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Liel Gastesy ...
   
   Já é quase oito horas ,fechamos a Dream e o Liam foi para casa,  passei no mercado antes para comprar a ração da Tauriel , agora estou em casa trocando de roupa para ir no Alec. 
   Eu e o Liam conversamos e decidimos procurar alguém para trabalhar de meio-período na Dream,  temos como pagar o salário como manda a lei. O ruivo teve a ideia de ver se o Max não está interessado,ele estuda na escola duas ruas atrás,  no periodo da manhã... é pratico para ele trabalhar lá,e para nós é mais facil já que confiamos no Max e já nos conhecemos. Então decidi falar com ele amanhã quando ele for tomar café. 
- Miau - olho para a Tauriel que estava na cama .
- Já vai dormir?  - ela levanta a cabeça e volta a deitar. Dou um sorriso - Você é muito fofa.
   Me olho no espelho , estou com uma calça de moletom cinza escura e uma camiseta azul clara , com a frase  " corram seus tolos " estampada .  Meu cabelo está solto , como ele ainda está meio molhado por eu ter tomado banho está mais liso que o normal , e como sempre alguns fios estão caidos nos meus olhos, para ser mais preciso nos óculos... estou pronto.
   Pego meu celular na cama e coloco no bolso .
- Tauriel estou na casa do lado , qualquer coisa mia . - ela nem liga para mim.
   Vou para a cozinha ,pego a caixa da Dream , com um bolo de leite ninho e morango que o Liam fez .  Fecho a porta e dou 4 passos até a porta do Mazon.
    Bato na porta... cerca de 30 segundos depois , ele abre  . Está vestindo uma calça de moletom cinza claro e uma camiseta da mesma cor .
   Abro um sorriso.
- Trouxe um bolo - falo erguendo o mesmo.
  Ele sorri.
- Obrigado - ele da espaço-  entra.
   Deixo o sapato  encostado ao lado da porta.  A sala dele tinha uma escrivaninha preta com um computador,  e uma estante com livros do lado , na parede prateleiras  com livros, e discos de musica clássica. Um sofá encostado no lado oposto , também preto , com uma mesa de centro ,abaixo um tapete cinza. A cozinha não dava para ver direito... tinha um corredor que dava para o quarto e o banheiro... presumo.
- Senta ai ... em algum lugar-  ele fala.
  Coloco o bolo na mesa de centro e sento no sofá. Ele vai na cozinha e volta com dois pratos e talheres.
- O que acha de comermos daqui a pouco?  - ele pergunta.
- Tudo bem para mim - falo.
- Aceita... beber alguma coisa ? - ele vai para a cozinha e escuto ele falar - tem café,  chá,  suco , coca-cola e ... vodka ... tem uma garrafa de vinho também.
- Eu aceito o chá-  falo. 
- Ok. É de erva doce.
- Eu gosto de chá de erva doce. 
   Ele trás duas xícaras,  me entrega uma.
- Obrigado- falo.
   Ele senta ao meu lado.
-Não precisa ser tão formal.
  Assinto.
- Teve mais alguma ideia genial ? - ele me pergunta com um certo tom de ironia.
- Eu posso te ajudar a pensar em alguma coisa também... se meu primeiro plano não der certo... podemos tentar isso... juntos.
  Ele olha para mim.
- Juntos ? ... tudo bem para mim .
   Ele toma um pouco do chá.  Tomo um pouco , acabo respirando dentro da xícara o que acaba embaçando o óculos.  Levanto o rosto.
- Está bom de açúcar para você?
  Assinto .
   Me arrumo no sófa para ficar de frente para ele  .
- Quando você começou a escrever Alec? - pergunto.
  Ele olha para mim, senta de frente para mim com as pernas cruzadas uma na outra.
- Acho que eu sempre escrevi ... é  a unica coisa que me faz bem... desde que aprendi a ler eu escrevia ... mas comecei meu primeiro livro com 11 anos.
- Falava sobre o que ? - pergunto animado .
- Na época eu gostava de uma menina ... não me pergunte o nome que eu nem lembro - ele toma um pouco do chá - Eu comecei a fazer um livro tipo em formato de diario ... de um menino chamado Clay que se apaixonava por um menina da sala dele , todos os dias eu escrevia como foi o dia do Clay ,baseado no meu dia ... era como se eu transformasse meu mundo em personagens fictícios. O nome era "Diário do meu primeiro amor " . - sorrio com o nome. Ele respira fundo-  Eu nunca cheguei a terminar. 
   Coloco a xicara vazia na mesa de centro.
- Por que?
