Você e Eu (Concluído).

Capítulo Dezenove - Solução.

Eu.

— Ian, eu não quero ser rude com você, mas, preciso te falar uma coisa. — Jessie disse, deitada ao meu lado no sofá expansível que ocupava boa parte da sala do seu apartamento.

Eu estava ali por três motivos:

a) Olive e eu não conseguíamos ficar no mesmo ambiente por muito tempo;

b) Ficar no meu apartamento sem Cauê/Floquinho de Neve correndo atrás de mim e tropeçando nas próprias pernas era muito doloroso;

c) Eu ficava muito triste por só tratar assuntos profissionais com Franklin e ver que ele estava chateado;

d) Jessie não me deixava ouvir Still Loving You em looping enquanto comia chantilly direto do tubo e pensava sobre como minha vida era horrível, embora concordasse que Scorpions estavam inspiradíssimos quando lançaram essa música.

Olhei para ela. Seus grandes olhos azuis me encaravam enquanto eu jogava mais uma das minicenouras na boca. Jessie tinha proibido o açúcar depois de um infeliz incidente com karaokê de madrugada e uma briga com o vizinho as duas e meia da manhã de uma quarta-feira.

— Eu sei que você vai ser rude. — Disse eu, ignorando o episódio de Friends que estava passando na tela para lhe dar atenção.

— É o meu charme. — Respondeu, apenas confirmando minha teoria. Ela ergueu as sobrancelhas, fazendo um vinco no meio da testa que não combinava com o coque bagunçado sobre a cabeça e o moletom velho que se parecia muito com um que eu tinha e que misteriosamente desapareceu uns três anos antes.

— Tem gente que discorda...

— Ian, você é meu melhor amigo, todo mundo sabe. E eu realmente não me importo que você durma no meu sofá um dia ou, sei lá, doze. — Disse ela. — Mas eu te arrumei um apartamento sensacional e achei que você queria algo, sei lá, mais confortável que meu sofá. Sabe, a gente teria resolvido as coisas com muito mais facilidade se você tivesse dito que queria morar aí, eu poderia ter só lhe cobrado aluguel.

Coloquei de lado o pacote de mini cenouras, olhando para elas como se não houvesse outra pessoa ali.

— Eu não posso ver Olive por enquanto, Jessie.

— Isso se resolveria se você tomasse medidas legais, Ian. — Ela disse, após dar um gole na taça de vinho que estávamos dividindo. Açúcar não, álcool ok. — A gente já sabe que o seu contrato foi registrado primeiro e, segundo a Hillary, Olive quem teria que sair e você teria o apartamento inteiro para, sei lá, se coçar pelado? Não sei o que os homens fazem.

Aparentemente ela sabia o que os homens faziam, sim.

— Eu não vou processar a Olive, Jess.

Ela apoiou a mão no queixo e, mesmo sem olhar para ela, eu sentia seus olhos sagazes me estudando. Era quase uma dor física ser analisado por Jessica Mellark – as vezes eu achava que ela podia enxergar minha alma.

— Então o problema não é a Olive. — Decidiu.

— Do que você está falando?

— Se o problema realmente fosse a presença da Olive, você aceitaria a solução mais óbvia para se livrar dela. — Explicou. — Mas você se recusa, o que apenas demonstra que você não quer que ela saia.

Voltei a encarar Jessie. Ela me olhava como se me desafiasse a provar que ela estava errada – o que obviamente era o caso.

Eu querendo que Olive ficasse?