- E o que pretendem fazer nesse fim de mundo? - ele questiona quebrando a atenção gélida de Campbell.

- Brandon veio conhecer minha vó e minha mãe. Vou levá-lo por aí agora. Não sei, talvez... Dar um oi aos esquilos no bosque.

Nós calhamos a rir.

- Eu apoio, mas querem algo melhor? - ele dá uma pausa para revirar a gaveta do balcão.

Mike trabalha com seu pai na padaria da família - por isso os cannolis. Ele nos entrega um panfleto anunciando um concerto musical de sua banda em um bar próximo a cidade, começando às sete da noite ainda hoje.

- Ainda está tocando? - pergunto bastante surpresa.

- Sim, e com a mesma turma. - Ele nos analisa calmamente. - Estou dando uma opção a vocês.

- Nós vamos. - Brandon passa o braço pela minha cintura e o responde com um sorriso de canto.

- Obrigada, Mike.

Nós três conversamos bastante pelo resto da manhã. Não era como se fôssemos três estranhos, na verdade estava tudo fluindo melhor do que imaginei.

Mike sempre fora mais que um amigo - talvez eu não tenha deixado isso óbvio, mas também não é obrigação dizer tal fato. E se assim eu fizesse, Brandon é complicado. Se apenas conversando tranquilamente já sinto seu deboche em algumas pontuações, imagine se ele soubesse de mais.

Nós seguimos para o lugar que eu mais queria mostrar a ele, meu ponto de paz; para isso, tínhamos que atravessar um campo todo de flores.

É lindo.

O aroma. As cores.

E os feches de luz de sol que são como uma coberta para tudo isso.

- Fica aí.

Quando olho para trás, Brandon aponta a câmera de seu celular para mim.

- Você é tonto. - Sorrio sem graça.

- Papel de parede, minha princesa.

Arranco um girassol dali, esperando que ninguém note sua falta.

- Pra você. - Entrego a ele.

- Vou colocar bem aqui - Campbell a leva para detrás da orelha.

Não consigo segurar a risada.

Nós nos beijamos. Não só nos beijamos, damos as mãos um ao outro. Esse gesto acaba com todos os demônios dentro de mim, e eu sinto, dentro dele.

Podemos arder como fogo mas só deus sabe o que somos em meio a um campo de flores.

Indefesos por natureza.

- Emma. Isso é demais.

- Eu sei.

Nós admiramos como duas crianças o cenário que pisamos. Todo o verde, o rio, as grandes árvores que nos fazem sombra; e o principal: a árvore que eu costumava ficar.

Contra as leis do amorWhere stories live. Discover now