3 | Quando tudo começou

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- Desculpa. - eu falei para o rapaz à minha frente. Ele tinha deixado toda a bebida cair no chão e eu já estava me preparando para receber algo como "Olha por onde anda", mas não foi bem isso o que aconteceu.

- Não tem problema. - ele falou. - Já estava quente mesmo. - e deu um sorriso.

Suspirei aliviada e estava prestes a sair dali quando reparei um pouco mais nele.

Era alto, corpo de atleta, músculos longos e esguios nos braços e um sorriso cativante. Não dava para ver muito mais. Ele estava usando uma fantasia completa de Batman, com máscara e tudo, deixando apenas a parte da boca à mostra. E que boca linda! Gato para caramba!

- Posso pegar outra para você. - eu disse, tentando ser simpática. Mas o que eu queria mesmo era dar uns beijos naquele possível gatinho.

Ele pareceu envergonhado por um momento, antes de falar:

- Só se você for beber comigo.

Foi o que eu precisei ouvir para segui-lo até o bar do lado oposto ao que estava antes. Afinal, não queria encontrar com o Christopher novamente.

Christopher e eu tínhamos uma relação regado ao ódio - pelo menos pela minha parte.

Nas aulas da faculdade, ele sempre gostava de responder a todas as perguntas dos professores - mesmo quando alguém começava a falar antes dele - só para chamar atenção. Ele também se aproveitava do fato de ser podre de rico para esbanjar dinheiro e pagar tudo nas festas. Só para chamar atenção. Além disso, sempre era um tanto inconveniente comigo e isso me estressava bastante. Só para chamar atenção. E ainda por cima agia como se fôssemos amigos ou algo do tipo.

Eu fazia de tudo para evitá-lo.

Desde a faculdade, já não ia com a cara dele. Na empresa, quando ele estava lá, me dava nos nervos vê-lo se aparecendo para os funcionários. Era mesmo um grande babaca. E ninguém conseguia enxergar isso, além de mim. Todo mundo o idolatrava e tratava super bem. Às vezes eu achava que era a única mulher na Terra que não gostava dele. Ou a única que era lúcida.

Desviei meus pensamentos, pensando em lidar com o Christopher White depois - ou nunca, se possível - e foquei minha atenção no cara lindo à minha frente.

- Então, Batman... - eu comecei a falar para ele, tomando um gole da minha bebida. Agora estávamos sentados em frente ao balcão de um bar.. - O que você faz em uma festa tão...tão...ótima como essa? - perguntei, me contendo para não demonstrar a minha raiva por estar naquele lugar. Para falar a verdade, agora já não estava com mais tanta raiva assim.

- Um amigo meu. - ele respondeu, bebendo a cerveja. - Me chamou. Disse que a gente precisava se divertir um pouco. Ele é amigo da irmã do primo do dono da festa.

Eu gargalhei e ele também.

- Então você passa seus sábados à noite em uma festa de super-heróis. - comentei. - Até que é bem bonitinho. - concluí.

- Para falar a verdade - ele se aproximou do meu ouvido. -, estava louco para ir embora. Essa roupa está me matando. - e fez um muxoxo com a boca.

- Ei! Você leu meus pensamentos. Desde quando eu cheguei que quero ir. Na verdade, nem sei mesmo o que tô fazendo aqui. Festas não são bem a minha cara.

- E do que você gosta? - o Batman Gato Para Caramba perguntou.

- Restaurantes. - respondi rapidamente. - São os meus lugares preferidos no mundo todo. - eu disse e ele riu.

Acho que eu nunca tive uma conversa tão longa com um cara antes. O Batman Gato Para Caramba gostava de surfar e ler livros de séries policiais. Ah, e de jogar, War com os amigos nas horas vagas. A banda preferida dele era Queen e a comida, sorvete de maracujá. Já tinha feito um mochilão pela Europa depois do ensino médio e estava tentando aprender a tocar violão. Se pudesse ter um super poder, com certeza seria voar.

Procura-se um Namorado - em revisãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora