Através do Sacrifício

Start from the beginning
                                    

  Era uma Renegada do Inferno.

***

  Macayla cuspiu sangue. Estava desidratada, com fome, e dolorida. Aurora ainda estava lá dentro, observando o cubo branco de Azazel.

— Eu sinto que você sofre... — Ela responde e Macayla encara Aurora ainda com a visão embaçada.

— Isso faz duas de nós. —  Respondeu dando a entender que Macayla também sentia o sofrimento de Aurora. —  Você tem um.... um jeito estranho de s-sofrer. É tão humana quanto o resto de nós.

—  Ah... Definitivamente está enganada. —  Aurora pegou uma cadeira e posicionou na frente de Macayla, sentou-se na cadeira e respirou fundo. —  Quando eu fui criada, Deus me pediu para nunca revelar-me aos anjos. Sabe o por que? —  Ela perguntou e Macayla permaneceu quieta. — Para não ser corrompida. Entende o que falo?

—  Deus também não se revela a ninguém... Para não ser corrompido...

— Não só isso. Mas ninguém o compreende. Ninguém me compreende. Somos seres acima do intelecto humano Macayla. Quando Deus me pediu para não me revelar aos anjos para não ser corrompida pelo pecado, eu pensei... Deus tem medo da própria criação. Pois a criação dele é corrompida e pode corrompê-lo. Mas eu não queria viver uma eternidade sem conhecer os meus filhos. Sem conhecer o mundo que Deus havia criado, sem entender o motivo de tanto pecado... Eu só queria entender....

— Por isso saiu do céu? — Perguntou Macayla e Aurora olhou nos olhos dela entregando-lhe um sorriso rápido.

— Não. Eu sempre estive com todos eles. Só que ninguém me via, ou percebia minha presença. Assim como vocês aqui na terra. Para entender o que levou os anjos a se corromperem eu tive que estudar cada um deles e o que me chamou mais atenção... Foi o seus dois avôs. Lúcifer e Bellamy. Foi através deles que eu entendi tudo. E Azazel, o irmão de Bellamy, ele foi o único a me notar... Este era o mais corrompido entre os anjos. Com uma forma tão angelical, mas ao mesmo tempo perigoso. E então eu me decidi. Decidi o que eu ia fazer. E decidi que eu iria mostrar como é que se criava um mundo real.

— E então você desviou o destino dos meus avôs... E começou a desviar o destino do mundo aos poucos...

—  Exatamente. Quando Rachel se transformou em uma vampira eu percebi que tinha de focar nela. Era nela que eu precisava seguir... Até os dias de hoje...

—  O que fez com ela? —  Perguntou a menina e Aurora encarou a menina seriamente. 

— Veremos em breve. —  Respondeu sorrindo. Aurora se levantou e se começou a andar pelo galpão com um olhar tristonho no rosto. — Eu vi Macayla. Vi o mundo e entendi o que Deus queria dizer com a palavra corromper... Vi pais matando seus filhos e filhos matando seus pais. Vi uma criança segurando armas e mortes por coisas tão estúpidas como um mero celular. Pude testemunhar mulheres sendo queimadas vivas pelo medo do povo dos demônios. Vi Demônios salvando pessoas e anjos as matando! Vi padres pregando a palavra de Deus sem nem mesmo ter fé, e vi crianças sendo abusadas e estupradas por pedófilos... O mundo perdeu sua inocência e isso está errado! Está tudo errado! — Ela disse com uma feição de sofrimento. — Não foi pra isso que o mundo foi criado! Era pra se ter paz! Era para os anjos viverem em harmonia com os humanos! Era para o paraíso existir na terra e todos deveriam viver eternamente! Sem sangue sem dor... Está tudo errado! Tanto caos! — Ela dizia tudo aquilo com o sentimento que ninguém jamais vira estampado no rosto da mãe dos anjos

— Você não quer destruir o mundo... — Disse Macayla franzindo o cenho. —  Quer salvá-lo...

  Aurora voltou a relaxar o músculo do rosto continuando inexpressiva, virou-se para encarar a menina e se aproximou dela lentamente.

—  Você poderia ter pedido! —  Disse Macayla. —  Não precisava me torturar! Nem causar dores nas pessoas! Ou moldar o destino delas!

