Mia
- Você já está escondida aqui faz dois dias. - Manu fala. - Não acha melhor voltar e contar a verdade para sua mãe?
- Eu não sei. - Sento-me no sofá abraçando minhas próprias pernas. - Tenho medo de ser rejeitada.
- Ela te ama e nunca faria isso. - Me consola.
- É melhor você ir mesmo, lobinha. - Luke se intromete. - Ir avisar que agora irá fazer parte da nossa alcateia. - Sorri como um vencedor. - Mesmo que seu pai tenha te mordido não significa que você é forçada a fazer parte do grupo dele.
- O que?! - Isabel aparece e fica surpresa. - Não pode envolver ela nisso, é perigoso.
- Concordo com Isabel. - Jonathan vem até nós.
- Não falem de mim como se eu não estivesse aqui. - Bufo.
- Até onde sei, vai precisar de nós na lua cheia. - Luke cruza os braços e encosta na parede colocando um dos pés na mesma. - Se recusa a se transformar agora, mas não vai ter escolha na lua cheia.
- Entendi. - Me dou por vencida. - Vou contar a ela.
- Não precisa fazer isso, Mia. - Jonathan segura minhas mãos.
- Pode me levar até em casa? - Me solto.
- Posso sim. - Suspira.
Entramos no seu carro e ele dirige até lá.
Jonathan segura meu ombro quando estou prestes a sair do automóvel.
- Tem certeza disso?
- Sinceramente não. - Forço um sorriso. - Me espere aqui, só vou conversar com ela e pegar uma mala com minhas roupas.
Bato a campainha e minha mãe abre a porta.
- Que saudades minha filha! - Me abraça carinhosamente.
- Mãe, precisamos conversar. - Falo séria.
- Vamos entrar então. - Fecha a porta.
Nos sentamos na sala e esperamos alguns segundos antes de começar a conversa.
- Eu vi o papai. - Posso ver que ela está preocupada. - Eu sei o que ele é e sei que você também sabe.
- Já esperava que esse dia chegaria. - Abaixa a cabeça. - Só não achei que fosse hoje. - Coloca as mãos na cabeça. - O que o Erick queria?
- Eu. - Engulo o seco. - E ele conseguiu.
Minha mãe arregala os olhos.
- Então aquele idiota te transformou. - O ódio é perceptível quando ela fala dele. - Me desculpe por não ter te contado antes e por não ter que deixado mais segura.
- Acho que terei que me acostumar agora. - Me sinto triste. - Todos os meus amigos também são como eu. - Dou de ombros.
- Até Manuela? - Ergue as sobrancelhas.
- Manu, Trevor, o menino que me beijou na detenção, Isabel, todos eles. - A deixo surpresa. - Também me chamaram para morar com eles, disseram que vão me ajudar a controlar meu lado lobo.
- Eu apoio isso, Mia. - Coloca sua mão encima da minha. - Não queria que fosse mas sei que precisa.
Sorrio tristemente.
Depois de mais algum tempo arrumo minhas malas, me despeço e volto com Jonathan.
Jonathan
- Vai ficar bem com tudo isso acontecendo? - Me viro para Mia.
Ela está encostada na janela do carro pensativa.
- Eu não sei. - Respira fundo.
Queria tanto que nada disso tivesse acontecido com ela. É muita pressão para uma garota de 17 anos que teve sua vida normal e humana tomada dela. Eu por outro lado, já nasci assim.
- Ainda dá tempo de ir para o colégio, talvez te ajude um pouco. - Continuo dirigindo.
- Ou talvez eu fique irritada e machuque alguém lá. - Levanta a voz. - Me desculpa, não queria ser rude. - Parece realmente arrependida.
- Não tem problema, imagino que seja difícil. - Procuro ser compreensivo.
- Eu quero sim ir para o colégio, mas tenho medo de não conseguir me controlar. - Se encolhe.
- Não tem que se preocupar com isso, eu, Isabel e Manu estaremos lá com você. - Sorrio amigavelmente.
Ela decide que quer ir, então passamos no esconderijo para nos arrumar, comer e buscar as outras meninas.
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