Primeiro capítulo "Ela..."

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A dor realmente passa um dia, entretanto, o fato dela ir não quer dizer que não deixa marcas, estas que às vezes não somem...



Acordei em um lugar estranho, era uma escola, não muito grande e tinha apenas um andar, parecia ser focada apenas no ensino médio, pois, havia poucas salas. Estava à noite, o ar era denso e difícil de respirar. Comecei a olhar a minha volta, achei que estivesse sozinha, nunca estive tão enganada como naquele momento, quando me virei, olhando entre os ombros, avistei uma cantina e próximo a ela haviam pessoas...mais especificamente elas aparentavam estar mortas, ao considerar seus ferimentos.


Tentei ver melhor seus rostos, porém, por mais que forçasse a vista, só consegui ver de uma delas, era uma menina de cabelos cacheados e compridos, nunca tinha a visto. Em sua cabeça havia um machucado exposto, um buraco, como se tivesse tropeçado e batido em algo afiado, seus olhos estavam brancos e escorria sangue deles. Eu tentei me mover, mas meu corpo não se mexia, quando de repente, senti em meu ombro algo me agarrar, como se tivesse alguém me segurando.Quando tentei gritar ouvi uma risada e meu coração acelerou, nunca tinha ouvido algo tão bizarro assim. Acordei em um pulo, caindo no chão, com o corpo gelado, e tremendo, chorando em desespero e sem entender nada. 


Era dia 4 de fevereiro de 2013, segunda-feira, meu primeiro dia na nova escola. Muita coisa tinha acontecido, e por esse motivo me mudei para uma pública. Nunca havia me mudado, estudei da creche ao ensino fundamental em uma escola particular. Lá era o inferno. Dizem que o público é sempre pior, entretanto, isso nem sempre é verídico. Não posso contar muito sobre essa época antes do ensino médio, os traumas me fizeram esquecer muita coisa. Mas, tudo bem, o foco dessa história não é o fundamental. Depois do pesadelo voltei a dormir e acordei às 7h01, estava meio ansiosa para meu primeiro dia.

Tomei café e fiquei lendo light of fight (era meu mangá favorito) até o horário da aula, às 12h30 me arrumei e sai. O ônibus estava lotado e cheirava a peixe, o que deu muita agonia, no entanto, precisava ir de ônibus para memorizar o caminho e nos outros dias poderia ir a pé, já que a escola não era tão longe de casa.


Quando cheguei lá, o portão já estava aberto, estava meio atrasada então tive que correr, acidentalmente, acabei esbarrando em uma menina e derrubei os livros dela no chão.


- Desculpa, desculpa - abaixei para ajudá-la a pegar seus livros – é meu primeiro dia aqui...


- Tudo bem! - Ela deu uma risada - não precisa correr, o portão vai fechar daqui a 10 minutos ainda – ela era alta igual a mim, tinha cabelos castanhos e cacheados, olhos verdes esmeraldas e pele clara. Pegou o papel que eu tinha deixado cair e me entregou, antes ela deu uma olhada - Sala 6? A mesma que a minha, vem comigo, te mostro onde é.


- Obrigada! - Respondi meio tímida, não interagia muito com meninas na outra escola, elas me achavam esquisita.


Quando entrei na escola, arregalei os olhos, senti falta de ar ao ver o ambiente, era muito parecido com o do sonho, não acreditei e corri para ver se havia mesmo uma cantina. Na hora paralisei, tremendo de medo, senti outra vez o toque no ombro, quando me virei eufórico e ouvi.


- Ei tudo bem com você? Você achou a cantina, mas, ela só abre no intervalo. Aqui você pode comprar vários doces, mas só na hora do intervalo, porque nos demais horários a venda é proibido - falou ela - bem vamos me siga.


- Okay! – Disse com o coração um pouco mais calmo.


A menina foi me explicando tudo no caminho, até chegarmos na sala, lá já tinham uns 5 alunos, entramos e sentamos no fundo. Ao tirar os materiais da bolsa, reparei que a mesma era muito organizada e bem sistemática. Ela virou e olhou para mim.


- Aliás, nem me apresentei para você.... Prazer me chamo Mona.


- Sim - disse olhando para o chão sem saber o que dizer – quer dizer, eu me chamo Hana, o prazer é todo meu - olhei em volta, a sala já tinha mais alunos - uma curiosidade, como conhece tanto essa escola?


- Meu pai estudava aqui quando eu era pequena, antes claro dele ir embora com uma amante... eu vinha com ele no supletivo, já que era uma escola muito familiar para mim, minha mãe me matriculou neste fim de mundo - demos risadas - E você como veio parar aqui?


- Meu pai faleceu no início desse ano, eu e minha mãe tivemos que nos mudar, o dinheiro que sobrou não foi o suficiente para pagar uma escola, e acabei sendo mandada para cá.


- Meus pêsames - disse ela empática com a história.


- Obrigada! - Sorri - é bom ter com quem conversar.


O sinal tocou e a professora chegou na sala, quando a primeira aula estava quase no fim, alguém bateu na porta. A professora abriu e uma figura entrou, quando olhei para ela meu coração quase saiu pela boca, levantei com o susto e todos me encararam.


Era ela ... cabelos cacheados e negros, pele escura, seus olhos estavam normais, castanhos claros em vez de brancos. Era a menina do sonho ... quando a vi, percebi que talvez tudo aquilo não fosse só coincidência.


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⏰ Last updated: Jan 25, 2020 ⏰

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Pesadelos ao acordarWhere stories live. Discover now