—  Então você ainda não entendeu o que eu quero. —  Disse ela. —  Tudo o que fiz. Cada ponto até agora foi por que eu entendo a mente dos seres criados por Deus. Eu sei tudo sobre cada um de vocês. Se realmente soubesse dos meus planos não iria ajudar. Iria atrapalhar por que na sua mente pequena, o mundo pode ser salvo em um estalar de dedos. Porém em uma mente grandiosa como a minha, só existe um jeito de salvá-lo.

—  E qual é esse jeito?

—  Pense. Você é a garota prodígio certo? Vai descobrir... É através do sacrifício que conseguimos a paz...

— Vou te ensinar o que é sacrifício. —  Respondeu uma voz. Era Adam com os olhos negros se aproximando de Aurora que sorriu.

  Ela se virou e percebeu que Adam estava acompanhado.

  Uma mulher loira e belíssima segurava um livro de magia. Era o livro da Lizzy e do seu lado um homem moreno de barba lisa e cabelos castanhos, seus olhos eram castanhos-mel e tinha por volta dos 30 anos de idade, estava vestido com terno e gravata. Aurora encarava mais ele do que qualquer outro.

— Olá. Quanto tempo que não vejo você. —  Disse Aurora encarando o homem.

— Vejo que não lidou muito bem com o divórcio, Aurora. — Respondeu o homem calmo e sem se mover.

— Está bonito. —  Disse ela observando sua elegância. — Jesus.

—  Ótimo, marido e mulher, muito belo, você pega Aurora e você também, eu fico com Macayla! —  Disse Adam apontando para a mulher e para Jesus enquanto já estava correndo atrás da menina. 

— Pronto para a briga de casal? —  Perguntou a mulher encarando Aurora.

— Olha quem fala. —  Disse Aurora em deboche. — Todo mundo sabe que você não se dava bem com seu ex. E nem com a ex dele. Certo? Eva? — Respondeu por fim e a mulher loira recitou sua magia enquanto Jesus se aproximava vagamente de Aurora.

— Acabou Aurora.— Disse ele.

—  Só estamos começando. —  Ela responde desaparecendo em uma névoa negra e reaparecendo na frente de Eva colocando sua mão sob o rosto dela e sem recitar nenhuma magia, Aurora fez diversas cobras arroxeadas surgirem enroscando ao redor de Eva. — Espero que seu trauma por cobras já tenha passado.

— Só tenho problema com cobras falantes! — Respondeu Eva derretendo as cobras com magia e apontando a palma de sua mão para Aurora que desapareceu na hora. Na hora que ela retorna Jesus juntas as palmas das mãos o que fez com que seus olhos brilhassem fortemente como um farol de carro aceso. Símbolos começaram a surgir ao redor de Aurora que ao reparar rapidamente bateu a mão no chão. E do chão um símbolo completamente complexo e repleto de runas surgiu e dele começou a brilhar um roxo extremamente poderoso, Cada vez mais brilhante o que fez a prisão que Jesus havia feito parecer papel se rasgando no fogo.

  Eva Tentou lançar mais uma magia porém, Aurora surgiu atrás dela acertando a nuca de Eva que desmaiou.

  Adam havia desacorrentado as mãos da menina, porém ainda faltava os pés.

  Aurora viu e correu na direção de Adam sendo impedida por Jesus que tentou tocá-la, mas Aurora bateu na mão do homem e segurou em sua cabeça causando-lhe extrema dor o que fez com que ele caísse no chão com a dor exposta em sua cabeça. 

  E na hora que Aurora ia tocar em Adam uma surpresa.

  Uma flecha havia perfurado sua mão.

— Sua oponente sou eu, vadia. —  Respondeu Alexia.

—  E como uma pirralha qualquer iria me matar? —  Perguntou se virando para encarar Alexia enquanto removia a flecha de sua mão. 

—  Você não me conhece.

—  Eu conheço todo mundo. —  Respondeu e de sua mão começou a sair sangue negro.

—  Veremos. —  Respondeu Alexia sorrindo extremamente confiante o que fez Aurora desconfiar que ela tinha uma carta mágica em sua manga.

Descendentes do Inferno - Uma história Renegados do Inferno - Vol ÚnicoWhere stories live. Discover now