- No final... eu disse que gostava dela ... acabei tomando um pé na bunda na quadra da escola... eu comecei a chorar na frente de todo mundo... você deve saber como criança é um demônio que ri da desgraça alheia, o Derek me tirou de lá correndo... e acabei chorando no colo dele no vestiário...  quando cheguei em casa eu fiz uma fogueira com as páginas do diário... pelo menos no fim , ele serviu para alguma coisa , me aquecer-  ele sorri - Histórias de primeiro amor não terminam tão bonitas como nos livros e filmes.
   Essa frase me fez pensar ... sabe quando falam que passa um filme na sua cabeça?  É como se isso estivesse acontecendo comigo agora , todos meus relacionamentos anteriores ... que foram 5 no total... acabaram da mesma forma .. eu chorando no colo do Liam de madrugada, e ele fazendo carinho na minha cabeça,depois costumavamos falar todos os defeitos do meu ex... acho que em uma forma de amenizar a falta que ele iria fazer . Não importa o quão ruim a pessoa seja , se ela significa algo para a gente ... se sentimos algo por ela ,sempre irá doer vê-la ir embora , ainda mais quando não podemos fazer nada a respeito... ou quando nos damos conta que não tínhamos nada que a fizesse querer ficar.
- Liel ? - olho para o Alec.
- Hã? Perdão... disse alguma coisa?
   Ele nega.
- Você é desse tipo de pessoa.
- Que tipo de pessoa ?
- Que faz dos pensamentos uma porta para outro mundo ... em um diálogo interminável..
- Consigo mesmo - o interrompo . Olhamos um para o outro... nossos olhares ficam presos um no outro  ... e sorrimos . - Essa é minha frase preferida de "memórias de um improvável  amor ".
- Eu sou uma merda para escolher títulos .
- Eu sou bem pior que você eu aposto .
     Ele levanta.
- Vem ... você disse que queria ver os livros. 
   Levanto rapidamente .
- Você realmente vai me mostra-los ?
   Ele assente .
- Seria decepcionante você ver tudo pelo computador... onde escrevi eles... mas , ainda guardo os papéis dos esboços dos livros... dos personagens .
   Vou até ele que estava perto do corredor.
- Onde você guarda ?
- No meu quarto-  ele indica com a cabeça. - Não se preocupa eu não vou te prender lá-  ele diz serio.
- Isso nem passou pela minha cabeça-  falo sem graça.
- Ou você deve estar pensando ... esse cara é estranho,  ele não arruma nem o cabelo , ele tem olheiras que parecem um soco , aparentemente suas roupas jamais viram um ferro ... seu quarto deve ser mais bagunçado que meus sentimentos.  - ele olha para mim.
   Dou um passo para trás um pouco corado... eu realmente pensei isso ... que tipo de pessoa horrível eu sou . Abaixo a cabeça com a mão na nuca .
- Acertei?  - sua voz rouca fala baixo.   
  Dou uma risada sem graça.
- Não precisa ter vergonha de pensar... tenha vergonha de um dia você deixar de fazer isso .
   Sorrio de lado . Vejo seus pés ficarem proximos do meu.
- Gastesy ? - levanto o rosto.. ele está perto... ele é bonito de perto... seus cabelos bagunçados estão com um cheiro doce , suas olheiras acabam virando um charme... tipo do Lawliet de Death Note ... o que mais impressiona é seus olhos cor de mel , delirantes... intensos , é como reunir uma explosão em um único tom.
    Ele tira uma mecha do meu cabelo do rosto e coloca atrás da minha orelha.
- Liel ... Pensar é uma dádiva ... não precisa ter vergonha de ver o óbvio, muitas pessoas pensam da mesma forma que você ao me ver.  Julgar ... é errado mas todo mundo faz ... tipo ... eu imagino que suas coisas sejam extremamente limpas e fofas.
   Ele se afasta um pouco.
- Fofas ?
- Assim como você.  - coro um pouco o que faz ele sorrir. - Você fica envergonhado muito fácil.
- Você diz as coisas com naturalidade. 
- Elogiar alguém deveria ser algo natural...- ele indica o quarto com a cabeça-  Vamos ?
- Vamos.
   Ele anda na minha frente , e eu vou atrás até o seu quarto.
   Estranho a habilidade que ele tem de ler as pessoas ... ler as pessoas... ou me ler ?

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   " E se nós reescrevermos as estrelas ? Diga que você foi feita para ser minha , nada poderia nos separar ".
                             - James Arthur.

"Maybe A Love Story ".Onde histórias criam vida. Descubra agora