Capítulo Vinte Dois

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Bebia minha segunda taça de vinho e sabia que, se fosse para a terceira, acabaria embriagado. E eu, sob o efeito do álcool, não prestava. Acabaria fazendo uma loucura. Como por exemplo, me ajoelhar aos pés de Melissa e implorar para que ela fosse uma espécie de dominadora e fizesse tudo comigo, para que perdoasse minha atitude infantil.

Ficava me perguntando o porque de ter feito a atitude impensada de sair por aquela porta do quarto do hotel, a deixando sozinha, sendo que o que mais precisávamos era sentar, conversar, nos conhecermos mais e entender o que se passava entre nós.

Bebo o resto do vinho tinto de minha taça e fico me perguntando o que Melissa esta fazendo neste momento. Será que já foi dormir? Ou esta cheia de pensamentos e raiva?Droga! Estava agindo como um adolescente e não o homem que me tornei.

Ao fundo começa a tocar uma de minhas músicas favoritas: Do I Wanna Know? da minha banda favorita, Arctic Monkeys. E parece que realmente o destino queria brincar comigo! A letra toda era o que eu e Melissa estávamos passando esta noite. Deus! Se eu continuasse nesse bar, bebendo mais vinho e escutando essa música, acabaria louco.

Levanto com tudo, cambaleando para trás, quase embarrando em uma das mesas, que por sorte, estava vazia. Paro, fechando meus olhos e tento me recuperar e acalmar-me.

“Eu quero saber? Estou muito ocupado sendo seu para me apaixonar.”; “Amor, nós dois sabemos que as noites foram feitas especialmente para dizer coisas que não se pode dizer no dia seguinte.” – A letra da música ficava ecoando em minha cabeça e a única coisa que pensava era correr para os braços de Melissa e dizer tudo que estava engasgado em minha garganta.

Mas o que exatamente eu iria dizer? Não estava nem um pouco apto para preparar um discurso, afinal, aquilo que formulamos, nunca sai cem por cento, muito menos no estado lamentável que me encontrava.

Pego rapidamente meu celular e mando uma mensagem para ela.

“Sonhei com você quase todas as noites esta semana. Você não tem ideia de que é minha obsessão? Você me deixa louco, confuso...”

Longos torturantes minutos se passam e não obtenho resposta. Será que ela havia dormido? Ou realmente estava com raiva e estava me ignorando?

Como estava sendo covarde, mandando mensagem ao invés de dizer as várias coisas que tinha que dizer, olhando para aqueles olhos que me hipnotizaram desde o primeiro encontro.

Com o coração batendo acelerado, deixo o bar do hotel e quando estou chegando ao elevador, esbarro em alguém.

 – Perdão. Eu não tive a intenção...

 – Ah... Mas pode apostar que eu tive!

Olho para a pessoa que esbarrei e fico boquiaberto, sem reação.

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Olhava atentamente para a figura que se aproximava de mim. Sim, “A figura”.

 – Sr. Miranda? – Indago, olhando-o com desconfiança. E como havia sentido desde a primeira vez que o vi, o ar em Veneza começou a ficar carregado, como as águas de seu famoso canal ficaram revoltas.

 – Vejo que se lembra de mim. E por favor, somente Carlos para você. – Diz, com a sombra de seu sorriso diabólico brincando em seus lábios, enquanto pegava minha mão e a beijava. Um estranho calafrio percorre minha espinha.

 – Tudo bem, Carlos! – Retiro rapidamente minha mão, forçando um sorriso. – O que o traz a Veneza? – Pergunto direta, porém educadamente.

Uma Gota De VinhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora