Ele Precisa

2.2K 656 60
                                    






Acho que não conseguiria fingir o quanto estou magoada mesmo, primeiro porque me despedir da minha família foi um fardo que me arrancou lágrimas das quais nunca tive o sacrifício de exibir para eles, Kael também chorou e não queria largar mamãe, fiquei pensando em todas as chances de voltar já consciente de que daria muita merda e aquela mesma falação de sempre que mamãe arrumou quando voltei para casa.

Mas não pensei nisso.

Só estava brava porque tive que deixar meus pais chorando e o imbecil do meu irmão emburrado na calçada da casa dos meus pais, um carro veio nos buscar, depois que eu entrei no carro fiquei com peso na consciência imaginando o quanto seria difícil para eles enquanto estivesse fora, mesmo que de alguma forma quisesse dar uma boa lição na minha mãe, sei que o dinheiro que eu dava para ajudar nas despesas de casa faria muita falta.

Tive tempo de ir no Mercado e me demitir, peguei metade do dinheiro e depositei na minha conta e a outra metade entreguei nas mãos no meu pai, por fim, não me justifiquei muito com o chefe, apenas disse que precisava sair, a última coisa que eu queria era que as pessoas soubessem que estava indo embora por causa do Anakin.

Ele não merece ter a minha imagem vinculada a dele na cidade.

Ainda chorei bastante enquanto via o carro tomar a via principal rumo a rodovia que dava para fora da cidade, eu nunca consegui chegar em algo além do hospital mais próximo, a cidade é muito pequena e todos se conhecem, então é complicado pensar em ir para longe de casa sem que ninguém saiba.

Por fim, acabei dormindo durante todo o percurso, Kael também, havia deixado duas mamadeiras prontas então dei uma para ele e depois que ele tomou, adormeceu na cadeirinha, fiquei por alguns momentos antes de dormir eu fiquei vendo o reflexo do olhar atento do motorista calado ao volante, imaginei que fosse algum tipo de carro alugado e fiquei pensando no quanto Anakin se importava comigo, se quer foi nos buscar, mas guardei para mim.

Quando acordei já estávamos em Washington, o sol fora do carro estava brilhando e eu estava um pouco grata por ouvir o som dos carros e buzinas, Kael estava olhando para um tablet instalado no banco diante dele, um desenho infantil o fazia rir, me questionei sobre ter dormido muito, mas aderi tudo ao estresse de literalmente ter corrido mais que a uma maratona no dia anterior para deixar tudo pronto.

Chequei a hora e notei que haviam se passado mais de quatro horas de viagem, me estiquei e logo em seguida peguei a outra mamadeira e dei para ele, preferia dar o peito, mas ele não acha ruim também.

A viagem até o Aeroporto Internacional Washington Dulles durou mais meia hora, tão logo o carro parou diante do aeroporto, duas pessoas se aproximaram e já vieram ajudar com as malas, dois homens muito educados, peguei Kael e os segui juntamente com o motorista me sentindo meio que recrutada ou algo assim.

E assim a alguns minutos embarquei, sem nem ver sombra do Anakin, mesmo tendo sido muito bem tratada pelos funcionários dele, me perguntei algumas vezes o que os pais dele haviam feito para ter pessoas trabalhando daquela forma para ele, muitas pessoas.

Comissárias de bordo, motorista, pessoas para carregar malas, toda uma tripulação e um avião com pelo ou menos 50 lugares de primeira linha, não me senti tão impressionada, mas confesso que fiquei meio aérea com tudo.

O avião decolou a poucos minutos, fiquei meio nervosa, Kael está até quietinho, veio para o meu colo assim que o piloto avisou sobre poder tirar os cintos, ele avisou que a viagem terá onze horas até chegarmos a Atenas.

Borralheira * DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora