SUPER ¹ ━ peter parker

23. peter tingle

PETER TAMBORILOU OS DEDOS nas coxas, ansioso. Ele observava o seu reflexo levemente distorcido nas portas metálicas do elevador, os cabelos bagunçados por causa da máscara do Homem-Aranha recém-tirada do rosto. Não conseguiu evitar arrumar os fios, mesmo que sua mente se distanciasse cada vez mais de sua aparência para especular o motivo de estar ali.

Era a tarde sábado, um dia depois do fracasso nas docas e do jogo na escola... e do assalto da Gata Negra a uma joalheria no Queens. Não que o herói estivesse por perto quando aquilo acontecera; ele somente soubera, cedo naquele dia, pelo jornal que a ladra havia roubado diversas joias, todas caras e preciosas, e destruído boa parte da loja durante um confronto com a Major.

Enquanto aquilo acontecia, Parker estivera tomando banhos para se livrar do cheiro de peixe e se lamentando na cama. Ele havia perdido uma noite de patrulha e, por conseguinte, uma pista em potencial. O fato de aqueles criminosos sempre conseguirem se safar, sempre estarem um passo à frente, era simplesmente frustrante.

Naquela tarde, Peter estivera tentando achar coisas com as quais se ocupar para escapar dos pensamentos depreciativos — não podia sair em patrulha, pois tinha um compromisso e temia perder a noção do tempo, e tia May tinha saído — quando recebeu a mensagem de Happy. Havia sido um curto e objetivo "Venha para a Torre", mas era justamente daquela distração que precisava. Uma visita rápida, dissera a si mesmo antes de saltar para fora do apartamento.

As portas do elevador deslizaram para o lado e revelaram Happy Hogan. Ele, trajando terno e gravata e segurando um tablet em uma das mãos, também estava arrumando o cabelo no reflexo do metal. Tanto ele quanto Peter deram um salto para trás, ambos assustados e encabulados por terem sido pegos no flagra. O homem rapidamente pigarreou, recuperando a compostura antes do adolescente.

— Ah, ótimo, você chegou — o tom dele era inexpressivo. Mais uma vez, o vigilante perguntou-se o porquê de chamaram-no de Happy, considerando que o homem nunca esboçara nenhum traço de felicidade perto dele. — Ele está lá em cima, garoto.

Peter assentiu em agradecimento e cumprimento, e então Happy praticamente o enxotou do elevador para poder entrar. As portas fecharam-se, deixando o jovem agora sozinho em meio a uma ampla sala de estar quase vazia. Parker desviou de algumas caixas e de sofás ao locomover-se pelo lugar, mirando tudo com admiração. Mal conseguia acreditar que estava na Torre dos Vingadores! Ned ia pirar quando soubesse.

O rapaz logo percebeu que estava desviando-se do seu objetivo ali; ele afastou-se do painel de vidro e da paisagem urbana abaixo que vinha observando para seguir para o próximo andar. Realmente desejou que Happy tivesse sido mais específico ao dizer que era "para ir para cima", pois havia mais de uma escada deixando o piso, todas seguindo direções diferentes.

Apesar da confusão inicial, ficou claro para onde Peter deveria ir conforme subia uma das escadas. Não demorou para chegar até o que parecia ser um laboratório: as paredes do cômodo eram feitas de vidro, assim deixando à mostra tudo que havia no interior, desde algumas máquinas e bancadas até o homem sentado em um banquinho.

— Vem cá, garoto!

O adolescente, adentrando o laboratório, não pôde deixar de sorrir ao ouvir o cumprimento. Ele caminhou até Tony Stark, o qual parecia mexer em uma de suas luvas de ferro. Peter reparou em um painel aberto na área do pulso, um emaranhado de fios projetados para fora, mas o Homem de Ferro afastou um pouco a invenção ao virar-se para o Homem-Aranha.

— Oi, Sr. Stark! — Peter saudou. Apesar de conhecer Tony desde o ano anterior, ainda sentia-se meio nervoso perto do herói, nunca sabia muito bem o que falar para ele. O menino pigarreou, o cenho franzido. — Pensei que tivesse vendido a Torre no ano passado.