Capítulo 12

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      Galileo volta para o apartamento, retira o tênis e desaba no sofá, afundando o corpo junto com os pensamentos. Sua mãe sai da cozinha e observa o filho.

- Já chegou?- pergunta Léa cinicamente.

O sangue de Galileo sobe, mas ele se segura. Não seria desaforado com a própria mãe, mas procura esfriar a cabeça para saber o motivo daquela atitude tão estúpida no telefone. Léa observa que seu filho estava irritado.

- Por que chegou tão cedo? Não foi bom o encontro?- pergunta Léa, enquanto arruma a mesa.

Galileo respira fundo e morde o lábio inferior. Não compreendia ainda qual era o objetivo da mãe com tudo isso. Galileo fecha os olhos e enche os pulmões, mantendo o ar preso por um tempo. Depois solta o ar num sopro desajeitado e pensa na Vick para se acalmar.

- Um homem tão bonito e de família, em casa. Devia estar namorando.- diz Léa.

Galileo se levanta do sofá, para espanto de Léa. O rapaz a encara, estudando o sentido daquelas palavras irônicas. Léa o observa também.

- O que foi, Galileo?- pergunta Léa, cínica.

- Por que fez aquilo? Vick é minha namorada!- diz Galileo.

- Ah, Galileo! Aquela menininha? Você já é um homem!- diz Léa.

- Nós temos oito anos de diferença! Não tem casais com mais de vinte ou trinta anos de diferença e o casamento dá certo?- questiona Galileo.

- Eu sei, Leo! Mas ela ainda parece uma criança. Você tem que namorar uma mulher e não uma adolescente.- diz Léa.

- O que você tem a ver com o que eu escolho pra mim?!- pergunta Galileo.

- Eu não gostei dela.- diz Léa, fazendo uma careta.

- Mas você nem a conheceu!- diz Galileo, levantando os braços.

- Por isso mesmo! Intuição de mãe. Eu sei o que é o melhor para os meus filhos.- diz Léa.

- Ah, mãe! Você vai acabar fazendo ela terminar o namoro por causa de sua antipatia. Nem sei como vou fazer quando for trazê-la aqui!- diz Galileo.

- Se ela terminar antes de vir aqui, vai me fazer um favor.- diz Léa, indo para a cozinha.

Léa ouve uma batida de porta violenta, se assustando. Galileo havia saído de casa. O rapaz vai para o Covil do Pombo chorando de raiva. Estava tudo indo tão bem. Por que sua mãe deu para se comportar igual a mãe da Alene? Galileo procura relaxar e liga os monitores. Iria converter toda a sua revolta em motivação. Os relatórios de Gonçalo e Avaré são enviados para o computador.

Galileo amplia a imagem do brasão da cidade de São Gonçalo em seu monitor. Separa as três imagens douradas na vertical e as transfere para a planilha ao lado. A estrela, a engrenagem e a cruz. O que essas imagens teriam em comum? Galileo digita as palavras e aciona a busca. O computador trabalha na captura de fontes e significados e Galileo inclina na cadeira. As respostas aparecem em seguida e o rapaz começa a ler e anotar as palavras em comum atentamente.

A Estrela é símbolo do desejo e de guia. Na bruxaria, representa o pentagrama e os seus cinco ideais: o Espírito, a Terra, o Ar, o Fogo e a Água. No satanismo, representa a cabeça do bode Baphomet na forma do

pentagrama de ponta cabeça. Cada ponto tem uma letra hebraica, formando palavra LVYTN (Leviathan, um monstro marinho mitológico do Antigo Testamento). No cristianismo, representa os cinco sentidos e as cinco chagas de Jesus.

O Vulcão da Vaca MalditaWhere stories live. Discover now