15- Kat Dahlia

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Depois de ser flagrada por papai com Dan no sofá, tive a conversa mais embaraçosa de toda a minha vida.

— Sofs... — meu pai começou assim que pisei os pés dentro do apartamento.

Ele estava sentado no sofá com os braços.

Estremeci encarando a a expressão muito séria em seus olhos amendoados que não deixavam dúvida de quão bravo ele estava.

— Eu sei, papai — murmurei sem ter coragem de desviar o olhar, embora eu quisesse muito parar de olhar para seu rosto decepcionado. — Não vai acontecer de novo.

Ele respirou fundo e fechou os olhos escuros.

Meu pai assentiu e se levantou, o que fez eu me encolher, já antecipando a bronca que receberia. Seu rosto estava ilegível.

Com seus mais de dois metros de altura, ele parecia ocupar todo o espaço da sala antes de me tomar em um abraço.

— Isso vai ser muito esquisito, principalmente porque eu sou seu pai — começou, me afastando para poder olhar nos olhos. — Mas eu fico feliz de ver que você está se abrindo para o mundo, filha.

— Espera aí... O quê?

Meu pai riu e fez carinho na minha bochecha com o dorso da mão grande e pesada.

Ele se sentou novamente no sofá claro e deu dois tapinhas no acolchoado, me convidando a me sentar ao seu lado com os olhos escuros suaves.

Papai pegou a minha mão entre as suas.

— Depois de tudo que aconteceu no ano passado você não estava vivendo, filha — contou desviando o olhar quando uma nuvem escura encobriu o seu olhar, deixando sua expressão tempestuosa cheia de sentimentos que eu não sabia nomear. Talvez raiva, medo e dor, além de várias outras.

Droga, eu achei que estivesse agindo normalmente, que o estivesse enganado com o meu teatro de pessoa normal. Não queria ser o motivo de preocupação para o meu pai mais que já tinha sido desde que tudo aconteceu. Tremi com esse pensamento.

— Você estava aqui, ia para a casa da Melissa, brincava com os seus irmãos... Mas esse brilho lindo tinha desaparecido dos seus olhos — continuou, estremecendo antes de fazer um carinho na minha bochecha. — Há algumas semanas eu já tinha percebido que você estava diferente e hoje entendi o porquê. Esse menino, Dan... ele é bom para você.

Minhas bochechas coraram. Não só pela vergonha de ele ter assumido que eu estava mais feliz desde que Dan tinha entrado na minha vida, mas porque eu sabia dentro dos meus ossos que ele estava certo. Dan me matava de irritação, era folgado e abusado e ainda assim cada dia com ele era uma aventura. Não tinha sido assim desde que Melissa invadiu a escola e começamos a conversar?

— Pai... — tentei falar, refutar a sua tese, mas não completei o pensamento. O que eu poderia dizer sem ser uma mentira?

Meu pai sorriu como se soubesse das coisas e fez carinho no meu cabelo completamente indomável depois do dia agitado que tivemos.

— Eu fico feliz de ver que você está desabrochando de novo — assoprou e deu um beijinho na minha testa antes de se afastar com os olhos escuros brilhando, divertidos. — É só usar camisinha e tomar a pílula direitinho que você vai ficar bem.

— Pai! — reclamei escondendo o rosto nas mãos e ele riu.

Papai me abraçou com força.

— Vai dormir — mandou fazendo o melhor para soar autoritário, mas o sorriso brilhante que tomou seus lábios desruiu sua encenação. — Amanhã é dia da família.

Mentira Perfeita [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now