Favores

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—e você vai assim? Vai pedir demissão do seu emprego e ir embora com o Anakin para num sei onde e levar o Kael.

Como se meu emprego fosse maravilhoso.

Como se eu ir embora fosse causar um grande impacto na vida de todos.

Eu amo a minha mãe mas as vezes ela realmente não tem um pingo de noção da realidade, o Kael comigo sempre teve tudo, mas eu disse sim ao Anakin e tenho que cumprir minha promessa de ajuda-lo, ele também vai oferecer ao meu filho estudos e uma oportunidade de viver num lugar melhor.

Me sinto ingrata e egoísta em querer partir por esses motivos, mas o que eu posso dizer? O pai do meu filho não me ajuda, eu moro de favor com meus pais, eu não consegui estudar, trabalho por 3 dólares a hora, o dinheiro que entra não dá para comprar muitas coisas, permanecer nesse conformismo é um suicídio social e emocional.

—eu vou voltar mãe e também não é nada demais, é só uma viagem de férias com o Anakin, ele quer me apresentar para a família dele da Grécia.

Mentir é péssimo, inventar as coisas é horrível, mas muito pior seria contar a verdade para mamãe, principalmente a parte do casamento. Continuo a colocar as roupas do Kael numa mala, não fui trabalhar e o levei a escola, irei me demitir pela tarde, sei que meu chefe consegue arrumar alguém, sempre tem alguma estudante colegial local que quer trabalhar meio período.

—você tem certeza de que vai fazer isso?—mamãe indaga.

Ela entrou no meu quarto e me viu fazendo as malas, então começou a me encher de perguntas, eu tive que inventar uma mentira, disse que o Anakin me convidou para ir conhecer a Grécia, que irei passar um mês lá e que ele insistiu muito.

—não deveria mamãe? Eu nunca tiro férias—argumento—eu trabalho feito uma condenada e o Kael nunca fica comigo, olha envolta mamãe, minha casa é um quarto de uma garota de 17 anos, você tem noção do que é isso? Eu estou cansada de verdade, eu preciso descansar um pouco.

—e seu emprego?—replica mamãe estressada.

—a senhora está com medo de que? Sempre tem o Gabriel para te ajudar nas despesas da casa.

Ela odeia quando eu jogo na cara dela que ele vive desempregado.

—seu irmão não consegue emprego Merida, você sabe muito bem que ele já vem tentando a um bom tempo.

—ah é, principalmente quando papai e você ficam implorando para ele largar o vídeo game todos os dias de manhã quando eu saio para trabalhar.

Mamãe grunhe com raiva, ela sai do meu quarto e bate a porta com força, sabe que não vou desistir, que não importa o que ela diga eu continuarei com meu plano. Meu celular toca, eu o atendo, é bem antigo mas ainda serve muito.

—alô.

—você já começou a arrumar as malas?

—bom dia Anakin, você está bem? Eu estou ÓTIMA.

Escuto uma risadinha do outro lado da linha, nem faço ideia de como ele conseguiu meu telefone, mas já que ligou deve ser algo importante.

—o que quer?

—como você está na defensiva, meu Deus!

—é, eu só vou para o raio que o parta com alguém que não vejo a anos, estou tão feliz com isso, minha nossa!

Borralheira * DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora