SOB NENHUM FINAL

Comincia dall'inizio
                                    

–Precisamos mesmo fazer isso? – Katarina pergunta passando os dedos na poça do líquido. 

–Acha que temos escolhas? – diz Mariana abrindo e atravessando a porta de número 325.

–Tudo bem. – Katarina segue ela.


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José abre a porta que Davi achou estar trancada e atrás dela se apresenta uma cozinha. A falta de janelas á deixa completamente escura, eles precisam caçar o interruptor pela parede para poder enxergar melhor.

Uma mesa com quatro cadeiras está esperando por eles no meio do cômodo. Assim como uma bancada, um fogão, duas pias, vários armários, uma geladeira velha desligada e outra porta, provavelmente da dispensa. Antes de começar a explorar tudo aquilo Davi dá uma última olhada para trás, mas seus olhos não encontram Nícolas nem... como é o nome dela mesmo? Não lembro.

José começa a abrir todos os armários e gavetas, a maioria estão vazios. Nenhum talher, nenhum acessório de cozinha, nenhum prato ou panela, nada perfurante ou mortífero. Entrariam em desespero se não descobrissem os dois armários na parte de baixo da pia repletos de barras de cereal e... bananas? Sim, bananas.

–Elas estão novas... – José diz pegando um cacho na mão. –Estão aqui a pouco tempo.

–As pessoas que nos deixaram aqui possivelmente deixaram-nas também. – Davi complementa.

–Quem são?! – ele deve ter pensado nessa pergunta, mas não conseguiu impedir que ela se espalha-se como um sussurro pelo ambiente. Davi não responde, como poderia?  Ele também não tem a resposta. –Temos água. – José volta a falar após abrir a torneira e ver o líquido esguichar para fora dela, é um alívio; pelo menos isso. Davi coloca a boca na torneira e engole a água fresca como se nunca tivesse experimentado isso antes.


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A maioria das portas escondem quartos atrás delas e todos seguem o mesmo padrão: duas beliches uma do lado da outra, uma poltrona velha vermelha, duas mesas de cabeceira, uma mesa simples e pequena de madeira e um baú velho. Nada de Janelas.

Mas elas encontram também banheiros com pias, alguns armários repletos de remédios vencidos, privadas – algumas bastante danificadas – banheiras, conjuntos velhos de tapetes e ladrilhos em tons de cinza e verde escuro. Aproveitam para lavar os rostos, várias e várias vezes, talvez a água gelada fizessem-nas acordar desse terrível pesadelo.

Várias portas, nenhuma saída, nenhuma janela.

Voltam para o corredor e decidem tomar o caminho contrário à qual estavam indo, para mais distante da escada em espiral, entram na porta 320. Ela apresenta uma outra sala, essa é maior, mas muito bem mobiliada. Sofás grandes, estantes, uma mesa de centro, um enorme tapete, jarros sem flores, decorações mórbidas, uma lareira fria, um lustre não muito chamativo e um chão que geme. Mas nada que os tirassem de lá.

Katarina se joga no sofá mais perto e Mariana lhe acompanha.

–Não quero perder as esperanças... – Katarina diz.

–Nem começamos a procurar direito, esse lugar é imenso. Pode estar em qualquer lugar, pode estar lá em cima, ou mais em cima ainda... Não temos como saber. – Mariana suspira.

–O que é isso tudo? Quem colocou a gente nisso? – A pergunta paira no ar por bastante tempo.

–Só vamos saber se acharmos à saída e não vamos conseguir achá-la sentadas aqui. – Mariana finge que a pergunta não lhe gerou dúvidas, mas o que foi dito por Katarina ecoa na sua cabeça por um longo tempo.


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Um buraco retangular e fundo, que antes era uma piscina de natação se encontra quase vazia. Apenas uma fina camada de água suja é visível no fundo dela, o que aconteceu aqui?  Nícolas se encontra na borda, a um passo do precipício. Eu poderia pular.

Hastes e vigas saem da água negra. Vendo por um outro ângulo parece que um monstro horrendo quer se libertar daquele raso. Ele fica esperando a criatura se levantar e engoli-lo, mas nada acontece. A alguns centímetros dele está posicionado uma tabua grossa  e larga da borda da piscina até o final dela, ele olha para cima e descobre que metade do teto desabou.

–Você ainda está chorando? – Nícolas pergunta de forma grosseira para Thaís que está sentada em um banco de ferro ao lado da piscina. O som que ela emite atrapalhou sua análise do local. Ela continua cobrindo o rosto e choramingando baixinho.

–Me desculpe. – Thaís diz rápido.

–Tudo bem! – é claro que ela está em estado de choque desde que chegou, é injusto ser grosseiro com ela. Nícolas fecha os olhos por alguns segundos desejando não estar lá, mas é em vão, então volta por onde entrou – o corredor escuro do salão principal.


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O grasno dos corvos volta e parece ser bem pior e bem mais alto do que o anterior. Os seis agora não estão juntos, dessa vez a cabeça deles irá explodir?  Não, não irá, mas chegará bem perto. Mariana se contorce no chão enquanto Katarina usa almofadas para tentar abafar o som. Davi se encolhe embaixo da mesa, enquanto José faz o mesmo embaixo do balcão. Nícolas está de volta no salão, o barulho lhe dá um grande susto fazendo-o cair de forma desengonçada.

Durou muito tempo. Anos. Anos não, décadas.

Quando enfim o som cessou, Mariana continuou estirada no chão, sem nenhum controle do seu corpo. Katarina consegue se levantar depois de um tempo e vai em direção a outra televisão que aparece projetada acima da lareira, estava lá antes?  Ela não lembra. As letras voltam e elas não fazem sentido até todas as fontes luminosas da sala se apagarem ao mesmo tempo, transformando o ambiente em um completo breu. O terror volta a tomar conta dela. Todos estão vendo isso?

As letras formam um comando, assim como a anterior, mas dessa vez a frase não transmite esperança... na verdade, ela não consegue distinguir o que ela transmite.


ATIVEM AS ALAVANCAS. LIGUEM AS LUZES!

Apreciados A Ascendência do Traidor [CONCLUÍDO]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora