Capítulo 6 - Uma dor boa

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Capítulo 6 – Uma dor boa

O copo estilhaçou-se na parede com a força com que fora lançado, seu liquido espalhou-se pelo chão e o gelo derreteu com o tempo fundindo-se ao chão rústico da sala. Aquela imagem teimava em o atormentar a noite inteira. As mãos juntas, como as suas estiveram uma vez na ala hospitalar. Os dedos se tocando de leve enquanto olhavam nos olhos um do outro conversando e rindo. Jogaria outro copo na parede se tivesse mais um. Não entendia o que o irritava tanto, possivelmente era o lobisomem com aquele sorriso em seu rosto, nunca gostara mesmo dele

Olhou para aqueles cacos de vidro no chão, limpar aquela bagunça era algo simples, um aceno de varinha e tudo se resolveria. Ele tentou, uma, duas, três vezes, mas naquele instante não era tão fácil para Snape que andava tendo dificuldades até com os feitiços mais simples, até mesmo os que já fizera desde que voltara da ala hospitalar. Bufou largando-se na poltrona, sua mente estava em desordem, bagunçada com tudo que estava ocorrendo. O homem manteve-se sentado em sua poltrona olhando para sua mão que carregava inutilmente sua varinha. Sentia-se um inútil, um aborto que não servia para nada. Só continuava a dar aulas de poções, pois não era necessário demonstrar nada com o uso da varinha, poções é uma ciência manual.

- Winky. – Chamou Snape fazendo a elfa aparecer imediatamente.

- Chamou, mestre Snape, senhor? – Perguntou a elfa fazendo uma reverência exagerada.

Winky voltara a trabalhar para o castelo de Hogwarts e apesar de não aceitar dinheiro pelo seu trabalho, aceitou os termos da diretora de que teria roupas novas periodicamente para substituir as que sujassem demais ou rasgassem e que trabalharia por determinada quantidade de horas não sendo obrigada a atender um chamado quando não estivesse trabalhando. Mas Winky sempre atendia quem a chamava e ultimamente ela tinha atendido muitas vezes os chamados de Snape que pedia ajuda com coisas que sua magia não permitia. Ele poderia fazer por conta própria, eram tarefas simples, ainda assim chamava Winky para executá-las

- Sim. – Respondeu Snape. – Limpe essa bagunça no chão. – Disse sem nem mesmo olhar a elfa.

- Sim, senhor, mestre Snape.

Winky rapidamente puxou um pano de algum bolso e pôs-se a limpar o chão e os móveis próximos que foram molhados pelos respingos da bebida, os cacos dos vidros foram restaurados com um estralar de dedos.

A primeira semana de aula começara e Snape já se arrependera de voltar. Tinha esquecido como era dar aula para alunos incompetentes. Mal tinha começado o ano letivo e dois alunos do primeiro ano já haviam destruído seus caldeirões. Foi difícil conseguir manter seu controle quando mal conseguiu limpar um caldeirão estragado tendo que usar de sua lábia para fazer outro aluno limpar dizendo que ele deveria se mostrar competente limpando aquilo. Durante esse tempo evitou o salão principal e qualquer contato com as outras pessoas do castelo.

Outros copos foram quebrados na parede.

- Winky!

A Elfa nem mesmo perguntava o que o professor queria, apenas começava a limpar os cacos no chão.

- Whinky – Chamou Snape fazendo a elfa o olhar. Winky gostava de Snape tanto quanto gostava da diretora, ele sempre a tratara muito bem apesar de sua fama. – Você tem ido até a sala do Potter?

A pergunta saiu trêmula de sua boca, como se tivesse receio de perguntar, as palavras pareciam ácidas e espinhosas. Fazer tal pergunta era uma idiotice e um perigo, não sabia se queria ouvir o que a elfa poderia dizer.

- Algumas vezes, senhor. O senhor Potter é um bom homem e um herói.

- Poupe-me da bajulação barata. – Disse revirando os olhos. – Apenas conte-me se ele tem feito algo ou se encontrado com alguém.

A vida depois de você (Snarry)Where stories live. Discover now