Seja proativo

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Ao avançar sobre o tema das oportunidades que se sucedem num ciclo virtuoso, notadamente para que elas sejam percebidas, entendidas e aproveitadas, é preciso que se tenham alguns comportamentos. Entre eles, a iniciativa é fundamental. Entenda-se iniciativa como sendo o desembaraço nas resoluções de situações quotidianas; energia na execução de uma atividade; dispor-se a começar. Enfim, considere-se iniciativa como proatividade, uma palavra em voga no mundo empresarial. Para ilustrar o que se entende por iniciativa, pode-se analisar a história de Wilson e Eugénio. Wilson trabalhava na empresa há mais de cinco anos, exercendo a sua função de forma como sempre foi orientado. Nos últimos seis meses, havia um novo funcionário na empresa, o Eugénio, no mesmo nível de Wilson. Para a surpresa deste, aquele, no curto espaço de tempo de contratação, já recebera uma promoção. Wilson fica indignado e vai falar com o chefe, que sempre lhe pareceu uma pessoa de bom senso. O chefe ouviu a reclamação dele atentamente. Ao final da explanação, prometeu que pensaria na situação, para logo em seguida pedir para que ele fosse verificar se havia abacaxis na feira do outro lado da rua, pois pretendia fazer uma confraternização entre todos os funcionários no final da tarde. Wilson foi e retornou logo em seguida dizendo que no momento eles não tinham abacaxis.
Na presença de Wilson o chefe chama o Eugénio e lhe dá a mesma ordem. Eugénio ao retornar dá a mesma notícia, porém acrescenta: "... mas tem melancias, melões e tangerinas, que estão com um bom preço, pois são frutas da época. As bananas, maçãs e uvas também estão com ótima aparência, um pouco mais caras, mas seriam boas opções para a festa". Após essa explicação Eugénio se retira. O chefe olha para o Wilson, que entendeu a mensagem sem que fosse preciso que se dissesse nenhuma palavra a mais: faltou-lhe iniciativa.
Nesse exemplo Wilson se mostrou completamente passivo, enquanto Eugénio foi proativo, conseguindo acrescentar ações positivas às rotinas da empresa. Em função de exemplos como esse, proatividade é a palavra da moda entre muitos pensadores, gurus do comportamento e orientadores de recolocação profissional. Considera-se proativa aquela pessoa que sempre faz algo a mais do que o esperado, conseguindo ter um diferencial no comportamento e nas suas atitudes, agregando valor. Pode-se entender, dessa situação, que as organizações não precisam de colaboradores que não façam o que se manda, porém muito menos de colaboradores que somente façam o que se ordena. Deve-se considerar também que as pessoas com iniciativa e conhecimento muito mais facilmente estarão aptas a ver e a aproveitar as oportunidades. Isso porque o conhecimento permite-lhes ver chances de determinada situação que aqueles que não o possuem não vêem. Inclusive, ter conhecimento já denota iniciativa.
Por outro lado, as pessoas sem iniciativa sentem dificuldades em ver as oportunidades, porque tudo aquilo que foge do padrão estabelecido passa-lhes ao longe, não sendo produtivos para si próprios e muito menos para as organizações. Caracterizam-se em ver o problema e não a solução. Porém, a iniciativa por si só, isolada de uma certa reatividade para questionar as situações nas quais as pessoas e organizações se envolvem, nem sempre é benéfica. As pessoas são responsáveis por seus atos, mesmo em diferentes escalões hierárquicos. A palavra reativo, entretanto, caiu em desgraça junto à maioria dos grandes pensadores .
Com isso quero dizer que nenhuma sociedade precisa de alguém reativo, ou seja, um crítico que oponha alguma reação ao proposto. Nesse ponto, há uma discordância e um alerta. O que as sociedades não precisam são pessoas de comportamento passivo e sem atitude, como o funcionário Wilson do exemplo acima. Contudo, a presença de pessoas com capacidade de questionar e saber para que serve o que se está fazendo numa sociedade é um ponto positivo.
Não se pode simplesmente sair executando ordens e melhorando os resultados.
onde se trabalha se existem objetivos não lícitos ou que geram problemas para a comunidade e para o planeta. Se o chefe tivesse pedido para que um funcionário proativo como o Eugénio, sem características reativas, na calada da noite esvaziasse um lago de resíduos tóxicos, deixando-o vazar para um rio, certamente ele o faria esvaziando mais lagos, caso existissem. A proatividade por si só não é uma virtude, ela tem que ser consciente e responsável com relação aos seus atos. Não se pode mais aceitar pessoas que se defendam dizendo: "Mas foi o chefe que mandou!". Num exemplo como o dos resíduos, deve haver uma postura reativa dos funcionários, pois uma atitude como essa traria muitos prejuízos a todos.
Por isso há a necessidade de se avaliar as atitudes que se tomam como profissionais e como pessoas, sempre encontrando o equilíbrio entre ser proativo e reativo. Conclui-se que se devem desenvolver atitudes de proatividade o suficiente para comprar a melancia, porém reativas o bastante para questionar o esvaziamento do lago.
Então, antes de dizer sim ou não, olhe mais uma vez!

Uma nova oportunidadeWhere stories live. Discover now