Capítulo Dois

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MELISSA

  Virava meu terceiro copo de tequila e batia-o na mesa com força, senti a bebida descer queimando em minha garganta e minha língua arder um pouco por causa do sal e limão. Eu ainda não acreditava que estava tão ''soltinha''.

Uou, vai com calma aí, Andorinha, não quero ter que te carregar depois... – Brinca Bruno, ele é o único que não está bebendo, se sacrificou essa noite só para eu e a Maitê nos divertimos.

 Quando cheguei aqui na boate Glow Night, senti a adrenalina em minhas veias, vendo a fila enorme que se formava envolta da boate, a música que podia ser ouvida, mesmo sendo abafada pelo lugar e o tamanho do lugar, pegava quase o quarteirão inteiro. Agora nos encontrávamos dentro dela, que é muito maior do que aparentava, banheiros não ''unisex'', um DJ lindo que sabe o que é uma boa música eletrônica, um barman só para o nosso camarote e muita bebida que vale a pena uma forte ressaca no dia seguinte, estava impressionada. Mas não mais impressionada quando encarei um par de olhos azuis esverdeados... Droga!

 Peguei mais um copo com tequila e virei, pura, descendo fervendo na minha garganta. Precisava tirar aquele estranho dos meus pensamentos, afinal, nunca mais o veria. Será?

 – Pra quem não queria vir, você está se saindo muito bem. – Maitê, que já está falando arrastado por tanto ter bebido, sussurra no meu ouvido. – Vamos lá pra baixo dançar! – Levanta, pegando minha mão e me puxando para as escadarias que davam acesso à pista.

 A pista estava lotada de pessoas, umas dançando sozinhas, outras dançando com seus pares. – Uma dança não muito própria para se fazer em público e no meio de tanta gente. – Mas ninguém se importava.

 Maitê já foi dançando balançando os cabelos ruivos na minha frente, gritando. – Ela estava linda, deixara alguns cachos nos seus cabelos, emoldurando seu rosto, usava sombra preta com dourado, valorizando seus olhos azuis e estava com um vestido azul curto soltinho e saltos altíssimos, como eu. – Comecei a rir e a me soltar.

 Fechei meu olhos, imaginando que aquele estranho estivesse me observando dançar e eu estava dedicando aquela dança para ele. Joguei os braços pra cima e comecei a rebolar, imaginando as mãos fortes dele na minha cintura, me apertando contra ele. Começava a suar. Estava excitada só de imaginar. O álcool corria nas minhas veias, aumentando minha adrenalina. Mordi meus lábios e comecei a me mexer mais rápido e dar pulinhos junto com a Maitê.

 Dançava sem parar e podia sentir os olhares masculinos em nós. Não imaginava que eu me divertiria tanto. Principalmente gostar de ser observada e desejada pelos homens em volta. Era disso que eu precisava relembrar e reviver, a parte boa que tive na minha vida, na adolescência. Voltar a dançar com minha melhor amiga, ambas bêbadas, suadas e com energia de sobra para dormir só às oito da manhã.

 Bruno se juntou à nós, puxando à nós duas pela cintura. Eu estava feliz demais, não acreditava que eu estava sendo tão boba mais cedo e me negando essa noite.

 – Tive que vir cuidar de vocês duas, principalmente de você! Tem um cara que não para de te olhar de um jeito que... – Grita Bruno, alto no meu ouvido.

 – Quem? – Falo me afastando dele, olhando pela pista repleta de pessoas dançando.

 – Está sentado em um dos sofás, sozinho, perto dos banheiros – Meu olhar percorre os sofás e vejo o único sofá que está apenas com um homem. Não dá pra ver direito, o lugar está escuro. Estreito meus olhos e quando uma luz da balada atravessa o lugar, iluminando, arregalo os olhos e prendo minha respiração. Não acredito, Deus! – Seguro forte o braço do Bruno, me apoiando nele, minhas pernas vacilaram, de novo. Não acredito que ele está aqui, porque será que sempre que olho pra ele tenho que reaprender a como ficar de pé?

Uma Gota De VinhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora