8 | Como (não) ter um bom encontro

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- Foi o pior encontro da minha vida! - gritei para Christopher, no telefone, assim que cheguei em casa e deslizei sobre a minha cama.
Eu estava completamente exausta.
Encontrei com o Christopher no Central Perk mais cedo e ele me contou tudo sobre o Andrew Júnior.

No começo, tive um pouco de receio de me encontrar com ele. Primeiro, porque eu tive que me vestir de vaqueira. Sim! Passei horas em um bazar procurando roupas de vaqueira. Isso porque o Andrew Júnior era um cowboy de marca maior. Ele havia morado em uma fazenda, no interior do Texas, durante a maior parte de sua vida e se mudado para NYC recentemente.

Tirando o fato de ele não se parecer nenhum pouco comigo, fui mesmo assim. Afinal, ele poderia me surpreender e ser mesmo o Batman Gato Para Caramba, então eu não estava me importando muito com o resto.

- Você estava na festa? - perguntei para Andrew Júnior que tinha os cabelos castanhos cacheados e era o cara mais branco que eu já tinha visto em toda a minha vida. Tinha uma pequena cicatriz na maçã da bochecha direita e uma boca extremamente rosada. Era bonito, afinal de contas. - É uma pergunta boba, eu sei.

Eeu sabia mesmo. Mas estava tentando desviar a minha atenção do fato de estarmos em um restaurante típico de uma fazenda, no qual eu não me identifiquei nenhum pouco.
Os pilares de madeira enorme cobrindo boa parte do espaço, a tinta marrom gasta nas paredes e uma área de karaokê em que as pessoas cantavam e dançavam músicas totalmente desconhecidas para mim. Além do touro mecânico no fundo, é claro.

Não fazia mesmo o meu tipo.

Não sou essa garota patricinha e metida da cidade, pelo menos tento não ser. Mas tudo o que envolve mato e animais de grande de porte simplesmente não é para mim.

- Sim, foi uma festança e tanto, não foi? - Andrew disse, mordendo um palito de dente. O sotaque absolutamente carregado.

Então, eu soube: não era ele.

Eu poderia sair dali o mais rápido possível e não prolongar mais aquele momento, mas não quis ser rude e tentei ter o mínimo de educação. Não queria magoar ninguém apesar de tudo.

- O Christopher me disse que você tá atrás de um cara. - ele continuou e ajeitou o chapéu na cabeça. - Pode ter certeza que esse cara sou eu, loira. - e deu uma piscadela para mim. Eu dei um sorriso amarelo, completamente embaraçada. Que tipo de apelido era aquele? - A propósito, o Christopher já teve um caso com a minha irmã, então isso é um sinal de que nós dois - gesticulou, apontando para mim e para ele - devemos ficar juntos.

- Hum... certo. - massageei as têmporas, pensando em como me livraria daquela situação. - E qual era a minha fantasia? - puxei um gole do refrigerante pelo canudinho.

- Essa é fácil. - Andrew disse, tocando a minha mão e se aproximando de mim. - Você estava fantasiada de Mulher Maravilha. E eu nem acreditei quando você me chamou para sair, eu gostei tanto de você naquela noite, loira. Me lembrou até do dia em que a bezerra Clarice deu à luz. Foi uma festança que só! Com direito a milho assado e tudo.

Acho que eu não precisava mais de nenhum tipo de confirmação.

Eu puxei a minha mão de volta em um movimento rápido e Andrew Júnior franziu o cenho, me encarando seriamente.

- A comida está vindo. - soltei um pigarro e passei uma mecha de cabelo atrás da orelha. - Então, Andrew, por que você se mudou para Nova York? Tenho certeza de que ouve muito essa pergunta, não é? - dei um sorriso. Podia ser simpática ao menos.

- Na verdade, não. - Andrew Júnior respondeu, para a minha surpresa, colocando o lenço de papel pendurado na blusa xadrez e pegando um pedaço enorme de bisteca com as mãos. - Mas, se você quer saber, eu me mudei para cá por causa das mulheres. - ele levantou um dedo. -Lá na fazenda não tinha muitas mulheres. Já aqui têm umas loiras muito gatas. - e olhou para mim fixamente, comendo a carne com rapidez.

Procura-se um Namorado - em revisãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora