Parte 2

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[Enchanted - Taylor Swift]

Dia 21 de setembro, as meninas do apartamento me ajudaram a me arrumar. Havíamos marcado às 17h em frente ao McDonalds da Aliados, a principal avenida da cidade. Chegamos quase ao mesmo tempo, ele estava com uma camisa xadrez e uma jaqueta nos braços, o outono estava começando. Sorri instantaneamente ao vê-lo, ele sorriu de volta. Entramos e fomos direto pra fila, onde conversamos sobre as diferenças no cardápio do McDonalds do Brasil e de Portugal, casquinha é cone, lá vendem cerveja e sopa. Cada um escolheu um McFlurry, ele fez questão de pagar. Sentamos do lado de fora e conversamos bastante, ele me contou que estava prestes a fazer um intercâmbio, iria pra Polônia na semana seguinte. Fiquei triste ao saber, mas não pensei muito no momento, queria aproveitar cada segundo. Como é possível gostar tanto de uma pessoa em tão pouco tempo? O sorvete acabou e decidimos andar um pouco, ele me disse que precisava comprar uma mala, para a viagem, e pediu minha ajuda, caso não me importasse. Eu estava com ele, não me importaria com nada mais. Entramos em várias lojas, brincamos com os preços de algumas, procurar uma mala nunca foi tão divertido. Depois de algumas pesquisas, ele disse que resolveria depois e fomos no Jardim do Morro. O Jardim fica do outro lado do Porto, em Vila Nova de Gaia, o que as separa é o Rio D'Ouro. Uma ponte liga as cidades, sua travessia é agradável, uma vista impecável, ventava muito, como sempre, tremi um pouco e ele ofereceu seu casaco. Agradeci sorrindo, mas já estava com uma jaqueta jeans na cintura, caso não aguentasse o vento. O rio abaixo de nós parecia uma pintura em movimento. Sentamos em um banco com vista para o rio, onde conversamos sobre faculdade, futuro, e mais algumas coisas que já não lembro mais. O sol estava se pondo quando ele me disse que à noite teria uma festa de despedida com os amigos e que gostaria que eu fosse. Eu disse que pensaria no assunto, mas me despedi dele naquela tarde. Gostava da ideia de vê-lo novamente, mas ele estaria aproveitando as últimas horas com seus amigos, preferi não ir.

O domingo chegou, eu e as meninas fomos à praia pela primeira vez, Matosinhos. Ela é linda, porém sua água era como gelo derretido, diferente das que eu estava acostumada no Nordeste. O dia estava ensolarado e fazia 23ºC, a praia estava bem cheia apesar do vento frio. Descobrimos que perto dali ficava o Castelo do Queijo, sempre víamos um autocarro com destino ao Castelo do Queijo e ficávamos curiosas para saber se realmente era um castelo feito de queijo. O que dificilmente seria, mas gostava de imaginar todas as possibilidades. Fiquei um pouco decepcionada ao encontrar um forte, comum, com uma pequena placa escrita "Castelo do Queijo" e sua história. O nome veio porque o formato do forte lembrava um queijo. Fascinante. A entrada custava 0,50€, subimos até o topo, apreciamos a vista incrível e tiramos muitas fotos. Um verdadeiro book de 15 anos, só que sem a parte dos 15 anos. O mar azul escuro, ondas fortes, pedras grandes e barcos pequenos no fundo.

"Você sabia que o Castelo do Queijo não tem queijo?" Mandei mensagem pro Miguel na volta pra casa. Ele riu e perguntou o que havia achado, eu disse que achei a praia diferente.

"Pois, estás habituada àquelas praias do Brasil que não valem nada e agora vens para uma das melhores praias do mundo, é normal notares a diferença." Respondeu Miguel com ironia, afinal, ele é um fã do Brasil, sem mesmo conhecer.

"Eu queria dar uma resposta muito boa, mas acho que gripei com o vento congelante da 'praia'."

"Claro, quem é que vai à praia no final de setembro?"

"Muita gente viu, a praia tava cheia."

"Gente maluca, né." Ele falou com mais ironia, eu adorava.

"Ah, se você estivesse por aqui a gente te arrastava também."

"E eu ia! Mas não ia ter frio, né? 25 graus é quente."

high hopesWhere stories live. Discover now