Capítulo 1: Parte 3 - O Professor

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San soltou Alice de novo, preparada, ela se segurou nele para ficar de pé antes de ir ao chão.

O jovem começou a tirar papeis da bolsa e verificar algumas coisas enquanto a garota olhava em volta.

Estavam em uma das ruelas diagonais da Praça Sete, ninguém parecia prestar atenção neles, muito menos terem reparado que surgiram com o vento.

Se sentou em um banco ao lado do Saci e esperou, enquanto mexia nas tranças do seu cabelo. Ao perceber que ele nem parecia se lembrar dela ali, pigarreou.

— Não, você não vai para casa.

— Virei refém?

— Mais como proteção de testemunha.

— Por quê?

— Porque se eles te acharem, e vão achar se ficar só, eles me pegam também. Caso não tenha percebido, não sou um cara mau.

— Então você me salvaria?

— Infelizmente, apesar de eu ser importante demais para ser capturado..., merda, não tenho costume de ser babá.

Ele tirou o cachimbo do bolso e começou a fumar de novo, pensativo.

— Só queria entender por que consigo te ver e os outros não.

— Você não é a única, algumas pessoas podem, principalmente aqui no Brasil, o sangue de deuses americanos e africanos é forte aqui, sua família deve ter muito dele.

— Quer dizer que sou uma semideusa?

— Caralho, quer parar com essa mania de grandeza? Não, talvez algum ancestral tenha sido, talvez fossem apenas muito devotos, não importa, se os deuses olham por você, você pode "ver", é assim que funciona.

— Ah... — Ela apoiou o queixo nas mãos.

San revirou os olhos.

— Quantas horas são?

A jovem pegou o celular.

— Hora do almoço.

— Ótimo, vamos até o Maleta.

— Disse hora do almoço, não hora de beber.

— Tem alguém que quero ver, e esse é o tipo de almoço dele.

Se levantaram e foram andando para o prédio. Mais uma vez, a garota teve vontade de perguntar sobre a perna, mas San estava completamente distraído enquanto folheava seus documentos. Alice ficou impressionada com o fato dele conseguir desviar das pessoas e parar nos sinais mesmo estando tão imerso no que lia. Resolveu esperar.

Quando chegaram ao prédio andaram pelos barzinhos. Saci sorriu e se encaminhou para um homem sentado só em uma mesa, tinha um copo de cachaça na mão e mastigando torresmo.

San pegou um pedaço da carne gordurosa e jogou na boca enquanto se sentava.

— E lá vem problema. — O homem tinha os cabelos ruivos armados em dreads e um cavanhaque, usava roupas folgadas e frescas.

— Tem tempo pra conversar?

— Depende de quantas doses você pode me pagar. — Um sorriso se abriu no seu rosto.

San riu, depois apontou para Alice que ainda estava de pé.

— Esta é Alice, ela acabou se envolvendo, agora tenho que ficar de baba.

— Meus pêsames, Alice. Também não suporto esse cara — disse, encarando a garota, depois se virou novamente para San. — Conseguiu provar a ligação dos incêndios nas boates, não é?

SAN - Detetive Folclórico (Degustação)Where stories live. Discover now