coisas começavam a fazer sentido. Ela, por ser enfermeira e mal-humorada deve ter mesmo um rancor do passado e saber muita coisa a respeito do sheik. Mas a sua metodologia ainda não é assassina. Ela estava querendo algo. Inclusive o fato dela trabalhar justamente com a família Haddad, indica que as intenções dela ultrapassam qualquer tipo de vingança. Ela procuraria algo maior nisso tudo. Ela sabe de algo que Galileo precisa saber.

O Vulcão da Vaca MalditaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora